A visão da Fita Cassete

Ana Valéria Alvarez
Futuros de Curitiba
2 min readOct 19, 2016

Já faz tanto tempo. Eu nasci em 1963, para a felicidade de muitos. A maioria me adorava pelo fato da praticidade de um som portátil, mas nem todo achavam isso o suficiente. Diziam que eu não era prática o suficiente, que não fazia nada por mim mesma. “Pra que eu vou querer uma fita cassete se eu vou ter que comprar um aparelho só para reproduzi-la?” Eles me julgavam. Diziam que eu não tinha qualidade, e eu estava cansada com tudo isso.

O toca fita sempre me acompanhou, desde meus primeiros sons. Ele sempre esteve lá por mim, me cuidando e defendendo. Depois de ouvi-lo, aqueles que me julgavam ficavam em silêncio, mas quando eu não estava em sua companhia a história era outra. Demorou algum tempo, mas com cada vez mais críticas minha vontade de crescer foi aumentando, até o momento que eu não suportei mais.

No início da década de setenta eu me tornei independente. Minhas vendas aumentaram, ninguém mais reclamava de mim. Eu era a maior sensação, finalmente pude ser ouvida sem a ajuda de ninguém. Nenhum defensor, nenhum “salvador da pátria”, somente eu. Eu era o suficiente. É claro que com isso as vendas do toca fita foram diminuindo cada vez mais. Mas o poder era muito grande, eu não podia voltar a ser o que era e abandonar todo o meu sucesso. As vezes ainda me sinto culpada por ter abandonado meu fiel amigo que tanto me apoiou, mas posso dizer que dele veio a fonte de todo meu poder.

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