Thundercat

Marcelo Garcia
fotografista
Published in
3 min readOct 4, 2017

17.08.2017, Sesc Pompeia, São Paulo.

O baixista Stephen Bruner, o Thundercat, ficou conhecido por sua mistura original e criativa de jazz, funk, hip-hop, psicodelia, rock e rhythm’n’blues. Já gravou e excursionou com Suicidal Tendencies, Snoopy Dogg, Erykah Badu e o saxofonista Kamasi Washington, além de ter participado do “clássico recente” e ganhador do Grammy To pimp a butterfly, de Kendrick Lamar. Alguns dos amigos famosos que estão na sua agenda participaram de seu último álbum, Drunk (2017): Além de Lamar e Washington, Pharrell Williams, Wiz Khalifa e Flying Lotus, o coprodutor do álbum que o convenceu a cantar em suas composições.

Thundercat subiu ao palco do Sesc Pompeia ao lado de Dennis Hamm (teclados) e Justin Brown (bateria). Abriram com a quase vinheta “Rabbot Ho”, emendada por “Tron Song”, ambas exibindo características de várias de suas músicas: o vocal em falsete explorando melodias delicadas e o baixo fazendo acordes.

Nesta primeira parte do show, os improvisos de Thundercat no baixo foram bastante livres e, aliados à bateria hiperativa de Justin Brown, criaram um clima de free jazz um tanto “difícil” para o ouvinte desacostumado ou para quem, como eu, prefere mais lirismo. Mesmo “A fan’s mail (Tron song suite II)”, com suas melodias flutuantes e bateria mais reta, e “Jethro”, que mostra bem os elementos de rhythm’n’blues que ele gosta de adicionar a suas composições, tiveram momentos de improvisação ausentes das versões em estúdio com bastante quebradeira (tem um video de “Jethro” feito durante o show aqui). “Lone wolf and cub”, bastante introspectiva em sua versão de estúdio, também teve seu momento de improvisação livre (confira o vídeo aqui).

Na segunda metade do show, o trio apresentou músicas um pouco menos viajantes e mais dançantes, a começar por “Bus in the streets”, que teve uma inserção de “These Walls”, música de Kendrick Lamar que conta com a participação de Thundercat no álbum To pimp a butterfly. A resposta do público, que já estava bem receptivo, foi dada à altura, com mais gente aproveitando a pista pra dançar.

“Heartbreaks + Setbacks” e a reggaeira “Them Changes” (vídeo desta música feito no show do dia seguinte aqui), “Daylight” e “Friend zone” mantiveram o povo dançando até o final do show. Sem perder o clima pra cima, Thundercat ainda voltou para o bis com “Lotus and the jondy” antes de deixar definitivamente o palco.

É impossível discordar de que Thundercat é um fenômeno a ser celebrado. Dono de grande habilidade como instrumentista, fazendo uma música sem concessões fáceis, cheias de passagens livres e malucas, recheando o som do baixo com efeitos viajantes, ele teria tudo para ficar restrito a um nicho e, mesmo assim, seu Drunk chegou ao sexto lugar na parada americana de rhythm’n’blues. É como se Frank Zappa fosse popular hoje em dia. Sinal que estamos menos acomodados e menos dispostos a aceitar enlatados musicais? Tomara.

Mais fotos deste show aqui: https://flic.kr/s/aHsm7PCqo2

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