Convidado especial: Renato Oliveira

Fernando Caprino
Force Roll
Published in
12 min readOct 16, 2018
Don Quixote and The Mills

A temporada de Store Championships está rolando solta Brasilzão a fora. Estamos na pilha aqui em SP, com 3 eventos já concluídos e pelo menos mais 2 ou 3 por ocorrer.
No meio dessa jogatina toda aqui, tenho trocado ideias, listas e experiências com gente de todos os lados. É isso que faz o joguinho ser ainda mais incrível. Uma dessas pessoas que conheci rolando dadinhos foi o Renato, quando fui jogar em Belo Horizonte ano passado.
Depois do evento lá, continuamos conversando (com mais intensidade desde que Caminhos da Força chegou aqui, inclusive) e ele havia comentado sobre o deck que estava montando para jogar a temporada de SCs em BH. Trago para vocês a experiência dele, nas palavras dele. Um detalhe, para quem não conhece: o Renato é colecionador ávido, mas por questão de custo optou por só ter as cartas herói (e as neutras claro). Divirtam-se!

To Mill or not to Mill…

Eu sempre achei interessante que o Destiny tivesse duas condições de vitória para uma partida. Ao contrário da maioria dos Card Games, você não embaralha as cartas de volta no seu deck quando elas acabam. No Destiny, se isso acontecer, você perde o jogo. Nas primeiras coleções haviam poucas oportunidades de montar decks de mill e, apesar de alguns sucessos esporádicos, não existiu nenhum deck que realmente se firmou no meta que fosse voltado para essa condição de vitória.

Pelo menos até o quebrado Thrawnkar, que gerou a resposta mais rápida da FFG já vista no jogo até hoje. Conseguia ser pior que Poe1/Maz e Phasma2/Kylo2, e o meta sofreu com ele por algumas semanas apenas.

Em Legacies com a chegada do Yoda, dos Partisans, do Riekan e do Jar Jar (!!!) alguns decks de mill tiveram sucesso do lado dos heróis. Ainda assim nenhum desses decks teve um sucesso expressivo em torneios de maior porte, mas já era um indicativo de que os tempos com meta exclusivo de “decks de porrada” vinha chegando ao fim.

É difícil achar um jogador de Destiny que não odeie jogar contra Mill (eu me incluía nesse grupo). E eu consigo entender o porquê disso, mesmo atualmente a proporção de decks que usam a condição de mill como foco são poucas em relação à quantidade de decks que usam a condição de derrotar os personagens do oponente. Quando olhamos personagem a personagem vemos que no próprio jogo temos mais cartas lançadas voltadas para a condição de vitória por dano.

Portanto, é natural que o meta seja formado por uma maioria de “decks de porrada”. Um bom jogador ajusta seu deck de acordo com o seu meta. E quando você passa horas ajustando seu deck para mitigar dano, gerar mais vida para seus personagens, proteger melhor o personagem mais importante do seu deck com escudos, etc, etc… E aí chega um cara para jogar com um deck contra o qual tudo aquilo será inútil, é claro que você vai odiar isso…

Além de ser a “minoria” no meta, quando jogamos contra mill temos que mudar a nossa forma de jogar. Descartar cartas para rerrolar e puxar aquele dano nos dados? Talvez não seja uma boa ideia… Descartar cartas mais fracas, ou até inúteis, pro momento do jogo na fase de manutenção? Melhor não… Ao usar um evento para mitigar apenas um dado eu estou ajudando o oponente a diminuir cartas na minha mão? Sim! A verdade é que a maioria dos jogadores tem pouca experiencia e treino dos seus decks contra decks de mill e com isso irão sofrer mais nessas partidas.

O hate contra mill é real e justificado, mas não tem como fugir dele mais. Adapte-se ou…

Pressão!

Apesar de achar uma forma legal de jogar, até então eu nunca tinha jogado de Mill (apesar de ter montado e testado alguns) por um motivo: não era possível criar pressão jogando de mill.

