NASA planeja construir “submarino espacial” para explorar os mares de Titã

Futuro Exponencial
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4 min readApr 17, 2018

Por Redação

Existirá vida no segundo maior satélite do Sistema Solar? (Crédito: NASA)

A NASA está planejando construir um “submarino espacial” para explorar os mares de Titã, a maior lua de Saturno. A iniciativa pretende investigar a composição das correntes líquidas e das marés, mensurar a profundidade das massas de água, e descobrir se realmente existe vida nesse gigantesco satélite natural.

Titã, a maior lua de Saturno

Em nosso sistema solar, existem apenas dois corpos planetários com lagos e mares líquidos. Um deles é o planeta com o qual já temos bastante familiaridade. O outro é Titã, uma das luas de Saturno. Apesar de ser uma lua, Titã tem notáveis ​​semelhanças com a Terra, como nuvens e uma atmosfera densa.

Então por que não explorar Titã em vez de Marte? Um dos problemas é que os lagos não são compostos de água, mas de metano líquido. A temperatura é fria demais (em torno de — 148º C) para a existência de água líquida, sendo inviável que seres humanos consigam sobreviver nessas condições.

Apesar de ser uma lua, Titã tem notáveis ​​semelhanças com a Terra (Crédito: NASA)

Um segundo problema está relacionado à salinidade da água. Dados coletados pela sonda Cassini indicam que os mares são composto por água extremamente salgada misturada com sais dissolvidos de compostos de enxofre, sódio e potássio. Analogicamente, seriam ainda mais salgados que o Mar Morto, na Ásia.

Mesmo com mares extremamente gelados e salgados, é provável que exista vida em Titã. Os cientistas há muito sabem que a atmosfera do satélite é rica em metano, etano, acetileno e outros compostos de hidrocarbonetos — elementos que indicam a vida na perspectiva dos seres humanos.

Contudo, os maiores especialistas do mundo não sabem explicar por que o metano continua presente na atmosfera de Titã, já que a luz solar destruiu esse elemento irreversivelmente dezenas de milhões de anos atrás. Assim, há razões para crer que organismos estão reabastecendo o metano até hoje.

Um submarino para navegar nos mares de Titã

Para solucionar o mistério, pesquisadores do Centro de Pesquisa Glenn (NASA), do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins e do Laboratório de Pesquisa Aplicada da Universidade Estadual da Pensilvânia criaram um conceito de submarino para explorar o Kraken Mare, o maior oceano de Titã.

Esse submarino seria carregado com instrumentos científicos que poderiam realizar investigações detalhadas sob a superfície, proporcionando um conhecimento sem precedentes de um mar extraterrestre. — Steve Oleson (Pesquisador do Centro de Pesquisa Glenn, da NASA)

Segundo a NASA, o Titan Submarine (ou Titan Sub) será capaz de conduzir autonomamente investigações científicas detalhadas sob a superfície de Kraken Mare, proporcionando conhecimento sem precedentes do gigantesco oceano de Titã — que atinge dimensões maiores do que o próprio do Mar Cáspio, na Ásia Ocidental:

Titã nas telinhas

O desejo de explorar a lua de Saturno foi recentemente retratado no filme Titan. Produzido pela Netflix e estrelado pelo ator Sam Worthington, o filme narra a história de uma família que decide participar de um programa científico secreto, no qual humanos devem passar por terapia genética para suportar as condições de Titã.

Em Titan, Sam Worthington se submete à terapia genética e se torna um “mutante” (Crédito: Netflix)

No filme, somos apresentados a uma Terra condenada à extinção graças ao esgotamento dos recursos naturais. Para salvar o planeta, Worthington se voluntaria a um processo de transformação genética que lhe permitiria viajar com segurança a Titã e sobreviver às condições adversas existentes nesse corpo planetário.

Navegando nos mares de Titã

Da ficção à realidade, a NASA está considerando inicialmente enviar um helicóptero semi-autônomo para estudar a paisagem e habitabilidade de dezenas de locais da superfície de Titã. A aeronave, chamada Dragonfly, deverá ter suas construções iniciadas em 2019, com previsão de lançamento em 2025.

Já a construção do Titan Sub deve demorar um pouco mais, pois envolve a superação de inúmeros desafios. Como a comunicação com a Terra não seria possível quando o veículo estivesse submerso, seria necessário que o submarino voltasse regularmente à superfície para transmitir dados científicos à NASA.

A construção do submarino envolve inúmeros desafios (Crédito: NASA)

Para evitar o comprometimento (ou mesmo extravio) dos dados durante o mergulho, os engenheiros da agência espacial deverão encontrar maneiras de tornar o submarino capaz de transmitir dados mesmo debaixo d’água. Além disso, o veículo deverá resistente o suficiente para suportar a pressão das águas.

Pesquisadores da Universidade Estadual de Washington já estão simulando a atmosfera de Titã em laboratório, com objetivo de ajudar a NASA a construir um submarino capaz de navegar em seu ambiente extremo. Teses iniciais apontaram ser possível construir o veículo, mas existem obstáculos pela frente.

A humanidade parece não ter limites quando o assunto é desbravar o cosmos, e iniciativas como Titan Sub sinalizam um desejo de explorar lugares cada vez mais ermos. Resta saber agora se a NASA conseguirá concluir o submarino até 2038, quanto Terra e Saturno estarão alinhados com as estações de Titã.

Fonte: Futuro Exponencial

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