Singular: Notícias e Inspiração

Edu Morcillo
forjadeaventuras
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6 min readOct 30, 2019

A criação de personagem é um bom momento para criar uma história. Quando comecei a jogar RPG, iniciei com sistemas que simplesmente pediam algo muito simplista em termos de quem era seu personagem. Então quando tive contato com GURPS a complexidade de vantagens, desvantagens e peculiaridades tornavam o personagem mais único e a necessidade de algo mais elaborado como background se fazia necessária. Mas com a chegada dos sistemas de Storytelling (Vampiro a Máscara, Lobisomem o Apocalipse e etc) o prelúdio como era chamado se tornou uma fonte de expansão para as mais variadas histórias e complementos.

Essa mudança me trás aqui nesse momento onde pretendo contar a história de Chang e como a construí.

Codinome One Shot

Na TV passava uma grande reportagem sobre a construção da hidrelétrica de 3 Gargantas que se iniciou no ano de 1992. A reportagem não foi dessa data era posterior mas por ser uma obra grandiosa, de grande impacto e complicadores era um assunto abordado desde um dos maiores desafios da humanidade como também de enormes consequências ambientais.

Lembro que em um dos trechos da reportagem, um dos engenheiros entrevistados falava de maneira respeitosa, ao mesmo tempo que se mostrava empenhado com desafio, sobre a força das águas e que a tarefa deles era conter o que não poderia ser contido. Essa frase ficou na minha cabeça e a partir dai comecei a criar a história.

Este personagem foi criado para campanha de super herói.

Antes vamos estabelecer alguns parâmetros sobre Chang, quando criei sua ficha de personagem:

  • Seu poder seria como uma rajada de água que sairia de seus punhos quando o invocasse (seus poderes filosoficamente seriam provenientes da força do rio Yangtzé na China);
  • O poder teria grande potencial destrutivo (Um rio, bravio e de grande força, quando contido se torna mais poderoso quando liberado);
  • Devido a essa grande força ele só seria capaz de invocar esse poder 2 vezes ao dia;
  • Ele seria um artista marcial e seu poder mesmo que seja uma rajada de água depende dele atingir seu oponente com um soco;
  • Por ter uma conexão direta com o rio, ele teria algum poder que o tornasse mais difícil de ser acertado que o normal digamos assim mais escorregadio escapando por entre os dedos como a água faz;
  • Teria a habilidade sobre-humana de nadar além dos limites humanos, mas não respiraria debaixo d’água;
  • Como um rio que não gosta de ser contido ou confinado o personagem sofreria de claustrofobia média ou grave. Ficando desorientado se for pra lugares muitos estreitos ou subsolo, podendo ter episódios de stress que ativaria seus poderes involuntariamente.

Iniciamos aqui a primeira grande ponte entre o Rio Yangtzé e Chang e carregamos as características de um lado para outro.

Agora com todas esses pontos firmados vamos contar a história da origem do nosso herói Chang, ou como é conhecido pelo público por One Shot.

Chang era uma criança nascida em um pequeno vilarejo que ficava aproximadamente 1 km de uma das margens caldalosas do rio Yangtzé.

Apesar de trabalhar na lavoura junto com seus pais desde muito pequeno reforçando seu caráter e acreditando no trabalho duro, Chang como toda criança gostava de traquinagens e sempre que podia fugia junto com seus amigos para brincar as margens do rio.

Por muitas vezes eles escutavam dos adultos para que não fizessem isso devido ao perigo da correnteza as crianças ainda assim se arriscavam, sem ter noção do perigo e o mais abusado deles era Chang que sempre vencia seus amiguinhos quando o assunto era nadar de um lado para o outro e inclusive as crianças mais velhas do que ele. Em seus 7 anos de idade Chang já vencia os garotos de 15 anos.

Chang por vezes nadava como se não houvesse correnteza, ele dizia para os amigos que simplesmente o rio dizia para ele onde e como ele deveria se comportar nele, ele se dizia sempre sensível na presença das águas, até mesmo nos arrozais.

