Entrevista com Nathalia Vasconcelos, campeã do Regional Campina Grande de Star Wars Destiny
Num torneio de 33 jogadores, Nathalia sagrou-se campeã jogando de eYoda/eLéia numa final contra Sergio Muniz de eSnoke/Watto/FOST.
Rodrigo Motta, Force Speed: Qual a sensação de vencer um Regional de Star Wars Destiny?
É uma sensação muito gratificante, ainda mais conseguindo conquistar um título tão disputado, ainda mais contra o Sérgio Muniz, o nosso super veterano da comunidade SWD JP. Não imaginava que conseguiria chegar ao fim do nosso Regional, pois foi o maior do Brasil até agora e contou com a participação de 33 jogadores.
Você é uma jogadora de boardgames e outros card games? Você se sente confortável num ambiente competitivo?
Desde pequena eu jogava com amigos War, Jogo da Vida, Banco Imobiliário, Uno, que são os jogos clássicos… Depois um amigo de infância me apresentou o Magic: the Gathering, mas nunca cheguei a jogar o competitivo. Os meus board games favoritos atualmente são 7 Wonders: Duel e Puerto Rico. Os cenários competitivos que já frequentei foram dos esportes de quadra (handebol) e de atletismo. Não diria que me sinto confortável, pois é um ambiente que tem bastante pressão e ansiedade, ainda mais em um jogo que trabalha bastante com o psicológico e tomadas de decisões. Para lidar com a pressão, conduzir a partida com muito respeito pelo oponente e beber um pouco d’água trazem uma sensação de mais conforto.
Qual foi sua preparação para o Regional? O que você destacaria como principal fator para chegar preparada para um evento deste porte?
Tento acompanhar canais gringos que recebem coleção antes de nós brasileiros e canais brasileiros que produzem conteúdo sobre o Star Wars: Destiny. Também gosto de jogar com decks diversos, apesar de ter pilotado um mill no campeonato. Também procuro conhecer as cartas-chave (staples) do jogo. Com isso, conhecendo os decks e sabendo como eles funcionam, eu tento montar estratégias para garantir que vou sobreviver até o fim da partida e conseguir descartar as cartas do oponente. Tenho a sorte de ter um companheiro que gosta bastante do jogo, o Janse Brasileiro. Jogar com ele e trocar ideias sobre o jogo quase todos os dias engrandeceu bastante o nosso conhecimento sobre o jogo.
Quais três cartas do seu deck que você considera fundamentais para a eficiência do mesmo?
A primeira delas é o evento Sem Resposta, pré-holocron do dia 10 de junho de 2019. A segunda carta é a melhoria Anel da Resistência. A terceira carta é o evento Motivação. Também gostaria de ressaltar a importância da conspiração Astronavegação e o campo Cidade Ocupada que me proporcionam uma velocidade muito boa para descartar cartas.
O arquétipo de mill sofre em algumas comunidades um certo bullying e preconceito, o que você tem a dizer sobre isso?
O mill, assim como todos os outros arquétipos, tem um objetivo principal: conquistar a vitória. Todos nós sabemos que os critérios de vitória são derrotar o time do oponente ou descartar cartas do oponente. Assim como cada dano é comemorado, cada carta descartada também é comemorada. Não é um arquétipo fácil de jogar contra, pois você precisa ter muito sangue frio e confiar bastante nos resultados dos seus dados para vencer. O que ajudaria a lidar com ele seria considerar construir o deck que conte com dados com lados de foco, para tentar fugir da alternativa de descartar para rerrolar dados.
Sobre bullying e preconceito, sou totalmente contra essas práticas que pouco enriquecem a convivência entre os jogadores e acabam gerando atritos desnecessários. Temos que lembrar que estamos lidando com pessoas, então fazer o exercício de se pôr no lugar de quem está recebendo hate e reavaliar o comportamento é o melhor a fazer. Nem todos são obrigados a gostar, mas devem lembrar que o respeito é fundamental.
Você é de João Pessoa, na Paraíba, uma comunidade que tem uma sinergia também com a cidade de Campina Grande, quão importante é o aspecto de comunidade para você?
A comunidade tem papel fundamental para manter os jogadores estimulados a melhorar sua visão de jogo e construir uma relação de companheirismo entre todos os jogadores. Eu classificaria a sinergia com Campina Grande como uma rivalidade saudável. Vem provocação de um lado, vai provocação para o outro, mas isso só ajuda a manter todo mundo antenado para não fazer feio quando encontrar um oponente campinense nos torneios da vida, hahaha.
Card games ainda são um ambiente tomado majoritariamente por homens. De 33 jogadores no Regional, eram apenas 2 mulheres. Como você vê a presença de mulheres nos card games e o que você acha que poderia ser feito para atrair mais meninas para o jogo?
Os jogos de tabuleiro e jogos de cartas acabam sendo mais populares para os homens, porém creio que seja apenas uma questão cultural. As meninas são incentivadas desde cedo a receber brinquedos e presentes que as estimulem a cuidar de pessoas (bonecas, casinhas, etc) e os meninos recebem brinquedos para construir coisas ou que os estimulem a saber como as coisas funcionam. Sei que muitas mulheres desconhecem jogos colecionáveis e jogos de cartas, mas isso vem mudando aos poucos com o boom dos jogos de tabuleiro no país. Os homens que jogam card games e já têm filhas e namoradas, esposas, etc, poderiam tentar apresentar o jogo e evitar a propagar estereótipos de que só homens possuem bom desempenho nesses jogos. Outro fator seria tentar fazer com que a comunidade não tratasse com distinção uma mulher, em termos competitivos. Sempre tratar com respeito e jogar sério fazem com que as mulheres se sintam respeitadas e estimuladas a crescer competitivamente.
Fale um pouco sobre o que você acha do Destiny e que dicas você pode dar para jogadores que querem alcançar bons resultados em torneios competitivos. Obrigado e Parabéns pelo título!
O Destiny é um jogo extremamente divertido e com uma temática fantástica. Ele é apaixonante desde o começo, com suas partidas breves, mas cheias de reviravoltas. As principais dicas que eu posso dar são: conheça o máximo de decks que puder, jogue com oponentes com estilos de jogos diferentes e tente não se estressar nos torneios. Como diria o grande Sérgio Muniz, “O importante é se divertir.” Obrigada galera do Force Speed, Tio Gêra, Nordestiny, galerinha de João Pessoa e em especial a Janse ❤! #bannomill