Não vi Pelé: Philipp Lahm #2

Hugo Alves
Futz
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4 min readJul 23, 2018
Arte: Hugo Alves

Versátil, taticamente crucial e dono de um QI de jogo elevadíssimo, Philipp Lahm dominou os gramados alemães por anos. Como um bom vinho, o camisa 21 mostrou ao mundo que quanto mais os anos se passavam, mais afiada sua técnica ficava, sendo um dos últimos laterais clássicos do futebol moderno.

Características —

Lahm é, inegavelmente, um dos jogadores que mais representa a escola alemã de futebol: apto a atuar em diversas posições e que, acima de qualquer talento técnico, tem disciplina e a inteligência necessária para ler e controlar o jogo. Com essa mentalidade os alemães passearam no Mineirão e voltaram a ser referência quando o assunto é formação de atletas.

Philipp não fazia malabares com a bola, uma virtude, já que tinha como carro chefe fazer o simples muito bem feito. Cortes cruciais, passes capazes de quebrar linhas e chegadas cirúrgicas ao ataque com cruzamentos e finalizações de fora (ainda que raras) marcaram uma época em Munique, seja na lateral-esquerda, na lateral-direita ou no meio-campo.

Taticamente falando —

Sua trajetória como profissional começou em 2002 quando estreou com a camisa vermelha frente ao RC Lens na Uefa Champions League. No entanto, a presença de dois ótimos laterais na equipe o levaram ao Stuttgart, quando teve o primeiro contato com a lateral-esquerda.

De volta ao Bayern no final da temporada 2004/2005, sofreu grave lesão e teve de esperar até o início da temporada seguinte para começar a atuar como titular, dividindo a lateral-esquerda com Bixente Lizarazu. Já na temporada seguinte, reinou absoluto na posição após apresentar uma evolução significativa.

Uma das primeiras formações do Bayern com Lahm de titular. Destaque para o meio com Hargreaves e Van Bommel, dois cães de guarda. (Arte: Hugo Alves)

Os anos foram passando e o lado já não fazia tanta diferença para Lahm. A saída de Sagnol o levou ao lado de direito mas ainda assim era normal — principalmente na seleção — vê-lo atuando bem pela faixa esquerda do campo explorando muito o recurso de levar a bola para a perna direita, dificultando a marcação.

Escalação utilizada na final da Uefa Champions League contra o Borussia Dortmund. Lahm e Martínez davam a sustentação defensiva necessária enquanto Alaba tinha mais liberdade para chegar ao ataque. (Arte: Hugo Alves)

Mas foi com a chegada de Guardiola que o jogo mudou para Lahm. O melhor técnico do mundo na época tinha acabado de deixar o Barcelona, considerado por muitos como um dos melhores times de toda a história, para encarar um novo desafio.

Para o jogo de Guardiola a figura do meia defensivo que sabe sair com a bola é crucial. É ele que vai quebrar as linhas dos adversários com passes cirúrgicos e que vai dar fluidez ao jogo que — ao contrário do que é difundido por aí — não tem nada de enrolação. Para ser seu braço direito dentro do campo Pep escolheu Lahm e logo nos primeiros jogos deixou claro, ao mudá-lo da lateral para o meio, sua importância. “Se fizermos algo de bom nesta temporada, será devido a essa mudança”.

Na ocasião, Pep escalou esse time para encarar o Barcelona no jogo de volta da Uefa Champions League de 2015. Lahm foi para o lado direito do meio-campo não apenas para auxiliar Rafinha defensivamente como também para ser um dos responsáveis pela saída. Essa foi uma das melhores versões (pelo menos no sentido de criação) do Bayern de Guardiola. (Arte: Hugo Alves)

Na sua nova posição Lahm não conseguiu o título da Champions como ocorreu em 2013, mas conquistou o mundo em 2014 sob o comando de Joachim Löw. Seu posicionamento na seleção foi pautado basicamente pelas ideias de Guardiola e do que viria a ser o futebol do Bayern nos anos em que o espanhol esteve por lá.

Números —

Com a camisa do Bayern foram 505 partidas oficias. 618, se contarmos as atuações pela seleção alemã. Pelo time da Baviera foram cerca de 15 gols marcados e pela seleção Lahm balançou as redes em cinco oportunidades.

Quando o assunto é título, Phillip é autoridade. Como jogador e muitas vezes capitão conquistou tudo que disputou, inclusive a Copa do Mundo de 2014 disputada aqui no Brasil. Confira na imagem abaixo a representação dos mais de 20 títulos do jogador.

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Hugo Alves
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21, jornalista | lendo e contando histórias aleatórias