Lixomania
23.11.2017, Sesc Pompeia, São Paulo.
O ano de 1977, quando foram lançados discos seminais como Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols (Sex Pistols), Rocket to Russia (Ramones) e Spiral Scratch (Buzzcocks), é tido como a data de nascimento do estilo, embora outras bandas houvessem lançado seus fundamentos anos antes. Nessa mesma época, algumas bandas brasileiras abraçaram o movimento e os primeiros discos em vinil foram lançados a partir da década de 1980, dentre eles Violência e Sobrevivência, do Lixomania, produzido em 1982 pela própria banda e relançado pela Spicoli e Nada Nada Discos em 2011.
Também em 1982, o Sesc Pompeia promoveu o festival Começo do Fim do Mundo, um marco do punk rock brasileiro. O Lixomania, que estava entre as 20 bandas que se apresentaram em 27 e 28 de novembro daquele ano, voltou a subir ao palco do Sesc 35 anos depois para comemorar os 40 anos de punk rock.
A banda conta com duas lendas em sua formação: o vocalista Moreno e o baterista Miro de Melo, que também toca bateria na banda 365 e possui uma biografia lançada em 2013, além do guitarrista Rogério Martins e o baixista Luís Cecílio.
O repertório do show contemplou toda a carreira do Lixomania. Abriu com a (infelizmente) sempre atual “Presidente”, passou por diversos clássicos como “OMR (Ódio, medo e revolta)” e “Massacre inocente”, e fechou com “O punk rock não morreu”.
Ouvindo essa última música, perguntei-me qual a importância do punk nos dias de hoje.
Certamente o punk é menos relevante do que era há 35 anos, mas a resiliência de bandas como Lixomania e a existência de outras bandas que insistem em tocar músicas diretas, pesadas e que tratem de justiça social, opressão e violência urbana deve ser celebrada em uma época que a sociedade está cada vez mais anestesiada diante da desigualdade, conformando-se com os consolos que o consumo capitalista oferece.
Fiz um álbum com fotos do show que pode ser visto em minha conta do Flickr. No You Tube, também podem ser encontrados vídeos gravados durante o show, como este, com as três primeiras músicas do show, e uma apresentação da banda no programa Show Livre.
Setlist:
- Presidente
- OMR
- Quero ser livre
- Gerente
- Guerra nuclear
- Massacre Inocente
- Vigilantes
- Pesadelo
- Punk!
- Grito de ódio
- Realidade
- Escravo moderno
- Violência e sobrevivência
- Fugitivo
- Carta do Futuro
- Os punks também amam
- Delinquentes
- Evolução atrasada
- Zé Ninguém
- O punk rock não morreu
O Estadão fez uma matéria bacana sobre os 40 anos de punk, inclusive com fotos do festival Começo do fim do mundo: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,festival-em-sp-comemora-os-40-anos-do-punk-rock,70002088395 . Vale uma conferida.