“Feel Good” e as discussões sobre dependência, aceitação e felicidade

A nova série da Netflix, estrelada pela comediante de stand-up Mae Martin, aborda temas pesados com delicadeza e dor

Gabriela Prado
caixadesaturno
3 min readApr 2, 2020

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Imagem: Netflix/divulgação

Lançada em março deste ano, a série “Feel Good”, original Netflix, tem uma história intensa e um desenvolvimento delicado sobre dependências, física e emocional, definições de felicidade e descobrimento pessoal, além de contar com estética interessante e discussões secundárias importantes. Censura: 16 anos.

A canadense Mae Martin interpreta a personagem Mae Martin, uma comediante de stand-up e ex-viciada, apresentando uma atuação muito convincente e orgânica e entregando um papel firme e sólido. Acompanhando a narrativa, temos George (Charlotte Ritchie) como sua affair, uma “ex-hétero” em fase de descobrimento e aceitação.

Imagem: Netflix/reprodução

Também temos no elenco a eterna Phoebe, de “Friends”, Lisa Kudrow, dando vida à mãe de Mae. Não posso falar mais sobre ela se não libero um spoiler, mas posso dizer que, como qualquer papel de Lisa, simpatizamos com ela e vemos seu humor de sangue em sua atuação. Seu papel na história como um todo é fundamental.

Voltando à trama de “Feel Good”, pelo trailer já vemos que a série é carregada de intensidade, principalmente por tratar de drogas, relacionamentos afetivos e aceitação e autoestima.

Mae vive uma luta diária contra sua dependência química e George um embate interno sobre como se mostrar o que realmente é — e por isso a vulnerabilidade é o ponto principal da série, abordando como podemos ser abertos nas nossas relações e como podemos, também, nos fechar por decisões e ações do passado, influenciando nossa forma de se conectar com os outros e de expressar sentimentos, sejam eles pessoais ou profissionais.

Imagem: Netflix/reprodução

Sentir-se vulnerável e frágil faz parte da essência humana, assim como sentir que há controle sobre as emoções e ações alheias, mas tudo isso vai por água abaixo quando o amor e a felicidade entram em jogo, pois não é alegria se você se sente mal ou se priva de ser você mesmo pela não aceitação do outro. E o amor não é somente sobre aceitação, mas também sobre apoio, empatia e assumir erros.

Já a dependência emocional é muito explorada e relatada em “Feel Good”, mostrando as facetas de uma relação baseada em sentir-se incompleta e insuficiente para a outra pessoa e como isso influencia em outros laços, como de amizade, de família e de carreira. Assédio sexual também é retratado brevemente em um dos seis episódios da primeira temporada, tendo sido uma escolha prudente mostrar o assunto de forma sutil e rápida, em decorrência de toda a carga da narrativa.

Com muita dor e também muita delicadeza — pontos super positivos para a Netflix, por ser representativa e ainda cuidadoda —, “Feel Good” expõe os altos e baixos de uma ex-viciada enquanto tenta se firmar como indivíduo em recuperação e como se vê diante das próprias relações e também como duas pessoas, em estado e êxtase, amor e dúvidas, podem sentir-se completas “sem a outra parte”.

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