Não vi Pelé: Paul Scholes #1

Hugo Alves
Futz
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4 min readJul 16, 2018

antes de mais nada é sempre bom deixar claro que o Não vi Pelé não tem o intuito de comparar ninguém com o rei do futebol, trata-se apenas do uso de uma das maiores expressões do futebol | ps: imagens podem ficar estouradas no celular

Valorizado pelos jogadores e esquecido pelos torcedores, Paul Scholes foi um dos melhores meias de sua geração e fez parte da dinastia de Alex Ferguson em Manchester. Membro da famosa Classe de 92, ganhou tudo que disputou com a camisa vermelha, consolidando-se como um dos maiores controladores de jogo da história.

Quando questionado sobre o seu adversário mais difícil, Zinedine Zidane respondeu: “Scholes, de Manchester. Ele é o completo meio-campo. Scholes é sem dúvidas o melhor meia da sua geração”. Além de Zizou, outros grandes nomes do futebol mundial também se renderam ao talento do camisa 18, destaque na primeira edição do Não vi Pelé.

Classe de 92 —

Foi a mais promissora geração de jovens talentos do futebol inglês que revelou ao mundo da bola nomes como Ryan Giggs, Nicky Butt, David Beckham, Gary Neville, Phil Neville e claro, Paul Scholes. Todos esses assumiram, nos anos seguintes, posições de destaque na equipe que viria a dominar a Inglaterra sob o comando de Sir Alex Ferguson.

Dos citados acima se destacam Giggs, Beckham e Scholes, três grandes jogadores que até hoje são lembrados pelos feitos com a bola nos pés. A trinca teve sua cadeira cativa no time titular por anos e ajudou Ferguson a construir a sua história extraordinária em Manchester.

Características —

Por característica, estamos falando de um jogador letal quando não pressionado. Scholes, além da qualidade técnica refinada, era também dotado de senso de posicionamento. Sua habilidade para criar espaços e receber a bola desmarcado impressionava e facilitava não apenas o seu trabalho mas também o de seus companheiros.

Como pode ser observado no vídeo acima, o lendário camisa 18 de Old Trafford se deslocava com maestria no meio da marcação adversária e criava sempre ótimas situações de passe, participando diretamente na transição entre defesa e ataque.

Sua chegada na área como homem surpresa também se demonstrou muito eficaz conforme o passar dos anos, seja com ótimas finalizações, seja com inusitados, porém corriqueiros, gols de cabeça.

Por outro lado, seu poder de marcação destoava. Apesar de ter atuado boa parte da sua carreira influenciando na fase defensiva, Scholes nunca foi um primor no quesito marcação e foi constantemente apontado como um jogador violento, fruto do erro do tempo de bola no momento do desarme.

Taticamente falando —

Scholes começou sua trajetória no profissional atuando próximo ao ataque, chegando na área para finalizar. Desta forma, desandou a fazer gols nas suas primeiras temporadas, antes de finalmente ser recuado para o meio-campo central, para fazer o que lhe consagrou: controlar o jogo.

No início, apesar dos minutos limitados pela presença do astro Mark Hughes, ocupou a camisa 10 frente ao Port Vale em partida válida pela Copa da Liga Inglesa. Na ocasião, debutou com a camisa vermelha marcando dois gols que demonstram todo o seu senso de posicionamento enquanto meia-ofensivo (se posicionando até mesmo como um segundo atacante, em determinadas partidas).

Estreia de Scholes com a camisa dos diabos vermelhos (Reprodução/Youtube)

A mudança para o meio-campo central ocorreu de forma gradativa. Ainda na década de 90 formou com Roy Keane uma das duplas mais notáveis e duradouras no meio-campo. Keane, agressivo como sempre, dava a segurança para Scholes se desdobrar em todas as faixas do campo. Completavam o meio-campo na maior parte do tempo Ryan Giggs e David Beckham

Time base da temporada 98/99 e a variação entre o 4–4–2 e o 4–1–3–2 (Arte: Hugo Alves)

Já em meados dos anos 2000, com a saída de Keane para o Celtic, passou a fazer dupla com Michael Carrick, formando outra grande parceria, desta vez especializada em controlar a partida. Scholes, mais lento, já não se posicionava tanto como segundo-atacante, função exercida por Wayne Rooney, que alternava entre o comando de ataque e o meio, dando liberdade aos pontas Ronaldo e Giggs.

Números —

Segundo dados da Premier League, Paul entrou em campo 499 vezes (13º na história da competição) com a camisa do Manchester United tendo marcado 107 gols (24º) e dado 55 assistências (24º).

Contabilizando todas as competições disputadas pelo United e pela seleção inglesa são, no total, 710 partidas disputadas, 149 gols e 68 assistências. Números muito expressivos de um dos jogadores que marcou uma geração em Manchester.

E aí, gostou? Segunda-feira que vem tem mais, destrinchando a carreira de outro craque do futebol mundial! Para acompanhar os bastidores da produção dos textos e ficar sabendo um pouquinho mais sobre futebol internacional e nacional me segue lá no twitter: @hgdca

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Hugo Alves
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21, jornalista | lendo e contando histórias aleatórias