Tour futebolístico por 4 livrarias de Buenos Aires que você precisa conhecer

Na visita à capital da Argentina, o blog fez um tour pelas livrarias da cidade para saber qual a pegada futeboleira de cada uma delas

Bruno Rodrigues
Futebol Café
16 min readMar 1, 2018

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Ir a Buenos Aires e não entrar em uma livraria é um desafio até para quem não gosta de ler. Espaços como a Librería de Ávila ou a Ateneo Grand Splendid carregam histórias importantes relacionadas à cidade e à vida cultural da capital argentina. E se tratando de Argentina, claro, suas estantes estão recheadas de livros sobre futebol — algumas mais, outras menos, mas sempre com opções para quem ama o fútbol.

O Futebol Café esteve na cidade e realizou um tour pelas livrarias portenhas para conferir o que elas têm à disposição em termos de literatura futeboleira, além de oferecer uma boa opção de passeio pelas regiões dessas livrarias aos que tiverem a oportunidade de conhecê-las. Pois sabe como é: às vezes você está passeando por uma rua e, “por acidente”, cai numa livraria cheia de obras sobre o futebol argentino e seus mais diversos aspectos.

Confira nossa lista de quatro livrarias portenhas que você precisa visitar e o que encontramos de futebol em cada uma delas.

El Ateneo Grand Splendid

É um clichê de Buenos Aires? Sim. Mas é o tipo de clichê que vale a parada. Por fora, vista da Avenida Santa Fe, sua fachada entrega pouco do que é o seu lindo interior. Localizada em um antigo teatro construído em 1919, recebeu espetáculos de tango até 1926, quando virou cinema. A experiência com a telona durou mais de 70 anos, até que o espaço foi comprado pela rede de livrarias Yenni, responsável pela reforma da casa como é conhecida hoje.

Chama a atenção na Ateneo um fator curioso relacionado ao nosso tema: há uma seção só para “Fútbol”, enquanto outras duas estantes dispõem obras sobre (outros) “Deportes”. Localizada no primeiro andar do edifício, a estante de futebol faz jus à fama da livraria. Livros sobre diferentes clubes argentinos, biografias, lançamentos. Muito do que há de mais novo e relevante relacionado ao assunto.

Vamos a algumas das coisas mais interessantes que achamos por lá:

  • “Este Soy Yo”, de Claudio “Turco” García: Autobiografia de Claudio García, ex-jogador do Racing e da Seleção Argentina, considerado um dos melhores lançamentos recentes da literatura de futebol no país. No Livro, o “Turco” conta sobre seus dias como jogador e expõe suas crises, principalmente depois de se aposentar, quando viveu o período mais crítico de seu vício pela cocaína. O prólogo da obra fica a cargo de Alfio Basile, o “Coco”, glória do Racing e ex-comandante da seleção.
    (269 pesos — R$ 44,80*¹)
  • “La Final”, de Diego Estévez: A rivalidade mais importante da Argentina, entre Boca e River, já rendeu clássicos memoráveis, jogos de Libertadores e muitos episódios desagradáveis de violência (em campo e fora dele). Mas curiosamente, as duas equipes só se enfrentaram em final de campeonato uma única vez na história. Jogada na época da ditadura, a partida foi válida pelo Nacional de 1976 e aconteceu em Avellaneda, no estádio do Racing. O campeão? Deu Boca, 1 a 0, gol de Rubén Suñé.
    (329 pesos — R$ 54,80)
  • “Crónica de un milagro”, de Emiliano Lentini: Me chamou atenção na livraria por se tratar de um livro sobre o Nueva Chicago em meio a obras dos grandes argentinos como Boca, River, Racing, Independiente, San Lorenzo. O livro conta o épico acesso do clube à segunda divisão em 2012, que veio depois de o goleiro do Nueva Chicago defender um pênalti no último lance do jogo diante do Chacarita, que terminou 1 a 1 e garantiu a subida do time de Mataderos à B Nacional.
    (213 pesos — R$ 35,50)
  • “El Matador — Mi Autobiografía”, de Mario Alberto Kempes: Autobiografia de Mario Alberto Kempes, herói do título mundial da Argentina em 1978, lançada em novembro de 2017. Ídolo do Rosario Central, Kempes também está na história do Valencia, da Espanha, clube pelo qual conquistou uma Copa do Rei, uma Recopa e uma Supercopa Europeias. Em 2010 recebeu a honra de ter um estádio em seu nome, na cidade de Córdoba, construído para a Copa de 78 e antes chamado de Estádio Olímpico Chateau Carreras.
    (389 pesos — R$ 64,80)
  • “Corbatta — El wing”, de Alejandro Wall: Campeão com o Racing no fim dos anos 50 e começo dos 60, Oreste Osmar Corbatta ocupa o imaginário dos torcedores racinguistas que viram e também dos que não o viram jogar. Considerado um dos melhores em sua posição, a de wing derecho (ou ponta direita), Corbatta era analfabeto, alcoólatra e terminou a vida na pobreza. Um relato humano e investigativo de um personagem que viveu o topo no futebol e a queda livre na vida pessoal.
    (329 pesos — 54,80)
  • “El chico que relataba partidos de fútbol”, de Pablo Di Pietro: Curiosamente, este livro foi achado em outra seção e não na de esportes. Mas a história, que tem o futebol como uma espécie de fio condutor, chama a atenção. No romance, Nacho é um jornalista que vive a crise dos quarenta anos e no aniversário da Guerra das Malvinas publica uma história sobre Sosita, jogador que foi seu ídolo na infância e que lutou nas Malvinas. A partir daí, depois de receber um chamado da suposta viúva do ex-jogador, Nacho vai reconstruindo suas memórias de Sosita, da guerra, do país, da ditadura. O futebol, aqui, parece ser apenas uma desculpa para falar da Argentina.
    (289 pesos — R$ 48,00)

