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Uma reflexão sobre o futuro do Cinema

Gabriel Reynard
Meu Blog — Gabriel Reynard
3 min readOct 15, 2020

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Confesso que, nos últimos anos, minha paixão por filmes tem diminuído consideravelmente, e a situação só piora quando se trata de ir ao cinema. Mesmo antes da pandemia, eu já não frequentava as salas de cinema com tanta frequência. Gradualmente, fui trocando esse hábito pelo streaming, uma opção mais confortável e acessível.

Essa mudança de comportamento não é exclusiva minha. Muitas pessoas encontraram no streaming e no download uma alternativa mais conveniente para assistir aos seus filmes favoritos. Com a evolução da internet e os avanços nos aparelhos de televisão, a possibilidade de desfrutar lançamentos no conforto do lar acabou afetando cada vez mais as visitas às salas de cinema.

A pandemia parece ter sido o golpe final para essa indústria já fragilizada. Com as salas de cinema fechadas e os estúdios adiando seus lançamentos, as empresas do setor estão enfrentando sérias dificuldades financeiras. A notícia de que a Cineworld, a segunda maior cadeia de cinemas do mundo, estava encerrando suas operações nos Estados Unidos e no Reino Unido, resultando no fim de mais de 45 mil empregos, chamou minha atenção para a gravidade da situação.

De acordo com um artigo do jornal britânico The Guardian, as ações da Cineworld despencaram mais de 60% após o anúncio de que as salas permaneceriam fechadas por tempo indeterminado. Isso levou até mesmo o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a implorar para que as pessoas retornem aos cinemas, em uma tentativa desesperada de ajudar o setor a se recuperar, apesar do alto risco de contágio.

O assunto é tão sério que existe uma página na Wikipédia dedicada a discutir a crise gerada pela pandemia de coronavírus na indústria cinematográfica. Lá, é possível encontrar informações sobre filmes adiados, a situação das premiações e festivais de cinema, além do impacto econômico geral, relatando as perdas do setor em 2020.

Uma ideia para salvar os blockbusters tem sido lançá-los online, com uma forte campanha de marketing. Christopher Nolan adotou essa estratégia em seu filme “Tenet” (2020), que parece ter dado certo, alcançando bons números de bilheteria e se aproximando da marca de US$ 300 milhões. No entanto, poderia ter sido ainda maior, considerando que Nolan é um diretor renomado conhecido por gerar cifras astronômicas com seus filmes.

O que esse texto nos faz refletir é sobre o futuro do cinema e sobre nosso comportamento como sociedade. Será que ainda desejaremos frequentar salas de cinema lotadas para assistir a lançamentos que podemos ver confortavelmente em nossas casas? Os resultados de “Tenet” não apontam claramente para essa tendência. Embora tenha liderado a bilheteria nos EUA, a Warner Bros já admitiu que manterá o filme em cartaz pelo maior período possível, o que demonstra a importância das salas de cinema para a indústria cinematográfica como um todo.

O futuro do cinema é incerto e desafiador. A pandemia acelerou uma mudança que já estava em andamento, impulsionando ainda mais a preferência pelo streaming e pelo conforto do lar. O acesso imediato aos filmes, a possibilidade de pausar e assistir no horário mais conveniente e a ampla oferta de conteúdo disponível online são atrativos poderosos.

No entanto, há algo especial na experiência do cinema tradicional, que vai além da simples projeção de filmes. É a atmosfera única de compartilhar a tela grande com outras pessoas, as emoções coletivas, a magia das produções cinematográficas em uma tela ampla e imersiva. Esses elementos continuam atraindo muitos cinéfilos e cinéfilas, tornando as salas de cinema um espaço de encontro e apreciação da sétima arte.

É possível que, no futuro, vejamos uma coexistência entre o cinema tradicional e o streaming, com uma oferta diversificada de opções para os espectadores. Talvez as salas de cinema se reinventem, oferecendo experiências mais imersivas, tecnologia avançada, sessões exclusivas e eventos especiais para atrair o público.

No final das contas, a decisão de assistir a um filme no cinema ou em casa dependerá das preferências pessoais de cada um, das circunstâncias e da disponibilidade. O importante é que o cinema continue a existir e a encantar pessoas ao redor do mundo, seja nas salas escuras ou nas telas brilhantes de nossos dispositivos.

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