Não Pertencimento

Abrindo os olhos mais uma vez
Pela angústia sem sentido que é toda a vida
Uma existência dissonante caminhando em direção ao nada
Uma imagem falsamente pintada na ausência de razão

Peças repugnantemente perfeitamente ajustadas
De alguma forma eu sei que não pertenço a esta criação
Nuvens, árvores, carros, pessoas, mentiras…
Eu olho em volta e tudo que sei é que odeio tudo isso

Não me sinto parte da arquitetura cósmica
A dor de estar entre esta natureza frágil e inerte
Aumenta a sensação de não pertencimento
E o desejo ardente pelo fim de tudo

A serpente discordante dentro da minha alma
Às vezes sibila, às vezes sufoca
Cada dia que passa me lembra
O imenso sentimento de não pertencimento

Em constante desarmonia sigo meus passos
Através da simulação onde fui inserido
O poderoso veneno continua a escorrer
E a chama poderosa continua a queimar em mim