Você nunca estará pronta
Pensamentos entediados, falta de foco, uma certa angústia fazendo o coração trabalhar mais pesado que o normal. Eu parei, sentei, respirei e prestei atenção no que viria.
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Para minha surpresa, obtive uma informação bem categórica.
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Você nunca estará pronta!
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Foi exatamente isso que a clareza divina sussurrou no meu ouvido, diante da aflição por não me sentir qualificada para o novo desafio que está prestes a se apresentar para mim.
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Simples! É isso! Você nunca estará pronta, então, começa a caminhada assim mesmo. Parece óbvio. E é. Mas às vezes o óbvio está tão obscurecido que soa como algo sobrenatural.
No instante seguinte, comecei a lembrar de vários momentos nos quais eu tão somente fui… na cara e na coragem. Entrar na graduação e no mestrado, por exemplo. Você acha mesmo que alguém está pronto para isso? Ouso dizer que, alguém que se declara pronto, na verdade, não faz a menor ideia do que diz. Você acha que depois de finalizadas essas etapas, eu estava pronta? Mais desconstruída impossível.
Outra situação, começar o meu empreendimento [inclusive, vai lá conhecer @alegra.arteholistica]. Será possível que alguém esteja pronto para essa aventura? Estou há quatro anos e cada dia é um recomeço [todo santo dia e não é brincadeira].
E, agora, se for analisar bem, não encontro nenhuma conquista que não tenha sido assim, muitas vezes sem ter a menor noção do que estava fazendo. Um passo de cada vez, construindo o caminho no meio da caminhada. Nada de estradas graciosas com flores no trajeto, muito menos uma rota prescrita e acertada; nem por isso menos belas.
É óbvio? Talvez. Mas o óbvio também precisa ser dito para que a nebulosidade mental se acalme e, no afã de pensar que precisa estar pronta para alguma coisa, não perca o fio da meada e a oportunidade de se abrir para o novo e, consequentemente, para a beleza da vida.
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Que alívio relembrar que não preciso estar pronta para começar ou recomeçar ou continuar qualquer coisa. Que bom perceber que a única coisa para a qual precisamos estar prontos é definitivamente não estar prontos para nada, porque o pronto se encerra em si mesmo e exclui a grande dádiva da vida que é ser surpreendida o tempo todo. Qual seria a graça se tudo estivesse concluído no pronto?
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Respirei de novo. A mente aliviou. A angústia deu lugar à confiança de que o melhor do caminho é a caminhada, e não necessariamente o destino. Peguei o bloco de anotações e as mãos praticamente criaram vida própria e escreveram o que você leu agora. Estou em paz.
