Miguel Von Driburg
Fotografia: Teoria e Prática
5 min readNov 11, 2014

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WB (White Balance)-Balanço de Brancos

Em fotografia o Balanço de Brancos é o processo pelo qual se retiram as matizes de cor irreais de uma imagem, de modo a que esta fique com um balanço tonal o mais fiel possível sob as condições de iluminação do cenário.

Na prática, o modo mais usual é através dos elementos brancos existentes na composição a fotografar. Quando o balanço de cor não é o correcto os “brancos” ficam com uma tonalidade azul, laranja, verde, ou magenta, em vez de neutra (branco).

Mais Fria | Mais Quente

Enquanto na fotografia analógica este processo é feito recorrendo ao uso de filtros, na fotografia digital é utilizada uma opção que tem por base a Temperatura da Cor. A temperatura da cor é medida em Kelvin (não confundir com graus Kelvin), e pode ser descrita como o espectro de luz que é irradiada de um Corpo Negro (objecto que absorve toda a luz incidente, sem permitir qualquer reflexo ou passagem desta). Analogamente podemos dar o exemplo de um pedaço de ferro que está a ser aquecido, passando por cores vermelhas escuras (temperaturas mais baixas) até cores brancas-amarelas (temperaturas mais altas). Como os fotógrafos não lidam usualmente com Corpos Negros, podemos felizmente relacionar estes valores às fontes de luz disponíveis no dia-a-dia:

Luz de Velas — 1000 a 2000K

Lâmpadas de Tungstênio—2500 a 3500K

Nascer/Pôr do Sol—3000 a 4000K

Lâmpadas Fluorescentes—4000 a 5000K

Flash—5000 a 6000K

Dia com céu limpo—5000 a 7000K

Dia com céu nublado—6500 a 8500K

Dia com céu muito nublado—8000 a 10.000K

É claro que estes valores são uma média, e podem variar devido a factores como localização, altura do ano, etc.

A visão humana distingue muito bem o que é “Branco” sob as diferentes fontes de luz. Como as máquinas digitais têm dificuldade em fazer essa distinção, utilizam uma variedade de opções para fazer esse Balanço de Brancos.

Para além dos WB pré-programados existentes nas máquinas digitais, podemos encontrar mais 3 modos:

AWB-Este modo automático funciona na maior parte das situações, mas tem alguns aspectos negativos. Se a nossa composição tiver fontes de luz muito diferentes como por exemplo luz natural e iluminação artificial, a máquina tem tendência a fazer a leitura média da cena, e assim criar uma imagem que não corresponde de todo à situação correcta (fazendo a leitura na fonte de luz natural origina resultados melhores). Outro caso é quando o enquadramento contem vários elementos com uma cor predominante (imaginem um jardim de flores vermelhas). A máquina, mesmo sob uma fonte de luz mais ou menos fria, “confunde” o vermelho das flores como sendo uma luz quente e origina imagens muito azuladas.

K-Com este modo podemos programar a máquina para uma temperatura que pode ir dos 2500 aos 10.000K (dependendo do equipamento utilizado).

Personalizado-Permite tirar uma fotografia a um elemento de referência, para depois utilizarmos essa imagem em futuras situações, sob as mesmas condições de luz. Este elemento de referência pode ser um objecto na nossa composição (de cor branca ou preferencialmente cinza). Para resultados mais fiéis, e porque elementos neutros nem sempre fazem parte do cenário, existem elementos de referência específicos para fotografia. Os mais comuns e que apresentam resultados mais satisfatórios são os cartões Cinzentos.

Nas imagens seguintes foram utilizados 4 modos de WB diferentes: AWB, 10.000K, 2500K, e WB personalizado. Os modos AWB e WB personalizado são muito idênticos, pelo que podemos concluir que o modo automático fez uma leitura bastante correcta. No modo K, teria que ter utilizado entre 5000 e 5500K para resultados similares.

AWB
10.000K
2500K
WB Personalizado

Todas estas regras e cuidados a ter em conta na obtenção da imagem o mais “equilibrada” possível, depende do sentido estético do fotógrafo e daquilo que este pretende com a imagem. Visualmente, imagens “quentes” despertam sentimentos opostos a imagens mais “frias”, independentemente se estas estão ou não calibradas.

Deparo-me muitas vezes com fotografias que não tendo um objectivo estético, comercial, ou emocional definido, perdem por ter uma correcção “forçada”. Isto faz com que o sentido de “realidade fotográfica” se perca e nos deparemos com um cenário completamente diferente do suposto. Imaginando um local iluminado por luzes amarelas, como por exemplo o interior de uma habitação, ou uma rua, onde até o olho humano vê os brancos com tons amarelados, não é de todo viável que esses mesmos brancos sejam neutros. O resultante da máquina pode ser demasiado “amarelo”, sendo necessário um ajuste para conseguir o equilíbrio. Em todo o caso, depende dos nossos gostos pessoais…

Nestes exemplos, a primeira fotografia de cada díptico está mais equilibrada em termos de WB. Embora na segunda imagem de ambos os grupos os brancos estejam mais “amarelados”, penso que o resultado está bastante mais próximo daquilo que os meus olhos viram antes de tirar a fotografia. Pessoalmente, escolheria a segunda foto do primeiro díptico, e a primeira do segundo.

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Miguel Von Driburg
Fotografia: Teoria e Prática

“I see through my eyes, not with them” William Blake _____________________________________________________________ http://miguelvondriburgphotography.com