Na saída, aproveite para tomar um café no antigo palco do teatro e contemplar as belas galerias da livraria mais bonita da cidade. Esplêndida, por sinal, é um nome mais que justo para definir a Grand Ateneo.

Avenida Santa Fe, 1860 — Palermo

Libros del Pasaje

A Libros del Pasaje é uma das boas desculpas para você conhecer o bonito e charmoso bairro de Palermo. O espaço da livraria é lindo, com suas altas estantes de madeira mostrando livros do chão ao teto. Para chegar aos livros da parte cima, é necessário inclusive pegar uma escada que circula por meio de uma roldana entre cada estante. Mas é justamente isso o que fez dela a livraria menos futeboleira que visitamos.

“Futebol? É lá no fim, lá longe…” (Crédito: Bruna Rebouças Clara)

Ao perguntar pela parte de esportes, a resposta veio num tom de quem mostra os livros esportivos como se mostrasse o endereço da livraria concorrente: “É lá”, apontando o dedo para o fundo da livraria, já onde terminam as estantes. E onde, obviamente, está a seção de futebol. Acho que a foto ilustra bem do que se trata.

De qualquer forma, a livraria tem títulos interessantes a respeito do mundo da bola, inclusive com livros lançados na Europa, como o de Andrés Iniesta e a biografia de Johan Cruyff. Mas nossa prioridade eram os livros sobre a Argentina ou clássicos futeboleiros de língua espanhola. Encontramos algumas boas opções na estante “de lá”:

