Não vi Pelé: Andriy Shevchenko #3

Hugo Alves
Futz
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4 min readJul 30, 2018

Se você foi criança ou adolescente nos anos 2000 você com certeza “apelou” no Winning Eleven com Shevchenko. O ucraniano é dono de uma belíssima história de vida e conquistou o mundo através dos seus gols pelo Dínamo de Kiev e principalmente pelo Milan, sem contar sua contribuição para a seleção ucraniana.

Criança em Chernobyl —

Nascido na antiga União Soviética, Sheva é filho de um ex-soldado das forças soviéticas e cresceu na cidade de Dvirkivschyna (saúde!), próxima de Chernobyl. Durante sua infância, vivenciou uma das maiores tragédias nucleares da história, perdendo amigos e parentes que tiveram contato com a radiação.

O episódio abalou o jovem ucraniano, principalmente pela ausência de informação, como contou o próprio jogador. “Foi uma fase atormentadora para mim e para minha família. O perigo não era tão iminente para nós, mas escondiam muitas informações e não sabíamos exatamente o alcance de tudo aquilo”, afirmou.

Apesar de tudo, nem mesmo a radiação foi suficiente para parar Shevchenko, que meses depois já desfilava seu futebol pelos gramados da Ucrânia. Sheva foi ídolo no Dínamo de Kiev, sendo peça chave para o retorno dos ucranianos aos holofotes mundiais. Além do leste europeu, a Itália também foi um reduto do craque.

Características —

Para muitos, um dos melhores atacantes da história. Shevchenko unia força física e poder de definição como poucos, sendo uma máquina de balançar as redes. Dentro ou fora da área, com a perna esquerda ou com a direita, nada conseguia parar o camisa 7.

Taticamente falando —

Após estrear na equipe profissional com apenas 18 anos, Sheva colecionou títulos ucranianos com a camisa do Dínamo. O grande feito da equipe, no entanto, foi na Uefa Champions League da temporada 1998/1999, competição que teve Shevchenko como melhor jogador.

Sob o comando de Valeriy Lobanovskyi, o Dínamo desbancou grandes equipes do futebol mundial, parando apenas na semi-final em grande duelo contra o Bayern de Munique. Deste time também saiu Kaladze, outro jogador que fez muito sucesso com a camisa do Milan nos anos seguintes.

A principal sacada de Lobanovskyi foi colocar Rebrov, outro grande atacante ucraniano, junto de Sheva no ataque. Tal mudança deu ao craque mais opções ofensivas, além de dividir a responsabilidade, pelo menos no campo tático.

O sucesso surpreendente no Dínamo deu muita visibilidade ao jogador. Ao final da temporada foi levado ao Milan por 27 milhões de euros para fazer parte do processo de reconquista da Europa.

Já na primeira temporada marcou 24 gols em 34 partidas e foi artilheiro do campeonato. Mas, foi na temporada 2002–2003 que a glória veio. Formando uma dupla inesquecível com Inzaghi, Sheva e o Milan conseguiram conquistar a Uefa Champions League mais uma vez, tendo o ucraniano a responsabilidade de converter a cobrança de pênalti decisiva contra a Juventus na decisão.

A ótima fase deu ao camisa 7 a Bola de Ouro da revista France Football em 2004, prêmio dado ao melhor jogador do futebol europeu no ano. O destino, no entanto, pregou uma pequena peça em Shevechenko, que desperdiçou um pênalti e viu o Liverpool virar a lendária final de Istambul em 2005.

Visando respirar novos ares, foi para a Inglaterra fazer parte do projeto já campeão de Roman Abramovich. Com a camisa do Chelsea não foram muitos gols, um indicativo de uma carreira que já estava na reta final.

Neste meio tempo, no entanto, Sheva causou outro impacto no futebol ucraniano. Na Copa de 2006 mostrou uma das melhores versões do seu futebol e conseguiu levar a Ucrânia para as quartas de final, perdendo para a campeã Itália. A campanha marcou uma geração e orgulhou o país.

De volta aos clubes, terminou sua passagem apagada em Londres e voltou para Kiev, onde encerrou sua carreira. Atualmente é treinador da seleção ucraniana e busca levar seu país de volta a uma disputa de Copa do Mundo, fato que não ocorre desde 2006

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Hugo Alves
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21, jornalista | lendo e contando histórias aleatórias