A Fila do Banco

Começo de mês, correria começa, cidadão vai a lotérica pagar as contas, e encontra a fila de banco.

Famigerada fila de banco é a referência brasileira de uma relação de amor e ódio; e brasileiro nato, encontra ao menos três, no inicio de cada mês. Caixa Econômica, Banco do Brasil são as filas “must have” de todo cidadão brasileiro, e para finalizar, uma fila no Santander para pagar de burguês. A Fila de Banco, com capitais maiúsculas refere-se propriamente a entidade definida, ela é um ser vivo, e se alimenta de seu amor e ódio.

Fila de Banco é um evento, tem dia marcado todo mês, é sagrado, salário caiu e o primeiro dia útil será dedicado à fila de banco. Cidadão ao terminar o turno matutino no trabalho (as vezes nem vai trabalhar), preparado para o evento, almoça uma marmita rápida e se dirige ao primeiro banco pegar a senha, deve ser rápido, tem de “fazer” os três bancos antes de começar o turno da tarde, fila está grande, então dirige-se ao próximo banco, retira a senha, guarda e vai pro ultimo banco repetir a mesma ação.

Senha garantida nos bancos, que por coincidência ficam um do lado do outro, se prepara para a próxima etapa de sua jornada, monitorar o andamento das senhas, indo de banco a banco. Para isso, ele se prepara um dia antes, não veste nada de metal, não carrega nada que lhe possa segurar na porta com detector de metais, cada segundo conta.

Se o cidadão realizou sua procissão corretamente, e fez as oferendas necessárias a fila do banco de maneira satisfatória, tal entidade deve retribuir, e sua espera será longa, mas será atendido nos três bancos sem perder a senha.

“Tomara que não tenha muito idoso sacando o benefício” — Cidadão #2011458654 na fila de Banco

40 minutos depois, cidadão é atendido, salário do mês fica todo lá, um pouquinho em cada banco.

“Espero que o gás não resolva acabar, só sobrou 50 real.” — Cidadão #1581458764 ao sair do Banco

Se tudo deu certo, volta a trabalhar, para que no próximo mês, mesmo ritual possa realizar.

É claro que que nesse “novo normal” imposto pela pandemia a Fila de Banco, como deidade imortal, evolui para manter seus fiéis, e brasileiro como um bom fiel, faz um novo boleto, para seu dízimo saciar e mesmo isolado, uma hora na fila ficar.