Tudo pela dança

Após perder a perna em um acidente, Melina Reis conseguiu uma prótese de ponta para voltar a praticar ballet

Giovanna Romano
Fora da Caixa
3 min readNov 27, 2019

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A bailarina Melina Reis (Créditos: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Melina Reis começou a dançar quando criança nas aulas de dança que a sua escola oferecia. Desde então, a garota teve um sonho: praticar balé clássico. Ela cresceu fazendo aulas e se apaixonando cada vez mais pela modalidade. Entretanto, aos 17 anos, sofreu um acidente quando estava na garupa de uma moto que afetou sua perna esquerda — com uma fratura exposta de 3º grau com perda de tecidos moles. “Quando cheguei no hospital, a primeira coisa que perguntei foi: ‘Vou poder voltar ao balé?’”, conta.

Em um cruzamento, um carro acertou a lateral da moto que Melina estava. “O ideal seria a amputação, mas eu não estava preparada para aquilo. Não queria perder a minha perna”. Após uma internação de quatro meses e anos de tratamento, em 2014, ela enfrentou uma grave infecção — ali, achou que nunca mais poderia dançar. “O médico me deu uma escolha: ‘ou amputamos, ou tentamos salvar a perna’. Eu estava sofrendo com as dores e então decidi amputar a minha perna esquerda”, relata Melina.

Doutor, eu vou poder voltar ao balé?

O seu maior medo sempre foi não poder mais dançar. Era o que a movia para continuar lutando. Depois que Melina saiu do primeiro coma, meses após o acidente, ela dançava sem acessórios mas sentia muita dor, por isso optou pela amputação. “Quando sai do hospital pela segunda vez, fiquei procurando próteses para bailarinas, mas não existiam”. Ela conseguia andar com a prótese para o pé normal, mas não podia mais calçar uma sapatilha de ponta por causa da posição do pé.

“Conheci o fisioterapeuta e protesista José André Carvalho. Perguntei se era possível fazer uma prótese no formato de um pé de bailarina, com ponta e tudo. Ele abraçou a ideia e em quinze dias me entregou. Quando percebi, já estava dançando na ponta novamente”, diz Melina.

A dança sempre foi a aliada de Melina (Créditos: Divulgação/Arquivo Pessoal)

O médico especialista em prótese José André Carvalho, diretor do Instituto de Prótese e Órtese de Campinas, foi o pioneiro na confecção de pé para uso em sapatilha de ponta para o balé clássico. A prótese foi feita com resina, fibra de carbono e gesso e ela se encaixou perfeitamente dentro de uma sapatilha de ponta. Melina retornou às aulas de balé em menos de uma semana após os testes com o pé de bailarina.

A história de Melina virou exemplo de superação e hoje ela é convidada por diversos lugares para relatá-la. Em outubro deste ano, ela dançou nos palcos do SBT no programa do Teleton — em prol da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD). Ela virou referências para outras garotas que têm alguma deficiência. “Quando danço, parece que estou viva novamente”, conta a bailarina. Tudo pela dança.

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Giovanna Romano
Fora da Caixa

jornalista, comunicadora, atriz, roteirista, cinéfila e feminista.