Imperadores do Samba, fragmentos do ciclo carnavalesco

Fotocronografias
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4 min readNov 18, 2023

Liliane Stanisçuaski Guterres

Ano: 1994
Categoria:
Formas de Sociabilidades
Palavra-chave: Etnia

Resumo: As interações geradas através da Escola de Samba produzem significado, delimitam espaços, propiciando a expressão simbólica de suas identidades e de seus conflitos. A identidade de grupo é concebida a partir das relações vivenciadas, dos afastamentos e das aproximações, conformando as regras de pertencimento ou não a esta Comunidade Imperador!

Mostra fotográfica “Imperadores do Samba, fragmentos do ciclo carnavalesco”, inaugurada na Galeria Olho NU, do Núcleo de Antropologia Visual/Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, constituindo parte da defesa da dissertação de Mestrado “Sou Imperador até morrer…, um estudo sobre Identidade, Tempo e Sociabilidade em uma Escola de Samba de Porto Alegre, de Liliane Stanisçuaski Guterres, sob a orientação da Profa. Dra. Cornelia Eckert do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social/UFRGS. As fotografias foram realizadas durantes dois ciclos rituais, no “carnaval do Gandhi” (1994) e no “carnaval do Monteiro Lobato” (1995).

Bateria, rodas de samba, pagodes e churrascos, espaços de forte interação masculina. Nos ensaios e no desfile é maior a participação feminina.

“Ser Imperador é gostar, é amar, é ser… aquilo ali faz parte de ti mesmo… o Imperador é isso… sinônimo de nós mesmos” (Beto, presidente de Escola)

“A gente tem um núcleo, uma união.”(Brinco, ritmista)

Espaços de sociabilidade… Nos encontros cotidianos revivem lembranças dos carnavais passados reconstruindo sua trajetória individual e coletiva a partir destes referenciais.

“É uma hora emocionantes, a gente esquece de tudo, só quer saber de passar na avenida com o Imperador, a gente fica todo arrepiado, como eu tô aqui, agora, que já me arrepiei todo…”(Baiano, fundador da Escola)

“A bateria bebe prá caramba, de vez em quando a gente dá um pé quente e pinta umas namoradinhas”(Sandro, ritmista)

Bandeiras e estandartes, Mestre Sala e Porta Bandeira, Mestre da Bateria, passistas e baianos. A escola de Samba, seus símbolos e personagens.

“É quase tão bom ou melhor os ensaios do que o dia do desfile… por causa da descontração, né?… é coisa muito boa”. (D. Irene, destaque da Escola)

“Se não tem bateria, não tem escola de samba. A real é essa..”(Brinco ritmista)

As festas populares são formas de expressão de um povo, de um grupo social, comunicam sobre seu modo de vida, suas formas de pensar, suas tradições e desejos imanente.

“Aqui todo mundo volta de sapato. Igual no final da festa: marrom!” (componente da Escola)

A preparação de um desfile exige do Imperadores do Samba quase um ano de trabalho, muito investimento e organização empresarial.

“… 90% dos shows durante o ano é com aquele espírito ali, vamos levar a imagem, mostrar a bandeira dos Imperadores, mostrar o trabalho da bateria… tem que estar sempre vendendo a imagem, que nos permite ficar sem conhecidos, sempre…” (Mediana, puxador do samba-enredo)

A fotografia abre a possibilidade de maior interação e comunicação entre o pesquisador e grupo pesquisado.

O ensaio aqui na quadra é um preparativo para o carnaval, a gente té condicionando o público para vir, permanecer na quadra, até o público pegar o pique, pegar o costume…”( Turco, vice presidente do carnaval)

Performatizado tradicionalmente pelos negros nas ruas da cidade desde o final do século passado, o carnaval de Porto Alegre é hoje comemorado, principalmente, nos desfiles das Escolas de Samba

“Primordial é regatar a autoestima do negro, tem que gostar da cultura negra, eu tenho que me sentir um super-homem na hora que estiver dando um giro em torno de uma bandeira, dando um passo, e que as outras pessoas negras me veja, como um ídolo… nós precisamos de ídolos negros, e é só através da escola de samba, eu não vejo em outros termos”. (Beto, presidente da Escola)

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