Carros elétricos: um futuro distante?

Ao mesmo tempo que o governo cria incentivos para o segmento, as marcas investem no país — mas o maior desafio é: tornar o carro acessível a todos

Giovanna Romano
Fora da Caixa
4 min readNov 26, 2019

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Pontos de recarga da Tesla nos Estados Unidos (Créditos: Reprodução/Pexels)

A ideia de ter um carro elétrico é muito atrativa mundialmente, principalmente pela sustentabilidade e a economia com combustível, mas apenas um público seleto consegue alcançar tal mercado no Brasil. Há cinco anos, o único veículo com motor elétrico encontrado no país era o BMW i3 — com a versão de entrada por R$ 200 mil. Com um público limitado, as marcas começaram a ampliar o catálogo de produtos.

Depois do último Salão do Automóvel de São Paulo, em 2018, as opções da categoria deram um salto, e já é possível encontrar mais modelos de marcas distintas. Quase todos elétricos são compactos e têm a faixa de preço similar. Ao mesmo tempo, os setores privados e públicos apareceram com incentivos para a compra, como a isenção de 50% do IPVA (Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores) em alguns municípios, como a capital paulista.

(Crédito: Reprodução/Pexels)

De acordo com a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), o Brasil tem 14.838 carros elétricos, incluindo híbridos, em circulação. Apenas em julho de 2019, foram vendidos 960 automóveis com desse tipo. Para os paulistas, por exemplo, além de quitar apenas metade do IPVA, também há a isenção de rodízio e a obrigatoriedade de estabelecimentos privados, como shoppings, disponibilizarem dispositivos de recarga.

Na última terça-feira, 22, as montadoras do grupo VW (Audi, Porsche e Volkswagen) anunciaram uma parceria com a EDP, empresa fornecedora de energia, para instalar trinta pontos de recarga no estado de São Paulo. Os primeiros postos estarão disponíveis a partir de 2020, com investimento de R$ 32 milhões. A implementação dos carros elétricos está em teste de fase no país e ainda não há incentivos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Carros híbridos

Além dos carros totalmente elétricos, que são praticamente inacessíveis para alguém que mora fora das grandes metrópoles brasileiras, o consumidor também pode adquirir um veículo híbrido. Os modelos de automóveis híbridos, além de utilizarem bateria, também têm um motor a combustão, movido à gasolina ou etanol. No Brasil, a maioria das montadoras têm ao menos um modelo de carro híbrido.

A japonesa Lexus apostou, no ano passado, no Salão do Automóvel, em um line up inteiramente híbrido, abandonando ou readaptando os carros que não enquadrassem no segmento. A Toyota, proprietária da Lexus, também conquistou um marco: o Corolla foi o primeiro carro híbrido apresentado no país a ter um tecnologia flex, além de ser o primeiro veículo híbrido fabricado no território brasileiro.

A SUV de luxo NX 300h (Crédito: Reprodução/Lexus)

E o consumidor brasileiro?

Para a executiva de vendas da Lexus Tsusho Jardins, Nadja Camillo, ainda há um receio do consumidor brasileiro com o segmento. “Nosso maior desafio é mostrar ao consumidor que o veículo híbrido é uma tecnologia que traz muitos benefícios e pode ser dirigido como qualquer outro veículo”, afirma. Nadja é otimista para o futuro elétrico, principalmente pelos impactos positivos ao meio ambiente. “Sem dúvidas este mercado está em crescimento e tendo uma ótima aceitação dos consumidores. É o futuro bem próximo do ramo automotivo”, acredita.

“A aceitação do público brasileiro para os carros elétricos vem crescendo. Desde 2014, com a chegada do BMW i3, o público pede bastante por esse caso. Vieram pouquíssimas unidades”, considera o executivo de vendas da BMW Agulhas Negras Fábio Campos. “O cliente aponta a falta de pontos de recarga em locais públicos e a resistência de um condomínio instalar um ponto de recarga na garagem. Isso atrapalha na venda, mas eu acho que o mercado tende a crescer. Daqui vinte anos, 90% da nossa frota será híbrida ou elétrica”, conclui Campos.

As montadoras apostam que os carros elétricos serão uma das soluções de transportes alternativos para o futuro. Eles vão reduzir e eventualmente eliminar a necessidade de combustíveis fósseis.

Do lado de fora, não há quase diferença para um modelo com o motor a combustão. Entretanto, quando você dirige um veículo elétrico, é possível sentir diferenças nítidas: ele não emite nenhum barulho sonoro vindo do motor, não há escapamento e, quando você tira o pé do acelerador, ele desacelera consideravelmente.

O motor elétrico obtém a sua energia a partir de um controlador, que capta a energia de um conjunto de baterias recarregáveis. Confira algumas características destes veículos no infográfico a seguir:

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Giovanna Romano
Fora da Caixa

jornalista, comunicadora, atriz, roteirista, cinéfila e feminista.