5 livros de futebol para comprar na Festa do Livro da USP

Evento virtual acontece até o dia 15/11 e livros estão com desconto de no mínimo 50% do valor de capa

Bruno Rodrigues
Futebol Café
7 min readNov 12, 2020

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(Crédito: Festa de Livros da USP)

Realizada desde 1999, a Festa do Livro da USP precisou se adaptar à realidade deste triste 2020 pandêmico. Por conta da Covid-19, o evento migrou integralmente para as plataformas digitais, onde as editoras puderam expor seus títulos e os amantes da literatura, comprar seus livros.

O desconto mínimo nas obras é de 50% do valor de capa. Em alguns sites de editoras, o preço final já está descontado, mas em outros é preciso incluir um cupom para pagar o valor correspondente ao desconto da feira.

A Festa do Livro da USP acontece até domingo (15), às 23h59.

O Futebol Café fez uma busca pelas editoras participantes do evento e encontrou alguns bons livros de futebol que merecem a sua atenção. Confira a nossa lista de 5 livros de futebol para comprar na feira.

Futebol à Esquerda — Quique Peinado
Editora Mundaréu, R$ 24,00 (já com desconto)

(Crédito: Futebol Café)

O livro de Quique Peinado é uma espécie de guia definitivo para quem ainda tem dúvidas de que futebol e política andam lado a lado. Os exemplos retratados na obra do jornalista espanhol mostram como jogadores de nacionalidades e contextos distintos remaram contra a maré do establishment futebolístico para mexerem nas estruturas do esporte.

Há exemplos de atletas que lutaram pela fundação de sindicatos, outros ligados ao ETA, a organização separatista do País Basco, até a história de Luciano Lucarelli, o centroavante italiano que recusou uma oferta muito mais lucrativa na carreira para defender o clube do coração, o Livorno, cuja cidade e torcida estão historicamente ligadas ao Partido Comunista Italiano.

Publicado no Brasil em 2017, Futebol à Esquerda tem prefácio do jornalista Celso Unzelte, que conversou com o blog sobre o livro (confira aqui).

Link para compra:

La Doce: A explosiva história da torcida organizada mais temida do mundo — Gustavo Grabia
Panda Books, R$ 21,40 (já com desconto)

Edição argentina de “La Doce”, de Gustavo Grabia. A edição brasileira, disponível na feira, é publicada pela Panda Books (Crédito: Futebol Café)

Ótima opção na feira para o leitor que se interessa pela temática das torcidas organizadas no futebol. La Doce, do jornalista argentino Gustavo Grabia, é um livro-reportagem sobre a barra brava do Boca Juniors e sua atuação histórica, com influência não só da Bombonera ou dos muros xeneizes para dentro, como por exemplo organizando os estacionamentos, pontos de venda de comida e a comercialização dos ingressos cedidos pela diretoria do clube, mas presente também na política argentina, ampliando sua máquina de poder.

Grabia, em um trabalho que além de muito bem detalhado é extremamente corajoso, conta como o problema da violência no futebol argentino é uma questão para a qual nunca se quis encontrar uma solução — a primeira morte registrada por um torcedor argentino foi em 1924, no Uruguai.

Desde 2013, torcedores visitantes estão proibidos de ir a estádios no país, medida superficial que tira grande parte da responsabilidade do poder público de organizar a segurança do espetáculo. O que não impede a violência de emergir em outros locais, como as dependências dos clubes em conflitos pela tomada do poder dentro das próprias barras.

Link para compra:

Fechado Por Motivo de Futebol — Eduardo Galeano
L&PM Editores, R$ 24,95 (já com desconto)

(Crédito: Futebol Café)

“Para começar, uma confissão: desde que era bebê, eu quis ser jogador de futebol. E fui o melhor dos melhores, o número um, mas só em sonhos, enquanto dormia”, escreveu Eduardo Galeano nas primeiras páginas de Fechado Por Motivo de Futebol, uma antologia de textos do escritor uruguaio sobre o esporte que ele conseguiu dominar com as letras.

