Plácido de Castro x Galvez: o clássico da Revolução Acreana

Caio Morais
Fut_Acre
Published in
4 min readFeb 25, 2018
Galvez x Plácido de Castro, em 2017

Com histórias profissionais relativamente curtas, Plácido de Castro e Galvez constituem a atual segunda força do Futebol Acreano, sendo a primeira composta por Rio Branco e Atlético. São de duas cidades diferentes, já que o Galvez é da capital e o Plácido de Castro da cidade homônima. Quando o Galvez foi fundado, o Plácido já existia há 31 anos (embora apenas 3 como clube profissional). Sendo assim, o que esses dois times têm em comum?

Tanto o Galvez EC, clube ligado à Polícia Militar do Acre, e o Plácido de Castro FC homenageiam dois grandes nomes na história riquíssima do estado. Ambos participaram do maior episódio envolvendo o Acre. Segue a história:

Para entender quem foram os dois personagens, é preciso voltar ao ano de 1852. O que hoje se compreende como o Acre, na época era um território boliviano. Porém, o Acre não fora ocupado pela Bolívia em parte por conta do difícil acesso ao local. Após a Revolução dos Transportes nos EUA e na Europa, a borracha se tornou extremamente importante. De todo o mundo, quase toda a borracha consumida no mundo saía da Amazônia, dessa forma, o preço da borracha subiu, no final do século XIX. Colonos brasileiros começaram a ocupar essa região, motivados pela abundância da seringueira na região.

Muito tempo depois, em 1898, a Bolívia enviou um exército de ocupação para o Acre e instalou uma alfândega em Puerto Alonso (hoje Porto Acre), gerando revolta armada dos colonos brasileiros, apoiados pelo governo do Estado do Amazonas e liderada pelo advogado José de Carvalho. Então, os bolivianos foram forçados a deixar a região.

Em paralelo, foi descoberta a existência de um acordo diplomático entre a Bolívia e os Estados Unidos estabelecendo que haveria apoio militar americano à Bolívia em caso de guerra com o Brasil.

Luís Gálvez Rodríguez de Arias

Foi Luis Gálvez Rodríguez de Arias quem descobriu e denunciou ao Governador do Amazonas tal acordo. O Governo do Amazonas organizou o ingresso no Acre de uma unidade de aventureiros, cedendo, clandestinamente, armamento pesado para eles.

Em Puerto Alonso, Gálvez proclamou a independência do Acre em relação à Bolívia e ao Brasil, no dia 14 de julho de 1899.

Apesar da motivação dada pelo Governador do Amazonas, o Governo Brasileiro, com base no Tratado de Ayacucho (1867), considerava o Acre território boliviano, e enviou tropas que dissolveram a República Independente do Acre.

Nessa época a Bolívia organizou uma missão militar para ocupar a região. Ao chegar em Puerto Alonso (já Porto Acre), os militares foram impedidos pelos seringueiros de avançar. Os brasileiros receberam apoio do novo governador do Amazonas, Leonardo Bertoni, que enviou uma nova expedição, a Expedição dos Poetas, sob o comando do jornalista Orlando Correa Lópes, que proclamou a Segunda República do Acre em novembro de 1900, tendo Rodrigo de Carvalho assumido o cargo de presidente.

Mas esta segunda república também foi dissolvida, dessa vez pelos militares bolivianos, em 1902.

Apesar dos dois países negarem o acordo com os Estados Unidos citado anteriormente, em 1901 a Bolívia assinou um contrato de arrendamento do Acre com um sindicato de capitalistas norte-americanos e ingleses. Pelo contrato, o grupo, chamado de Bolivian Syndicate, assumiria total controle sobre a região, inclusive militar.

José Plácido de Castro

Esse ato incomodou o governo central do Brasil, que enviou o militar gaúcho José Plácido de Castro para o Acre. Lá, ele fechou acordo com os seringueiros, e treinou-os para confrontar os militares bolivianos. Foram inúmeras batalhas travadas entre os bolivianos e os seringueiros, quase todas vencidas pelas tropas de Plácido de Castro. Até que os militares se renderam aos acreanos, e Plácido proclamou a 3ª República do Acre, que agora era apoiada pelo presidente brasileiro Rodrigues Alves e o Ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio Branco.

Entretanto, a Bolívia não concordava com o Acre independente, e preparou então uma tropa para ser enviada ao Acre. Barão do Rio Branco, querendo evitar um confronto de maior proporção, assinou [junto a Assis Brasil, outro diplomata] um acordo com o presidente da Bolívia, que ficou conhecido como Tratado de Petrópolis. Nele, o Brasil pagaria uma quantia para aquela época exorbitante, e anexaria o Acre ao seu território.

Plácido de Castro ainda foi o primeiro presidente do Território do Acre (antes de se tornar um estado, em 1962).

A capital do Acre, Rio Branco, é uma homenagem ao Barão do Rio Branco. Plácido de Castro e Assis Brasil também têm cidades em homenagem a seus serviços prestados para concretizar a vontade dos acreanos.

Histórico do confronto

O primeiro Plácido x Galvez foi em 2013, na primeira temporada do Galvez na Série A do Acreano. A partida foi no Estádio Florestão, e terminou com resultado de 1 a 0 para os placidianos.

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