Existe um estado natural no destiny em que o jogador vai “se millando” com o passar das rodadas. Afinal de contas ao usar suas cartas você mesmo vai acabando com seu deck. E todos nós já chegamos ao ponto de ganhar por mill em partidas mais longas, mesmo com decks baseados em dano. Com isso vários decks de mill se baseiam em controlar o jogo do adversário, millando algumas poucas cartas quando possível, mas aguardando esse estado natural em que o oponente terá apenas as cartas na mão e poucas opções durante o turno.

Essa é uma maneira válida e muitas vezes eficaz de se jogar de mill, mas eu nunca me senti confortável jogando assim. Quando você joga com um deck Aggro, como era por exemplo o deck de Sabine, você coloca pressão no seu oponente pelo potencial de dano já nos primeiros turnos. Quando você joga com um deck de veículos, como os vários que estão aí com Snoke, você coloca pressão ao construir um campo que em algum momento terá um volume de dados incontrolável. Quando você joga com um deck “tank”, como era o Rey Aayla, você cria pressão ao equipar seus personagens com muitas melhorias ao mesmo tempo que “absorve” os danos do oponente (em escudos ou cura).

Acho que deu pra entender…

Até então decks de Mill não geravam essa pressão. Quando o oponente sentia a pressão de ter poucas cartas na mão e no deck você, jogando de mill, sofria a pressão de ter pouca vida em seus personagens…

WTF!

Com Way of The Force tivemos muitas cartas boas chegando na coleção. Considero essa coleção a melhor já lançada e ao meu ver a diversidade que encontramos no meta atual comprova isso. Ainda durante a fase de spoilers a carta que mais me chamou a atenção foi a Leia Organa — O Coração da Resistência. Eu sou muito fã da Leia (alguém que é fã de Star Wars não é? Doh…) e fiquei muito animado de faze-la jogar. A partir do momento que tivemos todas as cartas novas reveladas eu comecei a “trabalhar” no deck.

A princípio testei ela com o Cassian (personagem mais versátil já feito no jogo). E apesar de amarelo abrir muitas opções, tanto de controle quanto para o mill especificamente, eu ainda achei o deck lento. Eu ainda caía naquele estado natural do jogo…

Olhando as várias combinações com quem ela poderia formar par (e não são muitas, como falei antes, o jogo possui poucos personagens voltados para o Mill), eu vi que com o Yoda os dois teriam pouca vida, mas possuiriam sinergia. Algumas pessoas me falaram: “Yoda?! Você não vai conseguir tirar proveito da power Action da Leia!”, e não estavam totalmente errados, afinal os dados do Yoda possuem valor: 0, 0, 1, 1, 1 e 2, mas quando comecei a testar vi que a consistência do Yoda poderia trazer a pressão que eu tanto buscava.

O meta de WTF foi mudando até mesmo antes da coleção chegar aqui ao Brasil. E com ele o deck também. Antes o maior inimigo era Cad/Snoke, depois, acompanhadas ainda do Snoke, vieram Aphra e Ciena com seus droids e ativações extras de veículos respectivamente, mas agora o maior inimigo talvez seja Talzin Dooku? (Vou falar mais disso abaixo, mas aa verdade é que não tenho certeza…). Até o momento apenas no SWDestinyDB tenho 19 versões registradas do deck, fora as várias que nem cheguei a cadastrar lá. A que joguei no domingo teve uma alteração que fiz de ultima hora em relação à 19º registrada. Então tenho pelo menos 20 versões do deck! WTF!

(Sim, eu testei o deck de Yoda, Cassian e Ani. Mas não achei que ele consegue gerar a mesma pressão que Yoda/Leia, apesar de ser um ótimo deck e também colocar certa pressão. Acho muito foda terem gerado um hype (e mais hate) para os decks de mill com ele, no entanto.)

