O futuro das modelos digitais

Pessoas famosas que apenas existem virtualmente são uma realidade, e a tendência para os próximos anos

Vinícius Lima Santos
Fora da Caixa
3 min readNov 27, 2019

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Shudu, a modelo virtual de instagram criada por Cameron-James Wilson

A mulher negra de pele perfeita que estampa esse texto é Shudu. Ela tem 193 mil seguidores no Instagram, e inclusive nesta foto ela usa um batom laranja para anunciar a Fenty Beauty- a marca de cosméticos da diva pop Rihanna. Ah, e ela também não existe. Shudu é uma criação do fotógrafo britânico Cameron-James Wilson, que a considera “uma obra de arte” e uma celebração virtual da beleza da mulher negra.

Shudu é apenas uma de vários exemplos de celebridades virtuais que atuam nas redes sociais hoje. Vários mercados, como o de moda, música e videogames, veem com mais entusiasmo essa modalidade. Já pensou ter um porta-voz de para sua marca que nunca ficasse velho, cansado, desarrumado ou tivesse um escândalo na vida privada? As vantagens para investir em Virtual Influencers, como eles se chamam, são bem evidentes.

Outra influencer “de mentirinha” é Lil Miquela. Ela tem 1.7 milhão de seguidores no Instagram e é conhecida como a Itgirl digital, pois sempre aparece vestindo roupas de grife, como Prada e Chanel, olha só:

Lil Miquela no instagram

Essa influencer também invadiu o mundo da música, tendo vários singles e alguns clipes. Escute o mais recente, Automatic:

Na verdade, Miquela se comporta como se fosse uma pessoa real, e seus seguidores aparentar ter dúvidas se ela existe ou não, o que torna a condição mais estranha ainda. Ela é um personagem interpretada por um usuário que criou um avatar virtual? Se sim, isso significa que ela é real? Ela é representada comercialmente pela empresa de soluções de robótica baseada no vale do silício Brud, e anuncia no Instagram que é um “robô”. Meio esquisito, né?

Os personagens virtuais tornam-se cada vez mais populares em cinema e televisão, porém os virtual influencers quebram a barreira do personagem e atingem um campo que era representado só por humanos, mesmo que fossem humanos encenando personas que não fossem a realidade deles. E, na verdade, esse é o argumento mais forte dos apoiadores das inteligências artificiais como celebridades.

Afinal, mesmo que uma influenciadora seja de carne e osso, a personalidade construída para falar com a mídia e promover marcas não seria um construto virtual? Especialmente se essa pessoa só entra em contato com o público através de plataformas digitais como o YouTube e Instagram?

Inclusive, caso você queira criar sua próprio avatar digital, o caminho não é muito difícil. Há vários softwares de modelagem 2D e 3D que podem criar avatares em minutos e no seu smartphone ou computador, como o Maya, Hyperface, o app Zepeto e muitos outros, veja:

Avatar virtual do perfil @mry110111 criado com o Zepeto
  • Demonstração da função de mapeamento de rosto do Hyperface para projetar os movimentos em um rosto digital

Com certeza é um presente (e futuro) cada vez mais intrigante, no qual as modelos e até celebridades não precisam sequer existir de fato.

(Com colaboração de Guilherme Oliveira)

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