Zé povinho veste Prada

Quando um ser humano passa a valer mais por aquilo que tem e não pelo que de fato é.

tosh.iro
Focinho de porco não é tomada

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A professora universitária Rosa Marina Meyer esteve no meio de uma polêmica após um comentário no Facebook. Rosa Marina, que ocupa o cargo de diretora da Coordenação Central de Cooperação Internacional da PUC Rio, publicou uma imagem em seu perfil onde aparece um homem lanchando antes do embarque no Aeroporto Santos Dumont. Na legenda, uma pergunta irônica: “aeroporto ou rodoviária?”.

Entre os comentários no perfil pessoal da professora, estava a do reitor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Luiz Pedro Jutuca. “O ‘glamour’ foi pro espaço”, escreveu o também doutor em Matemática, ao que Rosa respondeu: “Para glamour falta muito! Está mais para estiva!”.

Logo abaixo, a professora de Português para Estrangeiros completou: “O pior é que o Mr. Rodoviária está no meu voo! Ao menos, não do meu lado! Ufa!”. Outra professora da PUC-Rio, também de Letras, Daniela T. Vargas, comenta em seguida: “O pior é quando esse tipo de passageiro senta exatamente do seu lado e fica roçando o braço peludo no seu, porque — claro — não respeita (ou não cabe) nos limites do assento”.

Diante de tanta repercussão, a professora Rosa Maria pediu desculpas, mas a ação não aplacou a ira dos internautas, que a acusam de preconceito.

“Sabedora do desconforto que posso ter criado com um post meu publicado ontem à noite, peço desculpas à pessoa retratada e a todos os que porventura tenham se sentido atingidos ou ofendidos pelo meu comentário. Absolutamente não foi essa a minha intenção”, escreveu a autora do post original, tentando dar um fim à polêmica."

Complexo de falsa superioridade refere-se a um mecanismo subconsciente de compensação neurótica desenvolvido por um indivíduo como resultado de sentimentos de inferioridade sentidos em seu íntimo. Esses sentimentos de inferioridade reprimidos são frequentemente despertados pela rejeição social, possivelmente como resultado da desatenção do indivíduo com a sua própria higiene pessoal, má aparência, baixa auto-estima ou baixa inteligência quando comparada a de outros do seu ambiente de trabalho ou convívio social. A expressão foi criada por Alfred Adler no início do século XX, como parte de sua escola de psicologia individual.

O ser com complexo de falsa superioridade não consegue equilibrar em seu íntimo seu potencial e seus limites, considerando-se alguém com valia e aptidão superestimadas. Suas perspectivas sobre si mesmo são extremamente elevadas e ele acredita ter um poder de realização muito maior do que realmente possui. Normalmente ele apresenta uma vaidade incomum, que se reflete na sua própria maneira de se vestir, nas suas ações e atitudes, até mesmo no modo de falar, demonstrando-se corriqueiramente exagerado e presunçoso. Ele tenta parecer melhor que todos. O sujeito se revela intolerante, constantemente contradizendo o ponto de vista alheio e se esforçando para dominar os que ele julga lhe serem inferiores.

“Ignorância, com mais frequência do que o conhecimento, gera confiança”.

Há muito essa “doença” deixou a fase do diagnóstico propedêutico e já foi comprovadamente identificada em respeitados trabalhos científicos. Dunning e Kruger demonstraram em seus estudos que participantes avaliados cujas notas integravam o quartil mais baixo da pesquisa em avaliações de humor, gramática e lógica superestimaram de forma brutal seu desempenho na avaliação e sua própria habilidade. Enquanto isso, pessoas com real conhecimento tenderam a subestimar sua competência. A isso, chamou-se Efeito Dunning-Kruger.

Recentemente, o colunista Francisco Daudt abordou esse assunto em um dos seus texto para a revista da Folha. Nessa publicação, o autor foi um pouco mais além e tratou o complexo de falsa superioridade como a síndrome do fodão-merda.

Essa síndrome existe desde que o mundo é mundo difusamente, mas em nenhum outro lugar do planeta pode-se ter exemplos tão numerosos e frequentes de imbecilidade e ignorância como no Brasil. Infelizmente, a síndrome é uma doença comum que se desenvolve a partir da insegurança pessoal. Seu portador tem medo de ser descoberto como inferior (um merda), e faz de tudo para parecer superior (um fodão), rebaixando os outros.

(…) “o merda se sente fodão se humilhar alguém, se conseguir fazer alguém mais por perto se sentir merda. Olhe em torno. Quantos conhecidos seus vêm jogando esta droga há anos?"

A verdade é que o Brasil já passou dos finalmentes e ninguém percebeu…

Sem suspeitar dessa precária superioridade, não há mais espaço para gente imbecil nessa terra! Quem nasceu ou tornou-se assim pelo uso indiscriminado do cachimbo da presunção que trate imediatamente de corrigir essa boca torta! É tempo da sociedade mostrar-se farta dessas ideias distorcidas e contrabalançar a pseudo-lucidez destrutiva exercida pelo direito de livre opinião (dos merdas) com um incontido arroto da má digestão desse mundo simulado que não perde essa mania de fingir que está de pé!

Um tanto constrangido por turvar a transparência dessa água.
Ass. O braço peludo que vai te roçar a pele lisa no próximo voo.

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