Eu não aguento mais

Vinícius Nascimento
Galo de Kalsa
Published in
3 min readJun 26, 2021

Não dá para dizer que pouca coisa aconteceu desde o último texto deste blog sobre o Tottenham. No mesmo 19 de Abril em que foi anunciada a demissão de José Mourinho, num ambiente mundialmente conturbado pelos protestos contra a Superliga.

Não podemos reclamar que faltou assunto: mais uma final perdida sem fazer gols, os jogos comandados por Ryan Mason, o 7º lugar atrás de West Ham e somente a 5 pontos da zona de classificação da Champions League que só fez aumentar a sensação de que era possível fazer coisas melhores na temporadas, a despedida de Bale novamente com gols que decidiram uma vitória assim como foi contra o Stoke antes de sair para Madrid pela primeira vez, as declarações de Kane querendo ir embora, as de Son reservando seu futuro para o clube e uma iminente renovação de contrato (coitado). Não faltou prosa.

Acho que falo por todo o mundo quando digo que faltou foi tesão. Somos um grupo de torcedores e acho que falo por todo o mundo quando escrevo que, diferente de Pablo Vittar, estamos tristes e sem T. E a culpa é do clube e sua direção que não entende de bola. Aí entra naquele ciclo vicioso e repetitivo: os erros se repetem, ou pior: ganham contornos ainda mais absurdos. Qual é o time que se diz de primeiro escalão que ficaria 68 dias sem definir um treinador numa boa e agindo como se fosse normal?

Essa novela do técnico inclusive gera um efeito manada que só serve para expor o clube -ainda mais- ao ridículo. Falamos sobre isso no Twitter, onde estamos nos movimentando mais: a completa inabilidade da diretoria do Tottenham em lidar com a situação está causando uma avalanche de informações e palpites que vem sendo tratados como verdade pelo puro desejo de que seja.

Relatos não confirmados viram fonte fidedignas e matérias como “Tottenham é rejeitado pelo 1º treinador” tomam conta dos jornais e periódicos.

Ora, quantos desses realmente tiveram ofertas? O que procede do caso Conte? Quem disse que o Nuno iria assumir com tanta certeza? A crise no Tottenham se tornou extremamente rentável como objeto de informação e os veículos e tabloides, ingleses ou não, vão mamar o máximo possível nisso pois quem não quer dar risada de mais um fracasso deste pequeno clube?

No meio de todo esse turbilhão existem aqueles bobos que se importam com o clube e querem saber o que de fato está acontecendo. E como as pataquadas vão se acumulando, o tesão vai sendo drenado. Aquela coisa quentinha que toma o peito e faz o futebol ser tão bacana, aquela esperança boba que faz com que a gente acredite ano após ano que dessa vez será diferente aos poucos vai se drenando.

Quando da saída de Pochettino, comentamos que o sucesso construído pelo próprio argentino foi o responsável por ricocheteá-lo para fora do clube. O fato é que ele não foi o único: o próprio Tottenham foi vítima da sua escalada e de sua incapacidade de tocar as estrelas mesmo chegando ao céu. A subida que era ascendente está caindo pouco a pouco e neste momento já não sei onde está a esperança de dias melhores, consolidação, glórias e os textos que sonhei em escrever.

O Tottenham se perdeu e parece estar acomodado com isso, empurrando com a barriga seus próprios problemas e se escondendo atrás de seus sucessos recentes — que não se transformaram em nada a não ser mais esperança. Os títulos que eram questão de tempo e ajustes não vieram, os pilares estão querendo ir embora ou foram mandados pra rua e os grandes responsáveis por isso ainda estão aí reclamando de janela de transferências ou gravando vídeo para chover no molhado.

E ironicamente um dos grandes lemas do clube é o “To Dare Is To Do”. Irônico demais isso ser a bandeira de um board que não ousa e nem faz porra nenhuma.

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