porque você nasce
e parece até que já nasceu de fraldas e de roupa,
é como se fosse assim.
e sempre existiu o chão, e o céu e o sol e o frio e o tempo.
você começa a tatear a realidade pelo chão
engatinhando sobre mãozinhas tão pequenas
porque você também sempre foi um maquinário pesado,
mas tão silencioso e compacto
e também tão leve
com todos esses órgãos que funcionam
com todas as cores que o seu olho vê
e medo e raiva e dor e tristeza e riso
e dons inatos de bebê
para decifrar códigos
e aí estava eu ali com pernas infantis perfeitas,
e mãos, e pés com todos os dedos e os dois olhos grandes.
e a importante boca larga com dentes
e você sempre entende tudo pelo topo da sua cabeça.
e a matemática das coisas
transforma espaços em salas, em quintais, em lojas
e dentro dos quartos têm armários com roupas,
e chaves e cadernos e sapatos
e você sempre vê tudo do topo da sua cabeça