Medicina sob medida

Futuro da Medicina
Futuro da Medicina
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5 min readJul 2, 2015

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Como a evolução da tecnologia de diagnósticos e tratamentos
irá afetar a forma com que a medicina funciona.

Por séculos, diagnósticos foram obtidos por meio dos sintomas sentidos pelo paciente ou descobertos pelo médico utilizando máquinas de digitalização, como raio-x e ressonância magnética. Para encontrar a doença, primeiro os médicos precisavam olhar para o sintoma. Para encontrar um tratamento, eles precisavam passar por um longo processo de tentativas até encontrar o medicamento ideal para cada caso.

A tecnologia está caminhando para conquistar mudanças drásticas nessa área, nos levando a uma era de medicina participativa por meio da ciência baseada na informação. Médicos poderão utilizar inteligência artificial para diagnosticar doenças antes mesmo dos sintomas se manifestarem, partindo das predisposições genéticas de cada indivíduo, com tratamentos preventivos e personalizados.

Esta nova abordagem de terapia médica não é dominada por investigações feitas através de relatos do paciente enfermo, mas pelo diagnóstico precoce e tratamentos com medicamentos individualizados. Os médicos do futuro terão uma visão mais holística dos nossos corpos, com base em nossa história médica completa, desde a infância.

A medicina personalizada permitirá a personalização e a combinação de drogas, utilizando ferramentas de controle. Nossos smartphones poderão conter uma variedade de sensores capazes de monitorar pressão arterial, cardíaca, glicêmica, respiratória e, em breve, teremos sensores que captam hábitos intestinais e urinários. Uma vez que um sensor é colocado, atividades pessoais são registradas automaticamente para monitoramento e gestão médica.

Recentemente, um grupo de cientistas desenvolveu uma maneira de editar genomas, podendo ajudar a encontrar resposta para muitas doenças. Já é possível substituir partes específicas do DNA das células, fazendo com que uma doença enfraqueça ou que uma pessoa torne-se menos suscetível à doença, por exemplo. No caso do HIV, que é incapaz de infectar pessoas sem uma proteína específica, a edição do genoma poderia modificar parte específica do genoma, de modo que a pessoa não produza mais esta proteína e, consequentemente, não seja infectada pelo HIV.

Tecnologias de inteligência artificial também são capazes de analisar dados de milhões de pacientes e poderão determinar reações medicamentosas como um todo, transformando o modo pelo qual drogas são testadas e receitadas. O uso destas tecnologias poderá afetar positivamente o desenvolvimento de novos — e mais eficazes — tratamentos de doenças.

A terapia personalizada é um enorme progresso para a medicina, pois médicos e pacientes estão cada vez mais conscientes de que pessoas costumam reagir a medicamentos de formas muito diferentes. Combinando as tecnologias em ascensão no mercado, o sistema de saúde que nós realmente precisamos poderá ser uma realidade. No futuro, você pode esperar seu médico planejar tratamentos e previnir doenças com base na sua informação genômica e no seu estilo de vida.

Tecnologias Emergentes

Lentes Inteligentes

Mede os níveis de glicose em lágrimas usando um minúsculo chip sem fio e sensor de glicose miniaturizado, que estão incorporadas entre duas camadas de material de lentes de contato gelatinosas. Futuramente poderão administrar medicação através do olho por um mês ou mais. Pode ser útil para o tratamento de glaucoma e vários outros problemas oftalmológicos, além da entrega de antibióticos após cirurgia ocular.

Google Lens

Em parceria com a divisão de oftalmologia da Norvatis, o Google anunciou o protótipo de lentes de contato inteligentes para controle da diabetes. Colocada no olho, a lente utiliza as lágrimas do usuário para monitorar a quantidade de glicose presente no sangue e poderá obter um relatório de saúde personalizado de cada indivíduo. O dispositivo também poderá ajudar pessoas com “vista cansada”, restaurando o foco natural do olho para objetos próximos.

Impressoras 3D de Microescala

Nova técnica para a criação de objetos tridimensionais em microescala, permitindo alta precisão de prototipagem para produzir alimentos, produtos eletrônicos, medicamentos, fibras ou tecidos biológicos.

Oxford Performance Materials

Empresa americana de materiais aditivos de fabricação avançada, foi uma das primeiras fabricantes a criar um implante impresso em 3D para substituir 75% do crânio de um paciente.

Customização de Medicamentos

Glasgow University

Cientistas da universidade de Glasgow usam impressoras 3D para produzir drogas e compostos químicos. A impressora opera uma seringa controlada roboticamente, que constrói objetos a partir de um gel e depois os mistura com produtos químicos e catalizadores. A customização de remédios na dose exata para cada paciente pode aumentar significativamente a eficácia do tratamento e a redução de efeitos colaterais.

Adesivos de Pele Big Data

Biosensores adesivos que agem como um sistema de feedback digital de saúde monitorando sinais vitais e fornecendo dados para decisões médicas mais precisas.

Universidade de Illinois

Engenheiros da Universidade de Illinois desenvolveram um adesivo de pele biosensor com capacidade de monitorar a freqüência cardíaca e outros sinais vitais, além de transmitir os dados em tempo real para um celular ou computador.

Biohacking

Ao aproximar a biologia da ética hacker, é possível manipular a própria biologia utilizando uma combinação de técnicas medicinais, nutricionais e eletrônicas.

Kay Aull
Estudante da Universidade de São Francisco, Kay construiu um pequeno laboratório em seu quarto para analisar uma mutação genética relacionada à doença do pai, que fazia com que o corpo dele não se livrasse do excesso de ferro. Com as pesquisas, a estudante encontrou genes com a mesma mutação encontrada no DNA de seu pai, porém também encontrou genes saudáveis derivados do DNA materno. Com testes baratos, descobriu que, apesar de portar genes que contem a mutação, a doença não se desenvolverá em seu corpo.

Um dia, no futuro…

Imagine que, logo após o nascimento de seu filho, o hospital faça um sequenciamento genético para identificar patologias que ele poderá desenvolver ao longo da vida. Com o resultado, você descobre que ele terá uma grande possibilidade de ter epilepsia e problemas cardíacos. Sendo assim, ele receberá implantes subcutâneos capazes de monitorar constantemente sua atividade elétrica cerebral e administrar medicamentos diretamente na sua corrente sangüinea, remediando possíveis ataques epiléticos e prevenindo sua condição cardíaca. Mais do que isso: seu filho receberá um sensor que irá monitorar seu sangue e dados biométricos, indicando quantidades de nutrientes, glicose, colesterol, pressão arterial, batimentos cardíacos e temperatura. Esses dados serão enviados em tempo real para um registro médico, armazenando um diário completo de todos os seus dados físicos pelo resto da vida, úteis para qualificar e quantificar os tratamentos.

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Os próximos passos da humanidade na medicina de alta tecnologia.