  • “Dios es redondo”, de Juan Villoro: Lançado em 2006, este livro do escritor mexicano Juan Villoro já é um clássico da literatura futebolística em espanhol. Na obra, Villoro fala sobre essa religião laica que é o futebol e procura refletir sobre os porquês de vivermos esse esporte da forma como fazemos. Há um capítulo dedicado a Diego Armando Maradona, uma entrevista com Jorge Valdano, uma reportagem que trata da queda dos galáticos do Real Madrid. Um livro para quem gosta de futebol. E para os que não gostam, uma boa oportunidade de tentar entender qual é a mágica por trás dele e como isso nos afeta diariamente.
    (535 pesos — R$ 89,00)
  • “Será siempre Independiente”, de José Bellas e Fernando Soriano: Quando o Independiente sofreu seu maior golpe na história, o rebaixamento em 2013, dois jornalistas torcedores do Rojo decidiram seguir o clube na campanha do acesso. Mas os dias na segunda divisão servem apenas para refletir e escrever sobre como se chegou até ali e sobre o que significa o Independiente. Repassa, por exemplo, as administrações horríveis do clube nos anos 90 e 2000, o roubo de parte da arrecadação em um jogo festivo de despedida do ídolo Ricardo Bochini, entre outras coisas. Ainda conta com o prólogo do cantor Andrés Calamaro, torcedor confesso do Rojo. Um livro sobre identidade. Algo que todo torcedor se identifica, seja ele do Independiente ou do Pelotas.
    (330 pesos — R$ 55,00)
  • “El Partido Rojo”, de Claudio Gómez: Na Argentina, a memória dos tempos de ditadura ainda é muito viva e eles fazem um esforço constante de lembrar sempre daquele período para que algo semelhante não ocorra novamente na história do país. E em relação ao esporte, é impossível não associar a época dos militares ao futebol (como na Copa de 78, por exemplo). Em “El Partido Rojo”, o jornalista Claudio Gómez escreve sobre a final do Nacional de 77, que se disputou no início de 78 e foi vencida pelo Independiente — com 8 jogadores — diante do Talleres, de Córdoba, equipo do general Luciano Menéndez, que aspirava chegar à presidência. Além de jogar com apenas 8 homens, o Rojo havia tomado a virada com um gol de pênalti inexistente e outro marcado com a mão. Na obra, há inclusive o relato de um torcedor do Racing que estava preso e gritou o gol de Bochini, do 2 a 2 e do título do Rojo a 8 minutos do final, porque ele sabia que o Talleres era o clube de coração do genocida Menéndez.
    (379 pesos — R$ 63,00)
  • 22 Locos — Los futbolistas más fascinantes de la historia”, de Un Caño: Editado pelo pessoal da Revista Un Caño, que já há alguns anos publica seus conteúdos somente online, “22 Locos” conta exatamente a história que promete: de 22 loucos. Jogadores de futebol que remaram contra a corrente, que nunca se encaixaram no perfil do atleta de futebol médio. Gente diferente num meio tão estéril, gente do calibre de Sócrates, Garrincha, Heleno de Freitas, Eric Cantona, George Best, Brian Clough, René Higuita e outros loucos.
    (349 pesos — R$ 58,00)
  • “El fútbol, de la mano”, de Eduardo Sacheri: Provavelmente o melhor texto de futebol atualmente na Argentina, Eduardo Sacheri ganhou projeção mundial com seu livro — que virou filme — “O segredo dos seus olhos”. Torcedor fanático do Independiente, escreveu por quatro anos uma coluna de contos na revista El Gráfico. Neste livro estão suas colunas publicadas de 2013 a 2015. Sacheri é obrigatório para os fãs de futebol que vão à Argentina e querem voltar com um livro futeboleiro de lá.
    (249 pesos — R$ 41,50)

A Libros del Pasaje é outra boa livraria para fazer uma parada e tomar um café, contemplando o lindo pátio da casa onde está instalada na Rua Thames.

Thames, 1762 — Palermo

La Libre

A famosa feira de antiguidades de San Telmo faz com que o tradicional bairro portenho de mesmo nome pulse aos domingos, quando todo tipo de gente expõe seus cacarecos e turistas do mundo inteiro a visitam em busca de alguma quinquilharia que lhes possa interessar. A algumas quadras dali, em Monserrat, funciona uma livraria bem interessante e sem a fama de uma Ateneo, mas com bom conteúdo em geral. E, claro, futebolístico também.

A La Libre, que fica quase na esquina da Bolívar com a Avenida Belgrano, dispõe de livros novos e usados, muitos deles com perfil acadêmico e político, com obras que discutem o futebol e outros aspectos que vão além do campo. O destaque da La Libre, contudo, talvez não esteja nos livros, mas no fato de que é um dos pontos onde você poderá encontrar a Revista Don Julio, sobre a qual já falamos no blog. Quando disse que levaria um exemplar, o dono disse, convicto: “Boa escolha. É muito boa leitura”. Com quatro edições à disposição, a publicação argentina rouba a cena no setor de esportes da livraria. A livraria também vende livros usados a bons preços. Confira alguns dos achados:

