Transformação digital e o futuro do trabalho
Por Renato Azevedo Sant’Anna
O ritmo de inovação e adoção de novas tecnologias no mundo atual tem se acelerado, tendo como exemplo clássico a Lei de Moore, em que os processadores dobram de capacidade a cada 18 a 24 meses, tendo sido mantida essa tendência por quase 50 anos.
A inovação possibilitada pela tecnologia criará um ambiente de abundância para alguns e de escassez para outros, e cabe a nosso país se adaptar para essa nova realidade.
Nesse mundo exponencial, uma questão desafiadora será a reeducação massiva que centenas de milhões de pessoas terão de passar, de modo a readquirir habilidades que possam ser bem remuneradas num mundo onde a inteligência artificial será amplamente usada nas empresas, visando a automatização de tarefas e o trabalho manual tenderá a ser cada vez mais raro.
Habilidades como imaginação, criatividade, pensamento algorítmico e sistêmico tenderão a ganhar cada vez mais espaço, assim como habilidades que nos diferenciam como seres humanos, como a empatia, diplomacia, capacidade de liderança e de trabalho em equipes diversas.
Transformação digital e Mundo VUCA
Em tempos de Mundo VUCA (Volátil, Incerto, Complexo, Ambíguo), segundo frase de um graduado militar americano, devemos “nos acostumar em estarmos desconfortáveis”, de modo a gerar um desconforto permanente para que possamos “sacudir a poeira” e mobilizarmos todas as nossas energias criativas e nosso foco, para produzir soluções fora da caixa e inovadoras.
Nesse cenário de rápidas mudanças, existe o que chamamos de consciência situacional, nos quais identificamos quais são os protagonistas e elementos de determinada situação, compreendemos a relação estabelecida entre eles e com isso podemos antecipar possíveis cenários e gerar insights acionáveis.
Vivemos em um mundo complexo e cada vez mais fragmentado, com excesso de estímulos e muitas vezes imediatista, com muitas fontes de informações disponíveis que dispersam nossa atenção, como quando utilizamos as redes sociais, que foram desenhadas para capturar e prender nossa atenção, muitas vezes com informações nem sempre relevantes.
Transformação digital e curadoria do fluxo de informações
Existe hoje a necessidade de adotarmos um filtro que envolve a curadoria do fluxo de informações que absorvemos diariamente, para selecionar o que é relevante e selecionar aquilo que identificamos como de nosso interesse e/ou objeto de desejo.
O processo de Transformação Digital está inserido nesse contexto de curadoria como forma de empoderamento desse novo consumidor digital, em que a qualidade da experiência de uso e o fator preço são fatores muito importantes. E ao se tornar o consumidor protagonista, com o uso de pesquisas de satisfação do serviço prestado, por exemplo, os consumidores acabam por moldar as ofertas das empresas nesse novo contexto.
A análise dos dados gerados nos pontos de contato do consumidor com a empresa, seja pelos canais digitais ou físicos, permitem a identificação dos diferentes perfis de consumidores, o entendimento de suas necessidades e desejos, e o estabelecimento de estratégias de comunicação voltada para cada um deles.
Esse processo de Gestão do Conhecimento permite que a empresa inove na sua oferta de produtos e serviços e ajudam na definição da estratégia, ações táticas e na geração de recomendações para o processo de tomada de decisão da empresa.
Transformação digital e problemas complexos
Segundo estudo do Fórum Econômico Mundial, a habilidade de resolução de problemas complexos será muito demandada no mundo nos próximos anos e, especialmente, na área de Inteligência artificial, área em que o principal obstáculo ao uso corrente e futuro da Inteligência Artificial na sociedade não é tecnológico, e sim a dificuldade de eliminar os vieses nos resultados gerados nos algoritmos utilizados.
O profissional que conseguir explicar e interpretar os resultados gerados por um algoritmo no contexto do problema será muito valorizado, de modo a ajudar na identificação de vieses nos mesmos.
A utilização de critérios estritos de Governança de Dados de forma mandatória, em todas as etapas do processo de aprendizado de máquina que resultaram em uma predição, ajudará a mitigar e contornar esses problemas, auxiliando na geração de confiança e na imparcialidade dos resultados gerados, sempre com a supervisão de seres humanos no processo.
Fonte: Futuro Exponencial