Descontinuar e desinverter [não inverta a ordem]
A música no YouTube foi interrompida por uma propaganda:
SAÚDE
FAMÍLIA
TRABALHO
NÃO INVERTA A ORDEM
Com essa frase, minha atenção foi imediatamente capturada. Assisti à propaganda inteira, que tratava do desafio A Virada, proposto pelo mentor de alta performance Joel Jota. A promessa era disponibilizar dicas e informações durante cinco dias, por meio de lives no Instagram, para alavancar a saúde.
Confesso que gostei da ideia. Mas, no primeiro dia, fui arrasada por um sono indomável, que me impossibilitou de assistir não só a primeira como as outras quatro. [Detalhe: as lives começavam às 5 horas].
Mas, essa crônica não é sobre os meus descontroles do sono, tampouco sobre o trabalho de Joel Jota, afinal, como você pode perceber, eu não consigo acompanhar muito bem seus conteúdos. Essa crônica é tão somente sobre inversões.
Eu realmente acredito que é exatamente a inversão dessa ordem [saúde, família e trabalho] que trouxe e traz tanta desordem para nossa vida. A produtividade acima de tudo tem deixado visíveis marcas enfermas nos relacionamentos familiares e na sanidade física, mental e emocional. A massacrante falta de tempo tem desconectado vínculos e devorado a energia vital que nos sustenta. A apatia e o burnout são consequências diretas. Mas, antes disso, vários sinais indicam que algo não vai bem; uma dor de cabeça frequente ali, discussões sucessivas acolá, filhos crescendo distantes, pais envelhecendo sem a presença dos seus, mais olhos vidrados nas telas… [E aqui poderia listar numerosos outros indicativos].
Então, uma possível forma de descontinuar isso é “desinverter” e, assim, voltar à ordem certa das coisas [saúde, família e trabalho]. Uma coisa interessante que foi dita na propaganda é que, obviamente, não se divide o tempo igualmente para as três áreas. Mas, a grande chave é saber desenhar a vida nessa ordem, estabelecendo, em primeiro lugar, um estilo de vida mais saudável (nutrição física e mental, exercícios físicos e tudo aquilo que você sabe que faz bem para a saúde e ainda não está fazendo); criando momentos de qualidade para os relacionamentos familiares e interpessoais (isso significa estar realmente presente enquanto brinca com seus filhos, janta com sua esposa, escuta os seus pais, conversa com seus amigos…); e, então, disponibilizando energia equilibrada para o trabalho. Afinal, na falta de saúde e das pessoas que amamos, de nada adianta nosso trabalho.
Muitos podem argumentar: “é muito fácil falar, mas no dia-a-dia, na correria é muito difícil, não dá tempo, eu não consigo me organizar…”. E, então, eu vou retrucar e encerrar com a célebre frase atribuída a Dalai Lama:
O que mais surpreende é o homem, pois perde a saúde para juntar dinheiro, depois perde o dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido.