Aggro Mill!!!

https://swdestinydb.com/decklist/view/24075/eleia2eyoda-secondplacestorebhtebrazil-1.0

Vou destrinchar o deck um pouquinho mais a frente, mas no geral pelos meus testes esse é um deck que milla todo o deck mais a mão do adversário na quarta rodada do jogo a grande maioria das vezes. Quando tudo dá muito certo consigo ganhar na terceira rodada. Se chegou à quinta rodada o adversário provavelmente está lutando bem para sobreviver. Mais rodadas do que isso é porque algo deu muito errado…

No store de domingo (14/10) foi assim:
- Suiço:
Jogo 1 contra SAD: Vitória na quarta rodada.
Jogo 2 contra Poe2/Hondo: Vitória na sexta (talvez sétima) rodada.
Jogo 3 contra Luke3/Yoda: Derrota na quarta rodada. (oponente ganhou, mas não tinha nenhuma carta no deck nem na mão)
Jogo 4 contra Finn2/Cassian: Vitória na quinta rodada
Jogo 5 contra Rex/Clone Trooper/Assassino de Aluguel: Vitória na quarta rodada

- Top 4 (Não foi melhor de 3):
Contra SAD: Vitória na quarta rodada. (Para ser justo eu deveria ter perdido esse jogo, oponente ficou com 1 carta na mão, baixou para me causar 3 de dano- Cimate Disruption Array + 0–0–0, deixando a Leia com 1 de vida e ele não conseguiu rolar dano em 3 dados ainda não ativados.)

- Final (Também não foi melhor de 3, eu tinha que ir embora e combinamos uma md1 para não ficarmos sem jogar):
Contra Talzin/Dooku: Derrota na rodada 5. Oponente ficou apenas com duas cartas na mão.

A única partida que fugiu da média do deck foi a partida contra Poe2/Hondo, tendo que lidar com um fast hands no Hondo e um bater ou correr + God Roll do meu oponente eu precisei usar “minhas armas“ para gerar muitos escudos e me manter vivo ao invés de millar o deck. Com isso eu perdi a velocidade e o ramp do deck (que foi mais prejudicado ainda pelo especial do Hondo, já que não vi meus Chance Cubes até o final da partida). Ainda assim consegui controlar o suficiente para em um turno millar 5 do deck e deixa-lo com apenas três cartas na mão. No ultimo turno os dois tínhamos chances de ganhar e ele descartou tentando encontrar dano para matar meu Yoda, que não veio, mas eu teria cartas para controlar os dados dele a não ser que viesse mais um God Roll…

No jogo que perdi para Luke3/Yoda fiquei as rodadas 3 e 4 sem nenhuma carta de remoção. Sendo um deck consistente por causa do Yoda + 50% de lados de dano com Luke, meus descartes não foram suficientes para fazer o oponente deixar de arrumar os dados. Eu precisaria mitigar apenas 3 de dano para ganhar o jogo, mas não tinha como…

Contra Finn2/Cassian tivemos uma primeira rodada em que ele controlou meus 4 dados de personagem e eu controlei os 4 dados de personagem dele e ninguém fez nada. Por isso acabou levando um turno a mais.

Na final meu oponente começou com Force Speed na rodada 1, mas não conseguiu me dar dano, controlei o especial e depois usei Ludibriar para isso. Na rodada 2 ele deu apenas 3 de dano na Leia (Em quem pus um Force Illusion), pois controlei um dado da Talzin e depois usei dois “Fogo Supressor” para remover os dois dados do Dooku. A partir da 3º rodada ele tinha 2 Force Speed e apesar de ter controlado os dados do Force Speed, com uma rerolagem ele “achou” as 4 ações em seguida nos especiais para me dar 11 de dano, mudando de alvo p/ o Yoda que ficou com 1 de vida (Curei 2 com Médico de Campo em seguida). Na rodada 4 ele novamente rolou os especiais, como não conseguiria controlar os dois dados eu baixei um Force Illusion a mais na Leia. Ele rolou muito bem. Com TODOS os danos sendo base e tirando o valor dos meus FI, tendo mais 3 ações rerrolou o que já não era dano e conseguiu deixar a leia com 1 de vida. Revindicou o campo para retirar um dado da Leia e garantir que eu não millaria o que faltava da sua mão + deck, mas sabendo ser praticamente impossível mantê-la viva na rodada seguinte.

Meu problema foi Dooku/Talzin ou foi duplo Force Speed? Sinceramente não sei dizer. Mas independente disso fica os parabéns ao Vinícius que jogou bem com o deck e arriscou descartar para rerolar seus dados e conseguir o dano que precisava. Me deixando com a Ahsoka prateada.

Concluindo: O que eu havia testado antes se confirmou no torneio. O deck é rápido! 4 turnos para um deck de mill é muito rápido. Média de 7–8 cartas por rodada já contando o que o próprio adversário usa/descarta, mas a pressão está lá!

