Mudanças no rádio tradicional esbarram na resistência do fator principal: o ouvinte

Sistema Globo de Rádio aposta em alterações importantes na estrutura da Rádio Globo; fãs criticam emissora

Alan Alexandrino
Foca em Formação
3 min readJun 10, 2017

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Engana-se quem pensa que o rádio é um meio esquecido. Recentemente, algumas notícias agitaram os amantes das ondas curtas. A mais recente novidade do rádio brasileiro vem de uma das mais tradicionais estações do dial. A Rádio Globo anunciou mudanças significativas em sua programação. Na realidade, a estação mudou praticamente tudo da consagrada marca.

A Rádio Globo surgiu nos anos 40, e, até a criação da rádio CBN, era inteiramente voltada para o jornalismo. A nova Rádio Globo terá como foco as o entretenimento. A linguagem também muda. A emissora, mais do que nunca, se torna uma extensão da TV Globo. Isso já é possível observar com o elenco da nova rádio: entre as novas contratações estão estrelas como Otaviano Costa, Adriane Galisteu e Tiago Abravanel.

Além deles, há outros nomes reconhecidos nos canais de televisão do Grupo Globo (antiga Organizações Globo) que farão parte da rádio. Mariana Godoy (hoje, na RedeTV!, mas que, por anos, foi a cara do Bom dia São Paulo, na Globo), Leo Jaime, André Rizek, Alex Escobar e até Paulo Bonfá (o narrador totalmente excelente do RockGol MTV) são algumas das estrelas da nova emissora.

Ou seja, não é a mesma Rádio Globo que conhecemos. Os ouvintes mais assíduos perceberam isso. Quem acessa as redes sociais da emissora percebe a quantidade de críticas escritas devido a mudança. O que é absolutamente justificável: programas consagrados da emissora não existem mais. Nomes importantes do rádio ou saíram ou perderam espaço. Essa mudança, repentina, não foi bem aceita.

Apostar em algo novo faz sentido, visto a queda de receitas e de audiência que as estações em geral estão diante.

Mas, pela repercussão negativa a um primeiro momento, passamos a questionar se a mudança poderia ou não ter sido de uma maneira mais gradativa. Ou ainda se programas tradicionais, com nomes e horários característicos, são ou não “imexíveis”. É uma decisão importante. Estando errada ou certa, é de se admirar a coragem da Globo.

A rádio, um dos principais meios de comunicação, é subestimada por anunciantes. O que não se justifica, pois a rádio tem uma audiência considerável nas grandes cidades. É inevitável o processo de saída de ouvinte devido as novas tecnologias e novos costumes. Por isso, faz total sentido essa convergência que o Grupo Globo quer intensificar cada vez mais. Usar sua marca para criar uma identidade e proximidade maior com aquele que a ouve.

Entretanto, isso não pode ser feito desconsiderando parte importante do público, que, por sua vez, vai procurar opções que façam sentido ao seu gosto. Essa possibilidade, diga-se, é uma das qualidades do rádio brasileiro: a diversidade de conteúdo e formas.

Assim, espera-se que a Globo faça os ajustes necessários conforme necessidades. O tempo vai reaproximar o ouvinte de sua rádio, além de trazer novos. A Rádio Globo passará a ter espaço no FM em São Paulo. Um desejo de muito tempo. Ser exclusivamente do AM fez com que a rádio fosse esquecida por novos ouvintes, que não tem costume de ouvir rádios que não sejam de frequência modulada.

Enfim, boa sorte aos profissionais da Globo. Apostar em novidades é uma forma de se manter ativo. Mas de forma repentina é perigoso e arriscado. Não pela iniciativa (que deve ser parabenizada), mas pelo risco de perder a credibilidade, confiança e fidelidade do público. Que fiquem os nossos desejos para que isso seja consertado.

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