  • “Revista Don Julio”, de Don Julio: Já falamos sobre a revista aqui no Futebol, mas não tem problema. Falamos de novo! A Don Julio começou seu projeto em 2013 e, depois de uma interrupção em 2015, voltou a produzir conteúdo em 2016. Cada edição traz 11 histórias de futebol, mas histórias que, como já falamos, extrapolam o campo, a tática, a técnica. Como o editor Federico Bassahún gosta de dizer, são histórias “de gente de carne e osso”. Levei uma, a edição de número#3, porque nunca havia pegado um exemplar em mãos. A La Libre é um dos poucos pontos de Buenos Aires onde se encontra a publicação.
    (170 pesos — R$ 28,30)
  • “Los desaparecidos de Racing”, de Julián Scher: Se o Independiente tem um livro relacionado ao período da ditadura, com o Racing não poderia ser diferente. Na obra de Julián Scher, o autor conta a história de 11 torcedores e sócios de La Academia sequestrados e assassinados entre 1976 e 1983. “O futebol, diferentemente de qualquer arte como a música e o teatro, construiu pouco sobre a memória de seus torcedores”, disse Scher. É isso o que ele tenta com o livro. Resgatar do esquecimento esses torcedores e militantes que, em comum, integravam a luta contra o regime e eram apaixonados pelo Racing.
    (420 pesos — R$ 70,00)
  • “Haciendo amigos a las piñas”, de José Garriga Zucal: Na tradução livre, o título do livro poderia ser “Fazendo amigos aos socos”. E como já se pode imaginar a partir daí, trata-se da violência das torcidas argentinas. Uma obra acadêmica do professor Jose Garriga Zucal, doutor em Antropologia Social pela Universidade de Buenos Aires e docente na Universidade Nacional de San Martín. Na pesquisa, Zucal busca contrastar a visão superficial e distante que temos de uma torcida organizada ao fazer um trabalho de campo dentro das próprias torcidas, procurando entender como se estabelecem suas relações sociais nesses grupos.
    (90 pesos — R$ 15,00)
  • “Violencia en el fútbol — Investigaciones sociales y fracasos políticos”, de José Garriga Zucal: Também do professor Zucal, este é um compilado de ensaios sobre a violência no futebol. Há uma série de autores contemplados no livro, entre eles o pesquisador brasileiro Luiz Henrique de Toledo, doutor em Antropologia Social pela USP e autoridade nos estudos sobre torcidas e seus comportamentos.
    (400 pesos — R$ 66,60)
  • “Puro fútbol”, de Roberto Fontanarrosa: Roberto Fontanarrosa foi um dos mais queridos escritores e cartunistas da Argentina dos últimos 50 anos. Falecido em 2007, deixou uma obra extensa sobre futebol, com contos emocionantes sobre a bola e sua paixão pelo Rosario Central. Por incrível que pareça, não foi tão fácil assim encontrar livros de Fontanarrosa nas livrarias de Buenos Aires. Este, na La Libre, reúne todos os seus contos futebolísticos — ou ao menos é o que promete.
    (150 pesos — R$ 25,00)

Vale muito a pena dar uma passada na La Libre e conferir as boas opções de livros que eles oferecem, além de garantir uma Don Julio. E aproveite para programar a visita à livraria no mesmo dia da feirinha de San Telmo, já que são bastante próximas e um não vai atrapalhar o outro no roteiro.

Bolívar, 438 — Monserrat

Librería de Ávila

A Librería de Ávila é simplesmente a livraria mais antiga de Buenos Aires. Livros são vendidos ali desde 1785, quando o local se chamava “La Botica” e também comercializava outros produtos. A partir de 1830 é que o ponto se estabelece como exclusivo para a venda de obras literárias, já com o nome de “Librería del Colegio”, por estar quase colado no tradicional Colegio Nacional de Buenos Aires. Passaram por seu salão figuras ilustres como os presidentes argentinos Bartolomé Mitre, Juan Alberdi e Domingo Sarmiento, além dos reconhecidos escritores Jorge Luis Borges e Adolfo Bioy Casares.

Particularmente, é a minha livraria favorita na cidade. Foi nela que, em 2010, comprei um exemplar de “La Doce — La verdadera historia de la barra brava de Boca” e, em 2013, descobri o livro “Los Bohemios de Villa Crespo”, sobre a história do Club Atlanta e seu envolvimento com o bairro e a comunidade judia da capital. Dois ótimos livros pelos quais tenho muito apego. Fora o interior da loja e as várias estantes de clássicos, novos e usados.

Desta vez, porém, me surpreendi com o número de opções de livros futebolísticos. Uma estante inteira e muito diversificada de títulos sobre futebol. Biografias, Seleção Argentina, contos, história dos clubes. Um pouco do que encontramos na Librería de Ávila, talvez a mais futeboleira entre as livrarias tradicionais de Buenos Aires:

  • “Historias Negras del Fútbol Argentino”, de Alejandro Fabbri: Para quem gosta de histórias curiosas do futebol, daquelas que parecem até de mentira, este livro é uma ótima leitura. Há relatos incríveis dos tempos de amadorismo na Argentina, de juizes correndo do campo para não apanhar, de time que se sentou no gramado por se sentir injustiçado pelas marcações da arbitragem, e por aí vai. Várias histórias saborosas de coisas que só parecem ocorrer no futebol argentino.
    (290 pesos — R$ 48,30)
  • “Di Stéfano”, de Ian Hawkey: Há quem diga que Alfredo Di Stéfano foi melhor que Pélé, Maradona ou Cruyff. Inclusive, o próprio Maradona é quem afirma que de fato o craque do Real Madrid foi o maior da história, como se vê na capa da edição argentina de sua biografia. Nascido em Buenos Aires e espanhol por adoção, Di Stéfano ganhou recentemente essa biografia, escrita pelo jornalista inglês Ian Hawkey. Boa opção para quem quer conhecer melhor um dos maiores jogadores de todos os tempos.
    (349 pesos — R$ 58,00)
  • “Ida y vuelta — Una correspondencia sobre fútbol”, de Martín Caparrós e Juan Villoro: Quando se juntam dois escritores da qualidade de Caparrós e Villoro, o resultado não deve ser ruim. Neste livro, ambos vão oferecendo suas impressões sobre o futebol e também sobre a Copa do Mundo de 2010, à qual Villoro acompanhou pela TV, e Caparrós por alguns países da África. São crônicas e pensatas sem nenhum vínculo com a imparcialidade futebolística ou com a cronologia. Apenas histórias que, imagino, devam ser extremamente saborosas de ler.
    (239 pesos — R$ 39,80)
  • “Brasil decime qué se siente”, de Vito Amalfitano: É só bater o olho na capa que já vem à mente o hit sensação da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. O cântico “decime que se siente” dos torcedores argentinos foi incorporando muito mais força nas ruas e estádios à medida que a Argentina avançava as fases do Mundial. Sobre essa façanha argentina, a realizada em campo e a fora dela com a festa de seus hinchas, é que fala o jornalista Vito Amalfitano. O livro ainda conta com textos de César Luis Menotti, técnico campeão com a Albiceleste em 1978, e Ángel Cappa, também treinador argentino e escritor.
    (307 pesos — R$ 51,00)
  • “Yo soy el Diego de la gente”, de Diego Armando Maradona: A autobiografia do maior jogador da história do fut… da Argentina. Maradona por ele mesmo, com os acertos que crê ter concretizado e os erros os quais acredita ter cometido. “Às vezes penso que toda a minha vida está filmada, que está tudo nas revistas. Mas não é assim, viu? Há coisas que estão apenas aqui, dentro do meu coração, e que ninguém sabe”, diz o eterno camisa 10 argentino.
    (375 pesos — R$ 62,50)
  • “Lo Suficientemente Loco — Una biografía de Marcelo Bielsa”, de Ariel Senosiain: O jornalista Ariel Senosiain realiza neste livro um trabalho intenso de investigação em jornais, livros, revistas e em entrevistas de personagens do futebol para fazer um perfil de Marcelo Bielsa e tentar buscar de onde vem a sua loucura e sua forma peculiar de enxergar o futebol. Além do retrato do Bielsa fora das quatro linhas, há também aspectos de seu jogo, conceitos futebolísticos que o treinador foi utilizando ao longo dos anos como treinador.
    (319 pesos — R$ 53,00)
  • “Las Dueñas de la Pelota”, de Claudia Piñeiro: Um compilado de contos futebolísticos escritos somente por mulheres, selecionados pela escritora Claudia Piñeiro. Assim como no Brasil, não é comum vermos nas livrarias argentinas livros de futebol feitos por autoras. Até por isso este chamou a atenção na visita à Librería de Ávila. Entre os contos, há histórias como a de o funeral de um jogador que foi transmitido pelo rádio, a de uma mulher apaixonadíssima por Enzo Francescoli, ídolo do River Plate, entre outras histórias futeboleiras.
    (250 pesos — R$ 41,60)
  • “Los verdaderos mellizos de Boca, de Leandro Valdés”: Em espanhol, a palavra mellizo significa gêmeo. Os mais famosos do Boca Juniors são os hoje técnico e assistente do clube, respectivamente, Guillermo Barros Schelotto e Gustavo Barros Schelotto. Mas aqui os gêmeos são outros. Sem nenhuma ligação genética e bastante diferentes fisicamente, mas ligados por uma ideia de futebol que deu ao Boca suas principais glórias no fim dos anos 90 e começo dos 2000. Em “Los verdaderos mellizos de Boca”, Leandro Valdés se aprofunda na relação entre o técnico da época, Carlos Bianchi, e o craque da época, Juan Román Riquelme, pilares do time que conquistou tudo na virada do milênio.
    (514 pesos — R$ 85, 60)

A visita à Librería de Ávila vale simplesmente pela importância história e cultural do local para a vida portenha. E se você aproveitar para levar um livro de lá, poderá dizer aos amigos que comprou um exemplar no mesmo lugar onde Jorge Luis Borges já pisou um dia. Ainda que ele, Borges, não gostasse de futebol… Todos se equivocam em alum momento, inclusive os gênios.

Alsina com Bolívar, 500 — Centro

*¹: Os preços foram fixados de acordo com a cotação média de câmbio no período de 21/02 a 26/02: R$ 1,00 p/ 6,00 pesos argentinos.

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