A energia da Green Battery

USP e HARVARD criam bateria feita de gelatina para uso na área médica

Paula Leal
Fora da Caixa
2 min readNov 21, 2019

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(Crédito: Freepik)

Uma microbateria produzida a partir de gelatina vegetal promete levar mais segurança a uma série de dispositivos e procedimentos médicos.

Desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP e da Universidade de Harvard, nos EUA, a bateria é menos tóxica que as baterias convencionais (feitas de lítio ou prata), pode ser ingerida pelo paciente, inserida em implantes e até ser descartada em lixos orgânicos ou no meio ambiente.

Revestida de silicone — material biocompatível -, a nova bateria é feita à base de agarose, um biopolímero constituído de açúcar que pode ser extraído de algas marinhas, chamado comercialmente de gelatina vegetal.

Bateria vegetal criada por pesquisadores da USP e de HARVARD (Foto: Henrique Fontes/IQSC)

Quem não é da área, talvez não se atente de imediato para os benefícios dessa “descoberta”.

Mas imagine que, ao invés de fazer um exame de endoscopia tradicional, em que é necessário sedação e preparo prévio, você possa ingerir uma pílula capaz de investigar qualquer dano ao seu estômago. Mais segura e sustentável, a nova tecnologia permitirá alimentar pílulas ingeríveis, microchips capazes de avaliar as condições da flora intestinal, detectar bactérias e monitorar níveis de glicose no sangue.

As baterias convencionais, feitas com material nocivo aos seres humanos, sempre foram causa de grande preocupação por parte dos médicos. “Caso elas vazem dentro do paciente, sérios danos podem ser causados, como a perfuração do esôfago e intestino, além de graves queimaduras”, explica Graziela Sedenho, doutoranda do IQSC e uma das autoras do trabalho, em reportagem ao Jornal da USP.

Graziela Sedenho e Frank Crespilho desenvolveram estudo em parceria com pesquisadores de Harvard. (Foto: Henrique Fontes/IQSC)

Segundo os pesquisadores, a bateria já está pronta para ser fabricada, partindo do protótipo em funcionamento. Considerada uma green battery (bateria verde) devido a seu caráter sustentável, a tecnologia se enquadra no conceito de economia circular, uma vez que a bateria é biodegradável e retorna ao ambiente a partir do qual foi criada.

Outra boa notícia é que a tecnologia, desenvolvida com elementos abundantes no meio ambiente, tem baixo custo. Com cerca de R$ 4, é possível comprar agarose para produzir até 700 microbaterias.

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