O homem é romântico, a sociedade que o corrompe
Rosas. Cartas. Jantar a luz de velas. Pra mim era a tríade sagrada do romantismo. Fui moldado socialmente a acreditar nisso, através dos filmes, propagandas (principalmente a de 12 de junho), livros, histórias e etc.
Romance para filmes estava no meu top 3 de gêneros; era da turma do que chora assistindo a mesma cena diversas vezes. Adorava ouvir sobre relacionamentos, tinha sonho de colocar um banquinho em uma praça qualquer, com uma placa “escuta-se histórias de amor”. Ali iria ficar ouvindo e chorando.
Com 24 anos, apesar de não ter uma vasta experiência, isso tudo relatado acima faz parte da minha história. Fui além de pensar, já dei rosas, escrevi cartas, preparei jantar romântico. Lembro que fiquei nervoso no dia, decorei um discurso e na hora não saía nada. Repetiria isso? Não.
Acostumamos com o fato de que você é romântico ou não é, e a fórmula do romantismo já é pré-estabelecida. Você olha para filmes e novelas e vê a vida, o romance e quer viver aquilo, mas não se enxerga naquilo, não consegue reproduzir o que é passado. Nisso tudo, se pergunta: eu não consigo proporcionar e receber isso? Sou digno disso?
Outros diversos questionamentos passam pela sua mente, inclusive os de crise de existência: “ora, se para conquistar o final feliz, eu preciso ser romântico e não consigo alcançar tal patamar, o que se fazer?”
Busca viver. Já na metade da terceira década, entre erros e acertos, você percebe que a solução é criar o seu próprio romantismo. Enxerga que há outras diversas formas de viver, de relacionar, de amar.
A sociedade nos dá uma fórmula, um rascunho. É preciso contrariar e riscar aquilo, e remendar. Criar o seu próprio romantismo, definir com base na sua vivência e no seu redor, a sua definição, chegando numa singularidade para se relacionar.
Meu rascunho está na eterna fase de modificações. Do original, risquei flores; as cartas eu lembro das dores nas mãos, então descarto (as vezes). Dos vídeos salvos, guardo um ou outro. Jantar romântico, eu troco por um pastel. Minhas lágrimas já não escorrem na mesma proporção com esse tipo de sentimentalidade.
Às vezes sou a própria placa “proibido cenas amorosas”. Em outros momentos, quero fazer gols e dedicar para alguém. Ainda gosto de ouvir sobre histórias de amor, mas me interesso também sobre as dores. Não tem aquele ditado “com erros também se aprende”? Pois bem, nesse ponto de romance, a gente está num eterno aprendizado.
Ygor Rodrigues é um jornalista que já transitou pelo interior de Minas Gerais. Apaixonado em ouvir e contar história. Bem multimidiático, manja de mídias sociais, designer e edição de vídeos. Geminiano, multiatleta e umbandista. Está sempre num eterno aprendizado.