Neste livro, Galeano oferece um olhar mais particular do autor do que no clássico Futebol ao Sol e à Sombra. São escritos do uruguaio que estão espalhados por sua vasta obra, além de alguns inéditos, como a crônica em que, indignado, chama Che Guevara de traidor depois que o rosarino trocou o futebol pelo beisebol em Cuba.

A obra também traz uma entrevista de Galeano à Revista El Gráfico, em 1995, e seu discurso quando recebeu o prêmio Manuel Vásquez Montalbán, concedido pelo Barcelona a ele em 2010, no qual dedicou a premiação ao ex-presidente Josep Sunyol, assassinado pelo franquismo.

Atenção: para conseguir o desconto da Festa do Livro da USP, é preciso incluir o cupom FLUSP2020 na hora da compra!

Link para adquirir o livro:

La Cancha Infame: A história da prisão política no Estádio Nacional — Maurício Brum
Editora Zouk, R$ 15,50 (já com desconto)

(Crédito: Editora Zouk)

Em Fechado Por Motivo de Futebol, Eduardo Galeano escreveu sobre o duelo entre Chile e União Soviética em 1973, válido pela repescagem para a Copa do Mundo do ano seguinte, na Alemanha. Os soviéticos se recusaram a viajar para o jogo de volta em uma manifestação de oposição ao regime militar comandado pelo general Augusto Pinochet, que havia liderado meses antes o golpe que assolaria o país por quase duas décadas.

A Fifa, entretanto, obrigou os chilenos a entrarem em campo no Estádio Nacional de Santiago mesmo sem a presença da equipe soviética. A seleção sul-americana deu o pontapé inicial e, sozinhos no gramado, trocaram passes até que Francisco Valdés chutou para o gol vazio e fez 1 a 0. Sem adversários para reiniciar a partida, a Fifa encerrou o confronto e confirmou a classificação do Chile.

No livro La Cancha Infame, Maurício Brum explica como o Estádio Nacional, palco daquela partida insólita, se transformou em uma grande prisão política durante os anos de chumbo no país, acumulando histórias de torturas e assassinatos debaixo de suas arquibancadas. Para o jogo contra a União Soviética, inclusive, o local já servia de campo de concentração e foi maquiado para receber o compromisso mundialista.

Falei sobre essa partida e esse contexto político no podcast Bola de Chumbo, que produzi com Alberto Nogueira na Folha de S. Paulo. Maurício nos concedeu uma entrevista e nos ajudou a explicar o que Eduardo Galeano chamou de “o jogo mais triste da história”.

Link para compra do livro:

http://www.editorazouk.com.br/pd-517d9f-la-cancha-infame-a-historia-da-prisao-politica-no-estadio-nacional.html?ct=&p=1&s=1

O futebol — Mário de Andrade, Lima Barreto e Alcântara Machado
Edições Barbatana, R$ 12,50 (já com desconto)

“O futebol”, com a sobrecapa e a gravura do artista João Churchill (Crédito: Edições Barbatana)

Já imaginou ter três dos mais importantes escritores brasileiros se debruçando sobre o futebol? Pois bem, é no que consiste este livro da série Outros Passos, da Edições Barbatana, que se propõe a discutir e definir temas da vida em sociedade. Mérito para a editora que considerou o futebol como elemento importante para essa discussão.

Autor de Brás, Bexiga e Barra Funda, Alcântara Machado fala sobre o futebol de rua do início do século 20 e a confluência de brasileiros e italianos no dia a dia paulistano da época; Mário de Andrade escreve a respeito de uma goleada sofrida pela seleção brasileira para a Argentina no Maracanã, análise publicada em edição do Estado de S. Paulo, além de um extrato de Macunaína sobre a invenção do futebol; e Lima Barreto, um célebre crítico da bola, publicou em textos na imprensa carioca a sua opinião de como o football, o “jogo dos pontapés”, não daria certo no Brasil por ser um privilégio das elites e, consequentemente, por não interessar ao povo.

Além dos textos, a edição de O futebol publicada pela Barbatana acompanha uma sobrecapa e uma gravura interna do artista gráfico João Churchill, que podem ser emolduradas.

Link para compra:

http://www.edicoesbarbatana.com.br/pd-32dc3a-o-futebol-mario-de-andrade-lima-barreto-alcantara-machado.html?ct=141d89&p=1&s=1

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