Não vi Pelé: Philipp Lahm #2
Versátil, taticamente crucial e dono de um QI de jogo elevadíssimo, Philipp Lahm dominou os gramados alemães por anos. Como um bom vinho, o camisa 21 mostrou ao mundo que quanto mais os anos se passavam, mais afiada sua técnica ficava, sendo um dos últimos laterais clássicos do futebol moderno.
Características —
Lahm é, inegavelmente, um dos jogadores que mais representa a escola alemã de futebol: apto a atuar em diversas posições e que, acima de qualquer talento técnico, tem disciplina e a inteligência necessária para ler e controlar o jogo. Com essa mentalidade os alemães passearam no Mineirão e voltaram a ser referência quando o assunto é formação de atletas.
Philipp não fazia malabares com a bola, uma virtude, já que tinha como carro chefe fazer o simples muito bem feito. Cortes cruciais, passes capazes de quebrar linhas e chegadas cirúrgicas ao ataque com cruzamentos e finalizações de fora (ainda que raras) marcaram uma época em Munique, seja na lateral-esquerda, na lateral-direita ou no meio-campo.
Taticamente falando —
Sua trajetória como profissional começou em 2002 quando estreou com a camisa vermelha frente ao RC Lens na Uefa Champions League. No entanto, a presença de dois ótimos laterais na equipe o levaram ao Stuttgart, quando teve o primeiro contato com a lateral-esquerda.
De volta ao Bayern no final da temporada 2004/2005, sofreu grave lesão e teve de esperar até o início da temporada seguinte para começar a atuar como titular, dividindo a lateral-esquerda com Bixente Lizarazu. Já na temporada seguinte, reinou absoluto na posição após apresentar uma evolução significativa.
Os anos foram passando e o lado já não fazia tanta diferença para Lahm. A saída de Sagnol o levou ao lado de direito mas ainda assim era normal — principalmente na seleção — vê-lo atuando bem pela faixa esquerda do campo explorando muito o recurso de levar a bola para a perna direita, dificultando a marcação.
Mas foi com a chegada de Guardiola que o jogo mudou para Lahm. O melhor técnico do mundo na época tinha acabado de deixar o Barcelona, considerado por muitos como um dos melhores times de toda a história, para encarar um novo desafio.
Para o jogo de Guardiola a figura do meia defensivo que sabe sair com a bola é crucial. É ele que vai quebrar as linhas dos adversários com passes cirúrgicos e que vai dar fluidez ao jogo que — ao contrário do que é difundido por aí — não tem nada de enrolação. Para ser seu braço direito dentro do campo Pep escolheu Lahm e logo nos primeiros jogos deixou claro, ao mudá-lo da lateral para o meio, sua importância. “Se fizermos algo de bom nesta temporada, será devido a essa mudança”.
Na sua nova posição Lahm não conseguiu o título da Champions como ocorreu em 2013, mas conquistou o mundo em 2014 sob o comando de Joachim Löw. Seu posicionamento na seleção foi pautado basicamente pelas ideias de Guardiola e do que viria a ser o futebol do Bayern nos anos em que o espanhol esteve por lá.
Números —
Com a camisa do Bayern foram 505 partidas oficias. 618, se contarmos as atuações pela seleção alemã. Pelo time da Baviera foram cerca de 15 gols marcados e pela seleção Lahm balançou as redes em cinco oportunidades.
Quando o assunto é título, Phillip é autoridade. Como jogador e muitas vezes capitão conquistou tudo que disputou, inclusive a Copa do Mundo de 2014 disputada aqui no Brasil. Confira na imagem abaixo a representação dos mais de 20 títulos do jogador.