Num dia em seus 12 anos uma tempestade se formava ao longe, naquele dia Chang pediu para que os amigos não fossem a Yangtzé que estava mais nervoso que o normal. As obras para criação da grande represa já estava acontecendo a um certo tempo, Chang sentia a insatisfação do rio em sua alma mas naquele dia parecia que algo mais estava para explodir, uma fúria contida estava por vir.

Com o aviso da tempestade no vilarejo todos se recolheram e esperavam para que a tempestade passasse sem problemas. A espera trancado em casa foi deixando Chang a cada momento mais nervoso, ele sentia algo de errado, não conseguia se sentir calmo, algo foi se fechando sobre ele, a escuridão da tempestade praticamente oprimia a todos, as paredes da casa pareciam se curvar para dentro comprimindo o pouco espaço do casebre, seus pais o apertavam forte com medo dos grandes sons que viam do lado de fora.

Chang sentia que seu peito ia explodir.

Não pesquisei sobre nenhum acidente ou culpo a construção da hidrelétrica sobre qualquer fato similar que possa ter acontecido. Essa é uma ficção e qualquer fato real a esta história é mera coincidência.

Chang começou a gritar e se debater nos braços de seus pais, eles tentavam segurá-lo mas ele parecia fora de si.

Seus pais contam que naquele momento água começou a brotar de sua pele, eles confusos não conseguiam entender se era a tempestade que já estava dentro de casa ou não.

O fato era que devido a parte do rio já estar contido pela construção da hidrelétrica e a grande tempestade que acontecia, formou uma grande e imprevisível tromba d’água que ameaçava a vida no vilarejo e o povo da localidade nem imaginava.

Assustados com a água que brotava do corpo de Chang, seus pais o largaram ele como que em transe se colocou de pé abriu a porta da casa fazendo a tempestade entrar e começou a correr para um dos limites do vilarejo, seus pais o acompanharam gritando tentando fazer que voltassem, foi quando eles viram seu filho ir de encontro a tromba d’água que se aproximava.

O desespero dos seus pais não podia ser ouvido em meio aos trovões. Então quando a grande massa de água chegou pouco menos de um metro de Chang o mesmo desferiu um soco que criou um grande desvio para a água, obrigando que a grande massa de água se desviasse pelas laterais do vilarejo.

As pessoas de outras casas do vilarejo olhavam assustados enquanto Chang imóvel em posição de soco dividia o rio em dois protegendo os moradores.

Nesse ponto os relatos são os mais confusos, alguns afirmam que aquilo durou minutos, outros diziam horas, há quem diga que Chang passou a noite dividindo a grande massa de água com sua vontade, até que ela não existisse mais. Em todos os relatos algumas coisas eram comuns a todos eles: Chang havia salvo a vida de todos, ele havia dividido o rio com seus próprios punhos e que após a tromba d’água ter passado a criança desmaiou.

Passados alguns dias com todos os boatos que surgiram, funcionários da agência Mutante, estiveram no local fizeram testes e levaram Chang para um centro de treinamento desconhecido.

Os exames realizados no local determinaram que Chang possuía poderes de rajada de água de alto impacto, mas que o stress gerado pela ativação dos seus poderes pela primeira vez o levaram a um trauma onde Chang agora só consegue ativá-lo um vez ao dia.

Chang passou a vida recebendo treinamento para ser um operativo de campo na agência Mutante, onde foi possível detectar outra faceta de seus poderes como a dificuldade de ser acertado em combate corpo a corpo. O acompanhamento psicológico da agência não foi capaz de curá-lo ou melhorá-lo da sensação de stress por confinamento, nenhum psicólogo ou psiquiatra soube explicar a origem dessa sensação ou apontar um tratamento viável.

Devido a limitação de seus poderes, Chang para ludibriar seus inimigos assumiu o Codinome de One Shot, apesar dele sentir que seria capaz de acionar seus poderes por mais uma vez se fosse necessário.

Ele esconde também da Agência essa habilidade adicional.

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Edu Morcillo
forjadeaventuras

Admirer of comics, books and RPG since childhood. I put my creativity into practice writing, design and illustration; through the interpretation of what I see.