Entrevista com Rafael Rip - professor e diretor artístico do Grupo Embatucadores
O que você vai levar desta leitura?
- Breve resumo Rafael Rip.
- Três respostas sobre como se desenvolve a relação produção & artista.
Rafael Rip tem 39 anos, possui formação em música e é pós-graduado em artes cênicas. Há treze anos é professor na Escola Estadual Professor Flamínio Favero, no Jardim Vista Alegre, zona de norte de São Paulo (Brasilândia). Visando trabalhar os fundamentos musicais sem utilizar instrumentos comuns, Rafael fundou o Projeto de Iniciação Musical para alunos interessados da mesma escola, com encontros em períodos extra-aula. Através deste projeto originou-se o denominado Grupo Embatucadores, o mesmo já foi premiado pelo Festival de Música Estudantil, posteriormente ganhou a edição nacional do Festival Adoniran Barbosa e recebeu o “Marco da Paz” pela Associação Comercial de São Paulo. O grupo consolidou-se a ao longo desses treze anos e hoje o diretor atua como representante dos cinco integrantes em eventos e em diversas instituições pelo país.
Conversamos com o Rafael sobre a nossa relação produtora & artista e como isso tem se dado à partir do desenvolvimento do grupo nos últimos três anos (desde quando começou nossa parceria).
1. Como foi levar o grupo Embatucadores, saído do projeto social, para o mundo?
Foi muita coragem para encarar a plateia nua e cruamente falando: sem palco, sem nada. Indo para a rua mesmo. Então primeiro nós nos arriscamos, utilizando até um pouco da experiência que eu já tinha como artista de rua, já sabia como funcionava esse tipo de abordagem. E foi assim que fizemos nosso teste. Eu já tinha feito testes de palco com outras turmas em outros anos e sempre houve muito reconhecimento e muito sucesso, principalmente ao que se diz respeito à pedagogia. Sempre fui muito admirado por esse processo dentro de uma escola, que dá um resultado muito bonito. Além de bonito, eficiente. Então, esse foi um grande indicativo de que a rua iria funcionar para nós.
Além de termos a aprovação na rua, partimos em busca das parcerias. No caso, com vocês da G2 Cultura que foi a principal, porque eu procurei primeiramente para ver como poderíamos nos resolver na questão de escrever projetos culturais, conseguir aprovação em editais. Fomos procurando esse tipo de parceria, mas com o tempo percebemos que também queríamos trabalhar com a produção e fomos nos conhecendo melhor dentro do trabalho do Embatucadores, firmando essa parceria. Depois, veio a parceria com o André Guerreiro Lopes no teatro, com a Cia. Lusco-Fusco que no colocou num trabalho muito importante desde 2017. Nesse mesmo ano também conhecemos a MCD e daí se deu a gravação desses trabalhos e começamos a ter uma postura profissional mesmo. Foi assim que se deu.
3. O grupo Embatucadores é auto sustentável? Como?
Sim, o grupo Embatucadores é auto sustentável. Ninguém injeta dinheiro no grupo. Então se ninguém injeta dinheiro no grupo e ele se mantém em movimento, ele é auto sustentável. E claro, ele tem que ser entendido não só como cinco músicos, hoje ele é auto sustentável por conta da organização de um grupo muito maior. Nesse grupo inclui-se a G2 Cultura e todos os seus colaboradores, aqueles que colaboram com o grupo através da G2 ou diretamente — e não estou falando de colaboração financeira necessariamente — com material físico e humano, como ensinamentos para nós, proporcionar o lugar em que possamos tocar, divulgar o nosso trabalho e o nosso sustento financeiro se dá por um trabalho feito em parceria. A gente cuida da parte artística e vocês da G2 Cultura cuidam do lado de produção artística, executiva, todo tipo de produção, todo o demais. Hoje, a equipe como um todo, o grupo Embatucadores visto como algo maior, como um mini empresa, sim é auto sustentável.
4. Como a equipe de produção auxilia o grupo?
A produção seria em vários sentidos, a primeira função pela qual a produção se juntou à nós foi na orientação profissional do grupo. Através da Stephanie que me passava às atividades, depois da atuação dela e sua (Jaqueline) como G2 dentro do grupo. Mas, primeiro com a questão da gestão do que a gente tem. Tínhamos uma pequena demanda de shows, tinha que emitir nota fiscal, tinha que formalizar, acompanhar os convites… E depois pela demanda criada pelo grupo, seja através da divulgação, de contatos que a G2 tem ou pelos shows que a gente já faz. Então a produção cuida de toda essa parte burocrática e de como funciona a parte das autorizações legais para que todos possam tocar, ou seja, para receber e tudo o mais. Cuida também do transporte. Até então temos a nossa Kombi, mas mesmo com nós vamos com a nossa kombi, tem que arrumar lugar pra parar, com quem devemos falar, como licenciar o veículo para estacionar no local, por onde entrar e por onde sair. Depois, a questão de lanche, uniforme e todo o tipo de ajuda para o grupo. E às conversas que deixam de ter que passar por mim o tempo todo e são ligadas à divulgação na imprensa, comunicação, lançamento e todo o background do grupo — background somente em termo de falar — é capaz que tenha mais visibilidade do trabalho de vocês do que o nosso, porque são vocês que acompanham às redes sociais nesse trabalho de comunicação, que estão nessa linha de frente de conversar com as pessoas e fazer contato. Então, é dessa forma que a produção trabalha com a gente!
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