NASA planeja construir “submarino espacial” para explorar os mares de Titã
Por Redação
A NASA está planejando construir um “submarino espacial” para explorar os mares de Titã, a maior lua de Saturno. A iniciativa pretende investigar a composição das correntes líquidas e das marés, mensurar a profundidade das massas de água, e descobrir se realmente existe vida nesse gigantesco satélite natural.
Titã, a maior lua de Saturno
Em nosso sistema solar, existem apenas dois corpos planetários com lagos e mares líquidos. Um deles é o planeta com o qual já temos bastante familiaridade. O outro é Titã, uma das luas de Saturno. Apesar de ser uma lua, Titã tem notáveis semelhanças com a Terra, como nuvens e uma atmosfera densa.
Então por que não explorar Titã em vez de Marte? Um dos problemas é que os lagos não são compostos de água, mas de metano líquido. A temperatura é fria demais (em torno de — 148º C) para a existência de água líquida, sendo inviável que seres humanos consigam sobreviver nessas condições.
Um segundo problema está relacionado à salinidade da água. Dados coletados pela sonda Cassini indicam que os mares são composto por água extremamente salgada misturada com sais dissolvidos de compostos de enxofre, sódio e potássio. Analogicamente, seriam ainda mais salgados que o Mar Morto, na Ásia.
Mesmo com mares extremamente gelados e salgados, é provável que exista vida em Titã. Os cientistas há muito sabem que a atmosfera do satélite é rica em metano, etano, acetileno e outros compostos de hidrocarbonetos — elementos que indicam a vida na perspectiva dos seres humanos.
Contudo, os maiores especialistas do mundo não sabem explicar por que o metano continua presente na atmosfera de Titã, já que a luz solar destruiu esse elemento irreversivelmente dezenas de milhões de anos atrás. Assim, há razões para crer que organismos estão reabastecendo o metano até hoje.
Um submarino para navegar nos mares de Titã
Para solucionar o mistério, pesquisadores do Centro de Pesquisa Glenn (NASA), do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins e do Laboratório de Pesquisa Aplicada da Universidade Estadual da Pensilvânia criaram um conceito de submarino para explorar o Kraken Mare, o maior oceano de Titã.
Esse submarino seria carregado com instrumentos científicos que poderiam realizar investigações detalhadas sob a superfície, proporcionando um conhecimento sem precedentes de um mar extraterrestre. — Steve Oleson (Pesquisador do Centro de Pesquisa Glenn, da NASA)
Segundo a NASA, o Titan Submarine (ou Titan Sub) será capaz de conduzir autonomamente investigações científicas detalhadas sob a superfície de Kraken Mare, proporcionando conhecimento sem precedentes do gigantesco oceano de Titã — que atinge dimensões maiores do que o próprio do Mar Cáspio, na Ásia Ocidental:
Titã nas telinhas
O desejo de explorar a lua de Saturno foi recentemente retratado no filme Titan. Produzido pela Netflix e estrelado pelo ator Sam Worthington, o filme narra a história de uma família que decide participar de um programa científico secreto, no qual humanos devem passar por terapia genética para suportar as condições de Titã.
No filme, somos apresentados a uma Terra condenada à extinção graças ao esgotamento dos recursos naturais. Para salvar o planeta, Worthington se voluntaria a um processo de transformação genética que lhe permitiria viajar com segurança a Titã e sobreviver às condições adversas existentes nesse corpo planetário.
Navegando nos mares de Titã
Da ficção à realidade, a NASA está considerando inicialmente enviar um helicóptero semi-autônomo para estudar a paisagem e habitabilidade de dezenas de locais da superfície de Titã. A aeronave, chamada Dragonfly, deverá ter suas construções iniciadas em 2019, com previsão de lançamento em 2025.
Já a construção do Titan Sub deve demorar um pouco mais, pois envolve a superação de inúmeros desafios. Como a comunicação com a Terra não seria possível quando o veículo estivesse submerso, seria necessário que o submarino voltasse regularmente à superfície para transmitir dados científicos à NASA.
Para evitar o comprometimento (ou mesmo extravio) dos dados durante o mergulho, os engenheiros da agência espacial deverão encontrar maneiras de tornar o submarino capaz de transmitir dados mesmo debaixo d’água. Além disso, o veículo deverá resistente o suficiente para suportar a pressão das águas.
Pesquisadores da Universidade Estadual de Washington já estão simulando a atmosfera de Titã em laboratório, com objetivo de ajudar a NASA a construir um submarino capaz de navegar em seu ambiente extremo. Teses iniciais apontaram ser possível construir o veículo, mas existem obstáculos pela frente.
A humanidade parece não ter limites quando o assunto é desbravar o cosmos, e iniciativas como Titan Sub sinalizam um desejo de explorar lugares cada vez mais ermos. Resta saber agora se a NASA conseguirá concluir o submarino até 2038, quanto Terra e Saturno estarão alinhados com as estações de Titã.
Fonte: Futuro Exponencial