20 filmes para explorar o cinema coreano… feito por mulheres

Henrique Rodrigues Marques
Fora do Meio
Published in
9 min readFeb 16, 2020

Como você já deve saber a essa altura, Parasita, dirigido por Bong Joon-ho, foi o grande vencedor do Oscar desse ano. Na premiação que aconteceu no fim de semana passado, o filme coreano foi coroado com quatro estatuetas, incluindo a de Melhor Filme. De lá pra cá, diversos blogs, sites especializados e posts de facebook, prontificaram-se em lançar luz ao cinema coreano, indicando outros filmes que você precisa conhecer caso tenha gostado de Parasita. E para minha decepção (mas não surpresa), em nenhuma dessas listas de indicações eu encontrei um filme sequer dirigido por mulher. Pensando nisso, eu organizei essa listinha com 20 filmes coreanos feitos por mulheres pra você que decidiu explorar o cinema coreano. Alguns eu vi, outros estão na minha watchlist, mas todos parecem bastante interessantes. Meu objetivo aqui foi embarcar diferentes tipos de filmes, já que a Coreia do Sul tem uma produção muito rica e diversificada, indo muito além dos thrillers e arthouse films que chegam por aqui. Tem filme de gênero, filme mais comercial, filme de festival, melodrama. Com certeza você vai encontrar um que contemple os seus gostos. Também tomei o cuidado de não repetir filmes de uma mesma diretora, já que o objetivo é apresentar outras vozes do cinema coreano. Para facilitar a busca, optei por deixar os títulos internacionais (em inglês).

A girl at my door (July Jung, 2014)

Esse é um dos poucos filmes coreanos dirigido por mulher a ir para Cannes. Não entrou na competição oficial, mas foi selecionado para mostra paralela Un Certain Regard. Protagonizado pela Doona Bae, conhecidíssima do público brasileiro por Sense8, o filme conta a história de uma policial que resgata uma misteriosa garota que era vítima de abusos causados por seu pai e avó.

Por ter uma trama lésbica, o filme enfrentou dificuldades para conseguir financiamento. Por essa razão, as duas protagonistas aceitaram atuar de graça.

Bluebeard (Lee Soo-youn, 2017)

Esse é para quem curte os thrillers coreanos cheios de reviravoltas. Bluebeard conta a história de um anestesista que vai preparar seu senhorio para um procedimento médico. Sob o efeito da anestesia, ele confessa ter cometido um crime. Ao descobrir que uma garota foi encontrada morta, o médico passa a acreditar que seu senhorio possa ser um serial killer.

Cart (Boo Ji-young, 2014)

Se você gostou de Parasita pelo debate da luta de classes, o drama Cart pode ser uma boa escolha. Em uma abordagem mais realista, o filme conta a história de um grupo de mulheres que entram em greve após terem seus contratos rompidos, sofrendo com uma demissão em massa pelo supermercado onde trabalham. A abordagem é bastante mainstream, aquele filme que você pode ver com a sua mãe e os dois vão aproveitar.

Helpless (Byun Young-joo, 2012)

Outro thriller para quem gosta de surpresas. E esse traz dois rostos bastante conhecidos pelo público brasileiro: Kim Min-hee (A criada, Na praia a noite sozinha) e Lee Sun-kyun (o pai da família rica de Parasita). Após o desaparecimento de sua noiva, um homem decide investigar seu paradeiro por conta própria e, no caminho, descobre terríveis segredos.

Hit the night (Jeong Ga-young, 2017)

Comédia independente que pode agradar os fãs de filmes do Hong Sang-soo. Com uma produção de poucos recursos e contanto com apenas dois atores, o filme conta a história de uma cineasta que forja uma entrevista, usando como pretexto um filme que está produzindo, como desculpa para sair com um rapaz que ela está interessada em conhecer. Conversa vai, a bebida entra, e o seu desejo por ele se revela.

House of hummingbird (Kim Bo-ra, 2018)

Filme de estreia de Kim Bo-ra, House of Hummingbird é um coming of age que conta a história de Eunhee, uma jovem de 14 anos que precisa lidar com as mudanças em sua família, no seu ciclo de amigos e na escola após as férias de verão. Com uma abordagem mais contemplativa e um trabalho visual elaborado, o filme deve agradar quem curte um cinema Sundance.

Maggie (Lee Ok-seop, 2018)

Esse é para quem curte filme fora da casinha. Talvez você goste, talvez não, mas certamente Maggie é diferente de qualquer coisa que você já viu. É tudo tão surreal e beirando o nonsense que é até difícil elaborar uma sinopse. Vale a pena para quem curte se aventurar, mas se aventurar mesmo. Também um filme de estreia.

Microhabitat (Jeon Go-woon, 2017)

Mais um filme de estreia, Microhabitat é aquele tipo de história onde personagens de 20 e poucos anos tentam aprender o que fazer com a própria vida. Miso não vive sem cigarros e uísque. Quando o governo aumenta drasticamente o preço dos cigarros, a jovem decide largar sua casa alugada e viver se abrigando na casa de amigos. O filme foi rotulado por parte da crítica como “o Frances Ha coreano”.

