Para os jovens, o YouTube é a nova televisão

Francelle Machado
Aprendiz de Bookaholic
4 min readJan 4, 2018

Matéria produzida para a faculdade de Jornalismo da PUC-RS, em setembro de 2015

Imagem: Pexels

Com o desenvolvimento ininterrupto de novas formas de utilização da internet, a época em que adolescentes e jovens passavam as manhãs ou tardes em frente a televisão se afasta cada vez mais. Hoje, esse público protagoniza um período de "migração" para meios on-line de exibição de vídeos, na busca por uma programação ainda mais personalizada.

De acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada em 2015 pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, 41% das pessoas na faixa etária dos 26 aos 35 anos declarou não assistir televisão, enquanto o número alcança 51% dos pesquisados entre os 16 e 25 anos de idade. A pesquisa aponta, ainda, que 65% dos jovens na mesma faixa etária mais nova acessa a internet todos os dias da semana. Entre as pessoas de 26 a 35 anos o número cai para 50%, e conforme a idade aumenta, o número registra ainda mais quedas. Desta forma, a internet se mostra um terreno mais explorado pelos jovens brasileiros.

Porcentagem de usuários e não-usuários da internet, de acordo com a SECOM do Governo

Dentre as redes sociais mais utilizadas na internet, a pesquisa do SECOM do Governo Federal indica o Facebook (acessado por 83% dos pesquisados que afirmam utilizar a web), o Whatsapp (acessado por 58% dos internautas) e o YouTube, que recebe o acesso de 17% dos pesquisados e é visto como uma das maiores plataformas de disseminação de vídeos na rede mundial de computadores. Visto que, dos entrevistados pela pesquisa que afirmaram utilizar a internet, 67% disseram utilizá-la como fonte de entretenimento e lazer, o número de internautas ativos, inclusive no YouTube, mostra um contraponto à queda do número dos jovens que assistem televisão. Tais informações apontam uma provável substituição de um meio de comunicação por outro.

Dados obtidos na página oficial do YouTube revelam que o número de horas de exibição dos vídeos do site aumentam em 60% a cada ano, e o número de pessoas que assistem vídeos no site aumenta em 40% por ano. O levantamento feito pelo site mostra, ainda, que as pessoas já adotam comportamentos parecidos com o que exercem ao assistir a televisão, enquanto acessam o YouTube: cresce em mais de 3 vezes por ano o número de usuários que começa a assistir os vídeos desde a página inicial, sem buscar vídeos específicos, comportamento este que remete ao praticado por usuários de televisão por assinatura.

Em nível mundial, a possível substituição da televisão pela programação do YouTube também é registrada. Uma pesquisa realizada pelo instituto Nielsen, em parceria com o Google, menciona que o YouTube alcançou visualizações superiores, entre a faixa etária de 18 e 34 anos, do que qualquer rede de televisão a cabo nos Estados Unidos, em dezembro de 2014. Além disso, na faixa etária de 18 a 49 anos, o número de pessoas que assistem televisão caiu em 10% entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, enquanto o tempo que as pessoas gastaram no site de vídeos aumentou em 44%, no mesmo período.

Voltando ao Brasil, o número de usuários de televisão por assinatura caiu 0,3% no segundo semestre de 2015 se comparado com o primeiro semestre, de acordo com a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), enquanto as assinaturas de internet banda larga aumentaram 3,3% no mesmo período. Em comparação com dados de 2014 fornecidos ainda pela ABTA, o crescimento do mercado de televisão por assinatura fica em 3,2% em 2015, perdendo espaço para a internet banda larga, que registra, no mesmo ano, um aumento de 9,8%.

Número de assinantes de televisão paga e internet banda larga no Brasil, segundo a ABTA.

Com o lento declínio da televisão por assinatura e uma nova geração de internautas que, aos poucos, abandonam formas padronizadas de disseminação de conteúdo, a internet e, consequentemente, o YouTube, ganham o público pela personalização do conteúdo e pela facilidade no acesso à rede, que vem progredindo no Brasil.

Fontes:

Pesquisa Brasileira de Mídia, SECOM da Presidência da República.

Estatísticas Oficiais do YouTube

Pesquisa The Evolution Of Digital Video Viewership, do instituto Nielsen em parceria com o Google

Dados do setor, fornecidos pela Associação Brasileira de Televisão por Assinatura

--

--

Francelle Machado
Aprendiz de Bookaholic

Estudante de Letras, Jornalista de formação e futura tradutora. Revisora textual, estagiária em Produção Editorial e pseudo-cronista nas horas vagas.