Por onde anda o teu amor?
O título pode entregar que esta seja uma crônica de um amor louco por outra pessoa e a saga de descobrir por onde ela anda. Mas não, esse texto é sobre você. Por onde anda você, meu caro? Por onde anda o amor próprio que um dia você se prometeu? Por onde anda o cuidado com si, todos os dias, apesar de tudo?
Quando soltamos em uma roda de conversa a palavra amor, na esmagadora maioria das vezes este sentimento é associado a outra pessoa, responsável quase que unicamente por te fazer feliz e proporcionar dias de plenitude. Acontece que nessa polarização, esquecemos das inúmeras formas de amor e que limitá-lo ao outro é tiro no pé e dor de alma.
Essa redução do amor diz muito sobre a sociedade contemporânea: a personificação do outro como um objetivo a ser alcançado; como um retrato do que nos falta; como um depósito de expectativas no próximo; como uma falta de mim.
O amor é um exercício difícil, requer cuidado, atenção, carinho, paciência e tantos outros incontáveis adjetivos. Talvez seja o sentimento mais desafiador, porque exige de cada um a doação de corpo e alma. E quando falamos no primeiro amor, o próprio, a responsabilidade aumenta.
Aumenta porque se amar em um mundo que prega o amor para o outro já é um fardo a mais. Se olhar no espelho e enxergar a pessoa incrível que é; ver suas marcas representadas em seu olhar, seu sorriso, seu corpo é um ato de amor heroico; identificar-se como autor do amor primeiro é necessário.
Na busca do seu amor, curar as próprias feridas é um grito que tem de ser ecoado aos quatro cantos. Por isso, se precisar de ajuda profissional, procure-a. Não tenha medo, o auxílio psicológico irá te ajudar a se encontrar e se amar cada vez mais. Afinal, nossa saúde mental importa.
Neste processo observamos a importância de reconectarmos com a essência do nosso ser e assim, enxergar a mais bela poesia do eu, entranhada em suas vivências, desafios e momentos — dos mais felizes aos mais dolorosos.
Dito isso, espero de coração que você encontre o seu amor próprio. Ele pode estar silenciado ou até esquecido, mas está aí, no íntimo do teu ser, louco para responder: o meu amor próprio está bem, obrigada!
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