Seremos todos cyborgs no futuro?
Por Redação
O filósofo Marshall Mcluhan disse, certa vez, que a tecnologia é uma extensão do corpo humano. A frase faz todo o sentido quando pensamos nas diversas ferramentas criadas por nossos antepassados. Com a faca, desenvolvemos uma continuação de nossos dentes; com o martelo, de nossas mãos; com os óculos, de nossos os olhos.
Mas o fato é que hoje, ao contrário de antigamente, estamos criando cérebros externos por meio de nossos smartphones e computadores. Humanos aos poucos estão se fundindo com máquinas e se tornando, tecnicamente, cyborgs.
O que já foi objeto uma ficção científica no passado, atualmente é uma realidade. Desde membros robotizados até olhos eletrônicos, uma série de tecnologias emergentes está buscando tratar condições de saúde e ajudar aqueles que sofrem de diferentes dificuldades e deficiências.
Os novos cyborgs
Próteses de fibra de carbono e titânio são bastante comuns atualmente, e a maioria dos membros artificiais são totalmente funcionais. O vídeo abaixo demonstra a destreza e as capacidades de um braço protético:
As próteses estão avançando cada vez ainda mais, levando pesquisadores a criar mãos robotizadas que podem ser controladas com a própria mente. Em 2016, um homem tetraplégico (Nathan Copeland) conseguiu sentir o toque em uma mão robótica através de eletrodos implantados em seu cérebro:
Além da criação de membros artificiais para dar capacidade de movimentação àqueles que precisam, pesquisadores, cientistas e empreendedores também estão desenvolvendo dispositivos para aprimorar nossos sentidos, nossa rotina de trabalho e nossas habilidades cognitivas.
O artista Neil Harbisson criou um “olho eletrônico” que lhe permite “ouvir” as cores. Harbisson, que nasceu com acromatopsia (doença que o faz enxergar em preto e branco), hoje é capaz de identificar as cores através de ondas sonoras. O eyeborg funciona como uma câmera que lê as cores para convertê-las em escalas musicais.
A empresa sueca Epicenter está implantando microchips em seus funcionários para que possam interagir melhor no ambiente do escritório. Os microchips são do tamanho de grãos de arroz e funcionam como cartões funcionais. Com eles, os funcionários podem abrir portas, operar impressoras e comprar itens na cafeteria.
Elon Musk acredita que poderemos fundir humanos com máquinas no futuro com a tecnologia interface cérebro-computador (Brain Computer Interface — BCI). A ideia levou Musk a fundar a Neuralink, que busca impulsionar as habilidades cognitivas dos seres humanos por meio de redes neurais — criando, essencialmente, cyborgs.
Seremos todos cyborgs no futuro?
Todas estas iniciativas estão levando pesquisadores, cientistas e estudiosos a questionar os possíveis impactos da robótica e da inteligência artificial no futuro. Isso porque, mais do que compensar as deficiências humanas, as novas tecnologias poderão gerar capacidades além de nossos limites fisiológicos inatos.
As tecnologias de membros artificiais, como as próteses de fibra de carbono utilizadas pelos atletas paralímpicos, já estão sendo objetos de discussão judicial. O atleta paralímpico Markus Rehm foi impedido de competir nas Olimpíadas Rio 2016 devido à preocupação se sua prótese ofereceria ou não vantagem durante a competição.
No momento em que a tecnologia destinada a ajudar pessoas com dificuldades e deficiências começar a ser empregada para dar aos humanos capacidades além dos níveis biológicos possíveis, teremos de enfrentar questões éticas, morais, econômicas e políticas até então inimagináveis.
Haverá um momento que cruzaremos essa linha? Se esse dia realmente chegar, provavelmente muitas serão as perguntas que nos faremos. Os cyborgs terão os mesmos direitos que os cidadãos biologicamente comuns? Estarão vinculados às mesmas leis que os “humanos”? Os cyborgs serão vulneráveis a hackers e manipulações?
Seja quais forem as escolhas que faremos enquanto seres humanos, nunca a biologia e a tecnologia estiveram tão próximas como hoje. E nunca as possibilidades foram tantas de estendermos o corpo humano para além dos limites fisiológicos. Transformar os seres humanos em cyborgs será mesmo o nosso próximo passo evolutivo?
Fonte: Futuro Exponencial