Reflexão para 2020

Gabriela Cecon
GabiCecon
Published in
5 min readJan 1, 2020

Contém um desabafo sincero com gotas de ódio e alguns palavrões.

Eu amo escrever na virada. Sempre fico inspirada e consigo fazer reflexões que muitas vezes me guiam durante todo o ano.

A reflexão que irei compartilhar com vocês hoje foi tirada da minha nova experiência adquirindo um PC Gamer.

Quando eu era criança, minha primeira experiência com videogame foi um gameboy portátil que meu falecido avô trouxe do Paraguai. Não era Tetris, infelizmente. Era muito caro na época.

Meu avô trouxe um para cada irmão. Eu tenho dois irmãos mais velhos. Quatro e cinco anos de diferença entre eles e eu.

O meu joguinho era o pior. Era uma espécie de basquete. O dos meus irmãos eu não me lembro. Porém, nós compartilhávamos os brinquedos quando enjoávamos.

Em algum natal, ganhamos um Master System. Uau. Isso foi muito épico. O console dava para jogar sem fio, com pilha. Era ultra tecnológico pra época. E vinha com Alex Kid na memória. Eu só podia jogar quando meus irmãos mais velhos desocupavam, porque o videogame era deles. Eu era a irmã e caçula. E, pra que brincar com o videogame dos meus irmãos se eu podia brincar de bonecas, não é mesmo? Foi assim que fui ensinada.

Meus irmãos sempre tiveram videogames e alugavam jogos e eu mais observava do que jogava. Além da monopolização, eu também não sabia mexer direito. Não era meu mundo. E quando não conseguia, me sentia meio burra. Tinha vergonha de jogar na frente dos outros, falhar e ser zoada.

Conforme o tempo passou e os jogos foram evoluindo eu me senti cada vez mais distante, até que veio o nosso primeiro computador e eu descobri que poderia jogar.

Eu primeiro comecei nos jogos que vinham no Windows, depois descobri gamão on-line. Depois de vários joguinhos do tipo eu conheci o Sim City. Adorei. Viciei.

Em seguida meus irmãos compraram The Sims. Foi o ápice.

Me lembro de jogar uns 3 dias seguidos dormindo apenas 4, 5 horas. Eu realmente me viciei e sabia todos os cheats codes.

Mas como a internet banda larga já era acessível, a socialização com pessoas reais me chamou mais a atenção. E os jogos eram meio pesados para nosso computador também.

Quando comecei a namorar, meu ex namorado tinha um Playstation. Eu jogava PES e FIFA. Mas eu sou muito competitiva e não curtia perder. Honestamente, competir com homens que jogaram isso a vida toda não é muito justo. Mesmo de vez em quando eu me saindo bem e ganhando deles.

Eu me mantinha afastada do videogame novamente, porque eu tinha medo de falhar, de me sentir humilhada e julgada. Os jogos do meu ex não eram os tipos de jogos que eu gostava. Até que ele me incentivou a comprar um Nintendo Wii.

Com o Nintendo Wii eu desabrochei novamente meu gosto por jogos. Mas não tinha tantos jogos assim. Eu ficava jogando mais o Super Mario World, cumprindo as missões. Sempre tive curiosidade por Zelda, mas achava caro pagar mais de duzentos reais em um jogo.

Depois de um tempo me senti no limbo.

Eu achava que não era muito gamer. Até cheguei a jogar Lego Vingadores no PC, mas meu notebook não era bom o suficiente.

Esse ano, solteira, morando sozinha, tive a oportunidade de ir na Game XP. Lá eu decidi dar uma oportunidade de descobrir o meu lado gamer.

Reservei um dinheiro e decidi investir num PC. Falei com alguns amigos e parentes. Eu nunca havia investido antes num PC Gamer porque sempre dei ouvidos a conhecidos que me desestimulavam e diziam que o console x ou y eram melhor.

Eu também acabei descobrindo que gosto de jogar no teclado. Mas toda vez que falo isso recebo uma chuva de críticas.

Quando pessoas que você respeita e admira cagam regra pra você, é difícil ter uma opinião divergente forte.

É igual filme dublado. Eu tenho preferência de assistir filmes e séries que são de qualidade legendadas, mas quando o filme ou série é ruim e eu vou assistir só pra ter alguma coisa na TV, eu ponho dublado. Mas se falar isso numa roda de amigos, nossa. Primeiro vou me sentir burra por não ser fluente em inglês, que nem é minha língua materna, segundo que sempre vai ter um que vai falar que não consegue assistir dublado porque é ruim, fazendo automaticamente o meu gosto então ser ruim, e terceiro que alguém irá dizer que a dublagem perde muito e bla bla bla, agora ele é especialista, deve ter visto tudo legendado e depois dublado pra ter certeza.

Eu sou muito insegura. E minha vida toda, pessoas fortes que eu admirava deram a opinião delas, e mesmo discordando, eu fui na onda que achei que não era a certa por embalo dos outros, e sempre tomei caldo.

A questão é que FODA-SE. Simples assim.

Eu estudo inglês e mesmo não precisando de legenda em alguns filmes e séries eu gosto de ver dublado. Não preciso me justificar. Gostaria que esses pau no cú começassem a respeitar e parassem de cagar regra.

Eu gosto de jogar os jogos que eu curto no PC e tenho mais habilidade com teclado e mouse, no momento, e, novamente, FODA-SE. Tem gente que joga no joystick desde os três anos de idade porque é homem e riquinho. Eu jogo no teclado e no mouse e não quero ser criticada e ouvir um “nossa, como você consegue, é mó ruim”, não quero essa opinião óbvia e estúpida.

É tão bom chegar na minha casa, abrir a STEAM e jogar O QUE EU BEM ENTENDER, sabe? Não tem ninguém me enchendo o saco e me julgando. Gostaria que fosse assim em tudo na minha vida. Por isso, esse será o aprendizado estendido que levarei este ano. Se alguém vier cagar regra dizendo que isto ou aquilo é ruim, eu irei enfrentar e exigir respeito.

E outra reflexão que deixo é: Seja menos pau no cú na hora de criticar algo, isso é chato, desagradável, cria bloqueios desnecessários em pessoas com experiências diferentes das tuas e você pode ser respeitado por coisas que realmente acrescentam na vida dos outros.

Espero ter ajudado, desculpem os palavrões e feliz 2020.

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Gabriela Cecon
GabiCecon

Especialista em cultura geek, empresária, design thinker e sonhadora.