Quando um time de futebol amador, desperta a paixão de um moleque pelo futebol

Filipe Aurélio
Meu Velho me Falou
Published in
5 min readMay 10, 2019

Comecei a lembrar do meu primeiro time do coração, o que me fez ser tão apaixonado pelo futebol, e o Esporte Clube Vila Franca desempenhou um papel importante na minha vida.

Meu pai me ensinou a gostar de futebol, lembro de quando era muito novo ter ido em jogos do Criciúma com ele, dos álbuns de figurinhas do campeonato brasileiro que ele colecionava, da revista Placar com todos os posters dos campeões da temporada que ele sempre comprava. E a revista Placar era onde eu passava horas folheando e vendo cada jogador de cada time, difícil dizer com precisão o ano, mas acredito que seja por volta de 1994, pois lembro de uma dessas revistas ter o Juventude campeão da série B, do Paraná campeão paranaense, e um outro time que hoje em dia a gente nem se ouve falar, a Desportiva Ferroviária, que foi campeã capixaba em 94, e me chamava atenção pelo seu uniforme branco com Roxo.

Pôster da Desportiva Ferroviária campeã capixaba em 1994, essa era a camisa que me chamava muito a atenção (Achei a foto no google)

Já o futebol Europeu que eu tanto assisto hoje em dia só acompanhava quando tinha oportunidade, pois morando no interior de uma cidade do interior (Forquilhinha), o único canal que funcionava era a Globo, e com muito esforço. Não assistia quase nada do futebol Europeu, a não ser quando ia para casa da minha vó em Criciúma, onde assistia na Band alguns jogos do campeonato italiano, o programa o Gol o Grande momento, Show do Esporte com o saudoso Eliá Júnior, que sempre tinha algo relacionado ao futebol europeu. Até então, esse era o meu “amor” pelo futebol.

Como toda criança sonhava em ser um jogador de futebol, mais precisamente goleiro, Zetti era quem eu me espelhava. Quando brincava de travinha livre era o Paulo Nunes, que naquela época estava no Grêmio, algumas vezes era o Túlio. Mas a paixão pelo futebol começou a despertar mesmo, quando o time do meu bairro começou a disputar a Larm (Liga atlética da região mineira) uma das, se não a maior, liga amadora de Santa Catarina.

Estádio João Colonetti, um print do google Google Street View

O time que despertou meu amor pelo futebol se chama Esporte Clube Vila Franca, mandante no Estádio João Colonetti. Morava praticamente do lado do campo, era o gandula nos jogos em casa e no fim do jogo, era encarregado de retirar as redes em troca de um “pepão e um chipão” (um chips e uma Pepsi de 2 litros). Era um moleque conhecido dos jogadores e isso fazia com que me sentisse parte do time, toda a convivência, a facilidade que era de conversar com quem eu considerava meus ídolos, me deixava cada dia mais apaixonado pelo futebol.

Isso por volta de 1999, quando o Vila Franca começou a disputar a segunda divisão do regional da Larm. Naquele ano o time perdeu a semifinal nos pênaltis, foi para a disputa do terceiro lugar contra o Primeira Linha E. C. No jogo de ida fora de casa perdeu por 1x0, e no jogo da volta venceu nos pênaltis e garantiu o acesso para a primeira divisão do regional do ano de 2000.

Disputou a primeira divisão nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003. Já no primeiro ano na primeira divisão foi até as semifinais onde perdeu para o Internacional de São Defende, que viria a ser o carrasco do meu Vila querido. No ano de 2001 também foi eliminado pelo Internacional de São Defende, dessa vez nas quartas de final, por um gol contra que me deixa triste até hoje. No ano de 2002 também foi desclassificado novamente nas quartas de final, perdeu para o Caravaggio na prorrogação, outro jogo que tenho perfeitas lembranças, venceu no tempo normal e foi derrotado na prorrogação. Em 2003 no último ano que disputou o campeonato, caiu nas quartas de final para o seu carrasco, nos pênaltis. Acredito que por motivos financeiros o time não disputou mais o campeonato, já que precisava de um bom investimento para ser competitivo. Foram poucos anos, mas que eu guardo para sempre.

A única imagem que encontrei do Esporte Clube Vila Franca, não é dos tempos da Larm, mas tem o escudo do meu Vila querido.

Infelizmente é praticamente impossível achar algum registro daquele tempo, a internet não era tão comum, e celular com câmera era o futuro. As notícias era por meio das rádios AM e dos jornais impressos. Durante toda a minha infância meus ídolos foram: Cisso, Bodão, Sarrafo, o ex-Criciúma Joelcio Colonetti, Piléco, o veloz Gilliard, Marinho o meia das pernas tortas, o matador Arimátéia, e meu ídolo maior, Gelinho, bem conhecido no futebol amador da região. Todo esse fácil contato com os jogadores foi o que fez minha paixão pelo futebol despertar.

Resolvi escrever esse relato, após achar uma ATA no site da prefeitura de Forquilhinha, onde nela constava o “nascimento” do Esporte Clube Vila Franca em 1997.

“Existiam dois times em Vila Franca: o Esporte Clube Ipiranga e o Esporte Clube Vila Franca. Hoje as duas diretorias se uniram com os jogadores e a comunidade e resolveram fazer uma fusão entre os dois times. Então as duas diretorias, que hoje na verdade é uma só, pediram para que eu fizesse esta Indicação, pedindo o alambrado e um vestiário. Neste ano, Vila Franca disputou a LARM e não contava com nenhum campo para jogar aqui. Para ter algum recurso, o Vila Franca teria que ter o próprio campo. Então, tendo um campo com vestiário e com bar completo, seria o retomo para o Campeonato da LARM.”

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Filipe Aurélio
Meu Velho me Falou

Estudante de jornalismo, amante dos quadrinhos e das boas cervejas.