Que lugar você sonha experimentar?

Turismo de experiência se torna popular entre millenials

Marcela Roldão
Fora da Caixa
3 min readNov 27, 2019

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(Créditos: Pexels/Reprodução)

A palavra “experiência” tornou-se muito popular no universo publicitário. O festival Lollapalooza, por exemplo, deixa de ser um evento com três dias de shows e se torna algo ainda maior, com marcas gastando cifras milionárias para fazer ativações e ter seus nomes em um dos palcos.

As experiências, seja uma série de apresentações musicais ou a ida a um restaurante diferente, tornam-se objeto de desejo em detrimento doe bens materiais. Psicólogos afirmam que isso se dá porque elas seguem vivas na memória das pessoas, que podem compartilhá-las com os outros, trazendo um prazer e uma felicidade que duram mais tempo.

O professor Panosso Netto, que dá aula no curso de Lazer e Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH-USP), explica que esse tipo de consumo é comum entre os millenials, nascidos entre 1981 e 1996. Segundo o docente, esse grupo tem um “vazio de cultura, vazio de história” por ter nascido na era da Internet e se tornar consumidor muito cedo. A consequência é que essa geração “anseia pelo diferente, pelo autêntico”.

Turismo de experiência

O marketing, porém, não foi o único setor a se apropriar do conceito. O turismo de experiência tem se tornado cada vez mais comum. A plataforma de aluguel e compartilhamento de casas Airbnb oferece, desde 2016, a seção “experiência” para seus usuários. Com isso, pretendem aproximar turistas e locais. Estes se tornam os guias, proporcionando àqueles uma autêntica experiência do local visitado.

O turismo de experiência em favelas cariocas é muito comum (Créditos: Flickr/Reprodução)

A ideia não é exatamente nova. Ainda em 2006, o Tour da Experiência foi criado pelo Ministério do Turismo para orientar os profissionais do ramo a se adaptarem a essa nova modalidade. No entanto, graças às redes sociais, ela passou por um boom.

Uma pesquisa feita pela empresa de viagens Expedia Brasil em parceria com a consultoria Future Foundation mostra que 42% dos millenials são influenciados pelas fotos postadas por seus contatos virtuais na hora de escolher um destino. Em comparação, apenas 29% da Geração X (1965–1980) leva isso em conta. Outro estudo diz que 40% dos nascidos entre 1981 e 1996 consideram a “instagramabilidade” do lugar na hora de decidir.

Novos modelos de agência

O avanço da tecnologia também fez aparecerem novos agentes no mercado de turismo. As tradicionais agências perdem lugar para aplicativos que permitem reservar passeios, acomodação, passagem e muito mais. Há até quem terceirize a escolha do local a ser visitado (ou, melhor dizendo, a ser experimentado).

A startup Instaviagem é um exemplo desses novos modelos de negócios. A empresa passa um questionário sobre os interesses para o contratante. Com base nas respostas, um especialista decide o roteiro — o viajante só descobre para onde vai dois dias antes de embarcar.

Home do site da startup Instaviagem

A publicitária Karolina Jimenez topou essa aventura. Pouco antes da data de sua viagem, porém, aconteceu uma reviravolta: ela recebeu uma nova proposta de trabalho e precisou se desligar do emprego no qual estava, bagunçando todo o seu calendário de férias. Com isso, precisou conversar com a Instaviagem para antecipar sua ida e a startup mudou o destino que havia escolhido para ela. Ao invés de ir para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, ela foi para Itacaré, na Bahia.

As mudanças repentinas não fizeram a paulista desanimar. “Cada vez mais, eu tenho certeza que a gente não controla nada, a nós só cabe aproveitar cada momento, fazer as coisas que queremos fazer, falar o que queremos falar”, escreveu no seu perfil do Instagram, no qual havia compartilhado diversas fotos da viagem, ao voltar para São Paulo.

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