André Geraissati

Marcelo Garcia
fotografista
Published in
3 min readOct 29, 2017

19/03/2017, Sesc Belenzinho, São Paulo.

Fui ao show de André Geraissati esperando por uma apresentação de um músico genial interpretando músicas “difíceis”, ou seja, arranjos complexos que exigem do ouvinte uma atenção constante e que apelam mais ao cérebro do que aos sentidos. Não foi bem assim. Geraissati é, sim, genial, e suas músicas exigem um bom nível de atenção para que o ouvinte acompanhe as histórias que elas contam, mas a fluidez dos rítmos e a beleza das melodias são cativantes e as peças não são nada difíceis.

André Geraissati entrou no palco, agradeceu aos aplausos da plateia, pegou um dos dois violões que o aguardavam, sentou-se e começou a tocar “Tuiú”, só parando 40 minutos depois. Esta música dava ao ouvinte um “chão” sobre o qual o excelente violonista alçava voo em longos improvisos.

Para os músicos na plateia, era obrigatório acompanhar a técnica excepcional de Geraissati a fim de tentar compreender — e aprender — as diversas formas com que ele extraía som do instrumento. Vi muita gente boquiaberta diante dessa ou aquela “manobra” das mãos do músico sobre o violão.

Mas a proficiência técnica é só uma parte da música de André Geraissati. Algumas seções e temas têm uma cara mais exótica, enquanto outras possuem uma brasilidade marcante. As melodias são sempre bonitas, costuradas com maestria entre os temas centrais.

Encerrada a música, André agradece aos aplausos e, sem falar nada com o público, sai do palco. Volta para o bis e, utilizando o outro violão, toca por mais 15 minutos sem parar.

É possível encontrar alguns vídeos do André Geraissati no You Tube, assim como encontrar alguns de seus álbuns pra ouvir na íntegra — como 7989, de 1999. Uma boa pra ver Geraissati tocando é assistir aos vídeos gravados pelo SESC em 2007 e 2014 no programa Instrumental Sesc Brasil, que têm som e imagens de qualidade. O mesmo programa tem uma entrevista com o músico em que ele conta as origens do Grupo D’Alma, seu relacionamento com grandes músicos como John McLaughlin e Egberto Gismonti e detalhes sobre as afinações e a regulagem que ele usa em seus violões e shows.

Não foi muito fácil fotografar o show, pois o silêncio na plateia e no palco era muito grande e, embora eu configure minha câmera para que ela fique o mais discreta possível, o som do clique ainda era audível e eu não queria atrapalhar o show. Mesmo assim, ainda pude fazer um álbum de fotos que eu coloquei no Flickr.

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