Money (Park Noo-ri, 2019)

Realmente muitos filmes de estreia nessa lista e isso nem foi planejado, rs. Inspirado em um livro coreano, esse filme tem sido comparado com O lobo de Wall Street. Na trama, acompanhamos um jovem ambicioso que começa a construir uma carreira na bolsa de valores. Percebendo que esse mercado é mais brutal do que parece, ele logo se envolve com uma perigosa rede para subir na hierarquia de trabalho. Mas será que vale pagar o preço?

Grande sucesso de público, o filme lucrou mais de 25 milhões nos cinemas coreanos.

My heart beats (Eunhee Huh, 2011)

Embora não seja tão expressiva como a indústria japonesa, a Coreia do Sul tem um grande volume de produções eróticas. Nessa comédia romântica, uma professora de inglês de 37 decide entrar para a indústria pornô, em um curiosos subgênero onde os atores usam máscaras. O único problema é que ninguém sabe que ela é virgem.

Our love story (Lee Hyun-ju, 2016)

Outra produção bastante independente e de baixo orçamento, o singelo filme conta a história de uma estudante de artes e uma bartender que iniciam uma história de amor.

Paju (Park Chan-ok, 2009)

Esse é para quem curte uma produção mais arthouse com selo de grande festival. Mais um filme com o muso Lee Sun-kyun. Aqui, acompanhamos Eun-mo, uma jovem que precisa voltar para Paju, sua cidade natal, após passar três anos vivendo na Índia. Chegando lá, precisa lidar com sua complicada relação com o marido de sua irmã mais velha e os fantasmas do seu passado.

Pluto (Shin Su-won, 2012)

A Coreia é um dos países onde os pais mais investem na educação de seus filhos, já que a competição pelo ingresso nas melhores universidades é muito alto. Pluto é um thriller adolescente que se passa em um colégio de elite e retrata a tensão que essa competitividade exacerbada gera nos adolescentes. Após o melhor aluno do colégio ser encontrado morto e um aluno transferido ser visto como o principal suspeito, toda uma rede de intrigas se cria e a paranoia entre os jovens se instala.

Princess Aurora (Bang Eun-jin, 2005)

Para quem curte as tramas de vingança do Park Chan-wook, Princess Aurora certamente é uma boa pedida. A trama acompanha um detetive que investiga uma série de assassinatos que apresentam um curioso detalhe em comum: um adesivo do desenho infantil “Princess Aurora” é sempre encontrado na cena do crime.

The bros (Chang You-jeong, 2017)

Essa é a cota “tem na netflix” da lista. A Coreia do Sul tem uma grande produção de comédias populares, nos mesmos moldes das chanchadas da Globo (inclusive, alguns filmes brasileiros já ganharam remakes coreanos). The Bros conta a história de dois irmãos egoístas que se reencontram para o funeral do pai e acabam descobrindo que a família esconde um segredo. Foi um grande sucesso de bilheteria, ficando atrás apenas de Thor: Ragnarok na semana de sua estreia.

The truth beneath (Lee Kyoung-mi, 2016)

Provavelmente o meu favorito da lista. The truth beneath é um thriller que acompanha Yeon-hong, uma mulher que, em meio a campanha eleitoral de seu marido, precisa lidar com o desaparecimento de sua filha. Temendo que o caso prejudique suas chances de vencer a eleição, o político a proíbe de notificar as autoridades. Sendo assim, Yeon-hong decide procurar a filha e acaba se metendo em uma grande rede de conspirações.

The whistleblower (Yim Soon-rye, 2014)

Outro exemplar do cinema comercial voltado ao grande público da Coreia. Contando a história real do maior escândalo científico do país, The whistleblower acompanha um jornalista investigativo que recebe a denúncia de que uma importante pesquisa sobre a clonagem de células humanas é uma fraude. Ele então embarca em uma luta pela verdade, opondo-se a uma poderosa empresa e lidando com a revolta da opinião pública.

The world of us (Yoon Ga-eun, 2016)

Filme de estreia de Yoon Ga-eun, esse drama conta a história de duas amigas que se conhecem durante as férias de verão. No entanto, uma delas é novata na escola e começa a sofrer bullying dos demais colegas, o que coloca em xeque a relação entre as duas garotas.

Treeless Mountain (So Yong Kim, 2008)

So Yong Kim é uma das diretoras coreanas mais celebradas e atualmente faz filmes nos Estados Unidos (um deles, Lovesong, está no catálogo da netflix). Treeless Mountain foi o filme que lhe deu projeção mundial, sendo distribuído para diversos países. Nesse drama contemplativo acompanhamos a saga de duas irmãs que precisam sobreviver em Seul após a partida de sua mãe, que foi em busca do pai que elas não conhecem.

Unforgettable (Lee Eun-hee, 2016)

Esse romance é uma boa escolha para quem curte os doramas, uma espécie de novela coreana. Ao receber uma carta escrita por seu primeiro grande amor, um apresentador de rádio passa a relembrar os acontecimentos do verão de 1991. Durante uma viagem de amigos, Soo-ok machuca sua perna, o que faz com que ela precise ser carregada o tempo todo por Beom-sil, que acaba se apaixonando por ela.

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