Egoísmo humano e solidariedade utópica em “O Poço”

A produção original Netflix trata, de forma assustadora, da sociedade e de seus desvios de moral e empatia

Gabriela Prado
caixadesaturno
3 min readMar 31, 2020

--

Imagem: Netflix/reprodução

Lançado no fim de 2019, o filme “O Poço” (“El Hoyo”), original Netflix, aborda uma sociedade corrompida pela ganância, gula e egoísmo, não vendo alternativa de ajudar o próximo se isso lhe tirar um pouco do pouco que se tem. Censura: 16 anos.

Dirigido pelo diretor espanhol Galder Gaztelu-Urrutia e vencedor do Prêmio Goya — o mais importante prêmio espanhol de cinema — na categoria Melhores efeitos especiais, este filme de ficção científica/suspense tem cenas fortes e mensagens ainda mais, principalmente pelo seu teor sensível — socialmente falando — e imagens e sons agonizantes. Ao abordar uma sociedade em pirâmide, “O Poço” incita o pensamento sobre o que é e o que não é passível de escolhas e como você lida com elas.

Goreng (imagem: Netflix/reprodução)

O personagem central, Goreng (Iván Massagué), acorda em uma sala com um fosso no meio e um estranho à sua frente, sem entender o que acontecerá. Pelo o que se pode ver no trailer, tudo se trata de comer: os níveis acima comem o que os de baixo comerão, ou seja, os restos.

Claramente, já pela ideia do filme, é nítida a mensagem de que os privilégios mudam todas as opções de uma pessoa e, ocasionalmente, suas decisões. Quem está embaixo tem de lidar com as escolhas dos que estão em cima, sejam elas boas ou ruins. Além disso, trata também da nossa atual situação pandêmica.

E com esse ponto, o filme se desenrola de forma tensa, nojenta — não recomendo assistir enquanto come — e assustadoramente envolvente, com as ações e reações dos personagens sendo feitas e mostradas com calma e afinco, explorando a moral humana e o pensamento na sociedade como um todo.

Imagem: Netflix/reprodução

As atuações da produção também são elementos importantes para toda a trama, pois a cada gesto ou expressão facial nota-se o pavor real dos envolvidos no grande poço, feito com a intenção de estudar e analisar até onde a essência humana pode ser solidária ou individualista. Confira o trailer:

É difícil não soltar nenhum spoiler, mas adianto que não é para os de estômago fraco, seja pelas cenas esdrúxulas de comidas pisoteadas ou pela sanguinária estética do filme trash. A utopia de uma sociedade “curada” do egoísmo é a base de “O Poço”, surpreendentemente envolvente e com análises superficiais e, ao mesmo tempo, profundas sobre moral, empatia e entender-se dentro de um ciclo — e não no centro.

Obrigada por ler o blog fricativando! Ele retornou depois de muitas idas e vindas e precisa do seu apoio — compartilhe, divulgue e interaja através dos comentários! Se gostou deste texto, deixe suas palminhas — elas vão de 1 a 50! ❤

--

--