Trio Corrente convida Hamilton de Holanda

Marcelo Garcia
fotografista
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3 min readOct 21, 2017

29/04/2017, Teatro Paulo Autran, São Paulo.

A música instrumental brasileira é de uma riqueza incrível. Os músicos brasileiros que se aventuram neste campo aliam a enorme diversidade rítmica que temos à sofisticação harmônica da música contemporânea e à liberdade da improvisação jazzística. Não é uma jornada fácil e atingir um patamar de excelência não é para qualquer um. É verdade que pouco desta riqueza chega ao grande público através das ondas do rádio, mas eventualmente grandes músicos são reconhecidos e premiados pelo seu talento e têm a chance de atingir um público maior. Este é o caso do Trio Corrente, que recentemente levou o Grammy latino na categoria melhor álbum de jazz latino por seu disco ao lado do cubano Paquito D’Rivera.

Abriram com uma sequência bacana de três músicas do álbum mais recente do trio, Volume 3, de 2016: “Maçã”, que tem um marcante arranjo de piano de Fabio Torres, “Desprezado” e o acelerado “Samba do Ribeiro”, composta pelo baterista Edu Ribeiro.

É sempre difícil destacar alguém em um grupo em que todo mundo é muito bom no que faz, mas o que mais me chamou a atenção foram as linhas de baixo e os improvisos melodiosos de Paulo Paulelli. Com igual desenvoltura no baixo acústico de cinco cordas e no baixo elétrico de seis, Paulelli é um daqueles músicos que, quando podem improvisar livremente, ainda o fazem de forma lírica, buscando melodias, cantando com o instrumento.

Após as três primeiras músicas com a formação de trio, sobe ao palco para completar o time de bambas o bandolinista Hamilton de Holanda, um dos mais extraordinários músicos brasileiros em atividade. Com Hamilton, mandaram “Baião Doce”, do trabalho-solo de Paulelli, “Nívea” (mais uma do Volume 3) e o clássico “Roda Viva”.

A qualidade das composições, dos improvisos e o nível de interação entre os quatro era de cair o queixo, e isso tudo com um clima de diversão, de brincadeira, que só grandes músicos conseguem enquanto quebram tudo em cima de um palco.

No final da apresentação, “A Saudade Vai Passar”, composição ainda inédita de Hamilton, foi a base que os excelentes músicos usaram para mandar seus improvisos finais. Terminaram em clima de festa e foram aplaudidos em pé pela plateia extasiada.

É fácil encontrar os trabalhos do Trio Corrente em plataformas de streaming como o Spotify e também no You Tube, mas, se eu fosse você, iria direto assistir à ótima apresentação do trio gravada no programa Instrumental Sesc Brasil.

Coloquei mais fotos desse show em um álbum na minha conta do Flickr.

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