Escolha das cartas e considerações pós Store:

Sem mais delongas:

Leia2: 11 de vida, ótimos dados para mill, PA que acelera o Mill e o lado de foco ajuda na consistência e é um bom lado para usar com a PA.

Yoda: dispensa apresentações, mas vale mencionar que eu jogo usando o especial quase exclusivamente para “focar” e millar uma do topo. Recurso e escudo só quando realmente preciso.

Otoh Gunga: Cura um de vida para mim e não tem nenhum valor para o adversário.

Fortfy: 1 de vida a mais para o Yoda, basicamente. (Único outro plot que consideraria seria o Stolen Intel)

Chance Cube: Além de ser uma excelente fonte de recurso junto de especiais do yoda + focos 2 da leia e do Yoda, ele gera jogadas absurdas junto do C-3PO (3 escudos, 3 descarte e/ou 3 disrupts)

Force Illusion: Ganhei jogos por causa delas e perdi jogos em que elas não vieram. Sem mais… (Deck tem apenas 21 de vida)

Force Jump, Force Meditation e Scout: Únicas melhorias do deck. Scout e Force Meditation uso para acelerar o mill, no Store não consegui descer FM nenhuma vez (Ou não tive dinheiro ou veio mto tarde) então considero trocar colocando 2x Scout e 1x Force Meditation. Force Jump eu estava usando apenas um até 5 min antes de entregar listagem do deck. Fui lá e coloquei dois. Não me arrependo, muito útil, mesmo contra o deck da Aphra (Hailfire e 0–0–0). Ele gera um controle muito forte, já que com 3PO e Yoda mesmo rolando blank consigo usar o especial dele na sequencia.

C-3PO: God! Se pudesse colocava 3 no deck.

Spy Net: surpresinha no meu deck. Todo mundo torce o nariz, mas tirando force jump tudo no deck tem lado de foco. Então consigo aproveitar mto durante a partida. (Costumo ficar com ele na mão no mulligan.)

Supressive Fire, Beguile, Field Medic, Hidden Motive, Mind Trick, Pacify: Ao todo são 13 cartas para controle ou mitigação de dano. (contando com Force Illusion) Eu gostaria de colocar mais duas para ficar tranquilo, mas não tive espaço. E em duas partidas cheguei a ficar sem remoções. (2 turnos seguidos contra o Luke…) Não coloquei Overconfidence e só uso um Mind Trick pelo “Aponte Azul” já que maioria das vezes focam no Yoda. Mensão honrosa vai pra Beguile, que carta excelente!

Commando Raid e Hit and Run: Combozinho destruidor do deck, descartar 3 ou 4 cartas da mão do oponente ganha partidas… Eu usei H&R algumas vezes sem Commando Raid na mão, as vezes funcionou, as vezes não… Mas vale o risco, no mínimo vc ativa seus dois personagens de uma vez e coloca pressão pela quantidade de dados.

Flames of the Past: must have contra decks de Snoke e ainda funciona contra vários outros decks

Strength Through Weakness: Queria ter espaço para duas, principalmente quando começo com os Chance Cube. Essa carta tira o oponente de uma situação confortável e coloca numa situação “F@#EU”.

Mulligan: Hit and Run e Commando Raid (Em algumas partidas eu faço um hard mulligan pra tentar começar com ambas na mão). Chance Cube. Spy Net ou C-3PO (Nunca os dois juntos pq é difícil de descer). Force Illusion. E alguma remoção.

Disputa do campo: Eu não ganhei nenhuma disputa de campo no Store. NENHUMA. Mas tendo a escolha, fique com o seu. No meta atual é difícil algum deck que não tire muito proveito do campo de batalha.

Renato Oliveira

Espero que tenham se divertido com a criatividade do Renato tanto quanto eu aprecio as ideias que trocamos sobre o jogo (e além do jogo).

Que os Force Rolls estejam sempre com vocês e até a próxima!

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Fernando Caprino
Force Roll

Primeira aventura competitiva em cardgames, mas competitivo a vida inteira. Apaixonado por Destiny desde o lançamento, tentando masterizar o joguinho.