As 7 forças que estão mudando o mundo como o conhecemos
Por Redação
E m algum momento entre 535 a.C. e 475 a.C, o filósofo grego Heráclito teria dito, com todas as suas forças, aquela que seria uma das frases mais conhecidas de todos os tempos:
Nada é permanente, exceto a mudança. — Heráclito
Embora o filósofo tenha acertado sua sentença, a verdade é que nunca a escala e a velocidade das transformações foram tão grandes como hoje. O mundo está mudando a uma velocidade tão grande que mesmo Heráclito ficaria perplexo.
E, embora o ritmo de mudança tenha sido vertiginoso nos últimos anos, o que aconteceu até agora foi apenas um aquecimento. Ainda não vimos praticamente nada. Ou, nas palavras de Peter Diamandis,
A velocidade de mudança de amanhã fará parecer que estamos rastejando. — Peter Diamandis
Em recente palestra na conferência Singularity University Global Summit, em San Francisco, Califórnia, Diamandis compartilhou seus insights sobre o futuro da humanidade. Para ele, existem 7 forças que estão impulsionando a mudança acelerada que estamos presenciando.
Vejamos a seguir cada uma delas:
1) Computação
Em 1965, Gordon Moore previu que os chips de computador dobrariam em potência e diminuiriam seus custos pela metade a cada 18 meses. A previsão não apenas se confirmou, como se manteve precisa por cinco décadas. Logo acabou se tornando conhecida como Lei de Moore.
Moore estava certo. E, como decorrência de sua previsão, hoje os chips de computador contêm mais de um bilhão de transistores espaçados apenas a alguns nanômetros, sendo que um nanômetro equivale a um bilionésimo do metro (1×10–9) — imagine algo como uma moeda de 10 centavos em relação ao planeta.
Os computadores são agora capazes de realizar mais cálculos por segundo do que há 20 ou 30 anos, e custam cada vez menos. Como resultado, podemos gerar muito mais informações e usar as máquinas para executar funcionalidades que elas jamais teriam conseguido no passado, como diagnosticar doenças.
2) Convergência
A segunda das forças é a convergência. O aumento do poder computacional está promovendo uma série de avanços tecnológicos. Estes avanços, por sua vez, estão convergindo de maneiras que sequer poderíamos imaginar há algumas décadas.
A força da convergência está diretamente conectada com o conceito do possível adjacente, batizado originalmente pelo biólogo teórico Stuart Kauffman e transportado pelo escritor Steven Johnson para o campo das inovações.
Na era acelerada em que vivemos, as inovações tecnológicas estão surgindo em intervalos cada vez menores. E cada descoberta origina novos caminhos a ser explorados, criando novos limites no possível adjacente.
É como estivéssemos em uma grande casa, que se expande a cada porta aberta. A abertura de cada porta pode conduzir a novas descobertas. Uma aplicação de AI pode conduzir a um avanço na biotecnologia. Uma aplicação de nanotecnologia pode originar um avanço na energia solar. E assim por diante.
À medida que as novas tecnologias avançam exponencialmente, as interações entre seus vários subconjuntos criam novas oportunidades. E essas novas portas abertas aceleram a mudança em ritmo muito maior do que qualquer tecnologia conseguiria realizar de modo individual.
3) Interface
Uma vez, no passado, a Internet foi exclusiva de cientistas e programadores. Eram as únicas pessoas que a dominavam. Hoje, contudo, qualquer pessoa pode fazer criar seu website, procurar suas músicas favoritas e pesquisar os assuntos que mais gosta de saber.
A tecnologia está se tornando mais acessível. A interface, a terceira das forças, está cada vez mais facilitada para todos. Essa força permite que mesmo pessoas leigas possam imprimir um produto complexo com seus próprios smartphones. E nem é preciso ter uma impressora 3D em casa, já que os fablabs estão por toda a parte.
De acordo com Diamandis, a inteligência artificial seria o momento final da interface. Haverá um momento no tempo em que poderemos nos comunicar usando nossas próprias mentes.
4) Conectividade
A quarta das forças é a conectividade. Embora existam hoje mais de 3 bilhões de pessoas conectadas à Internet, as projeções apontam que esse número aumentará para 8 bilhões até 2025, com conectividade de alta velocidade.
Significa dizer que, em menos de uma década, mais de 5 bilhões de pessoas terão acesso irrestrito à informação e ao potencial das novas tecnologias. Serão 5 bilhões de novas mentes projetando o futuro da humanidade.
Este potencial se deve ao fato de que empresas privadas estão disputando uma verdadeira corrida para conectar todo o planeta. Enquanto o Google planeja fornecer acesso à Internet para pessoas em áreas rurais e remotas por meio de balões, o Facebook pretende conectar todos por meio de drones.
Já a SpaceX, fundada por Elon Musk, almeja lançar 4.425 satélites ao espaço. A iniciativa poderia cobrir todo o planeta — como uma espécie de bolha — e oferecer cobertura global muito além do que os projetos anteriores.
5) Rede de Sensores
Como decorrência da conectividade e a ascensão da Internet das Coisas, estaremos nos dirigindo para um mundo no qual poderemos saber o que quisermos, em qualquer lugar que quisermos, sempre que quisermos.
O primeiro passo é estabelecer uma rede 5G, com velocidade de até 100 Gbps. Após, chegaremos em um ponto no qual haverá cerca de 100.000 sensores por bloco da cidade. Esses sensores serão equipados com a mais avançada inteligência artificial, produzindo uma incrível quantidade de conhecimento.
E tudo isso aumentará em 2030, quando, segundo Diamandis, teremos em torno de 100 trilhões de sensores.
6) Inteligência
A sexta das forças é a inteligência. Empresas privadas estão trabalhando na tecnologia de interface cérebro-computador (BCI, do inglês brain-computer interface) com a finalidade de conectar nossas mentes diretamente com máquinas.
Estamos à beira de uma revolução da inteligência artificial. A era da neurorrealidade está chegando. Google, Facebook, Neuralink, EyeMynd, Kernel e IBM estão investindo com força em Machine Learning e Deep Learning, segmentos com potencial de promover surpreendentes avanços nos próximos anos.
No futuro, seremos capazes de aumentar a inteligência de indivíduos, empresas e até de países.
7) Concentração de riqueza
Segundo Peter Diamandis, uma última força que impulsiona o mundo é o aumento da concentração de riqueza. Hoje, há mais riqueza nas mãos de particulares, e eles estão dispostos a assumir riscos maiores do que nunca.
Para ele, bilionários como Mark Zuckerberg (Facebook), Jeff Bezos (Amazon), Elon Musk (Tesla) e Bill Gates (Microsoft) estão colocando milhões de dólares em prol de causas filantrópicas. Mais do que gerar ganhos particulares, as iniciativas beneficiarão a humanidade como um todo.
As forças que mudarão o mundo
Segundo Diamandis, estamos caminhando a um mundo de abundância. Já fizemos grandes avanços tanto reduzindo a pobreza extrema e a mortalidade infantil quanto aumentando a alfabetização e a expectativa de vida. E agora, o custo de tudo está caindo em direção a zero.
O mundo está se tornando melhor a uma taxa extraordinária. Estamos vivos durante um período crucial na história humana. — Peter Diamandis
A abundância é uma ideia inclusiva, que visa a todos. O indivíduo é mais importante do que em qualquer outra época. Almejar a abundância significa construir um mundo de infinitas possibilidades para todos nós.
Fonte: Futuro Exponencial