O cão de guarda chegou: como joga Pierre-Emile Höjbjerg

HDL
Galo de Kalsa
Published in
3 min readAug 11, 2020

A primeira contratação do Tottenham para a temporada de 2020/21 chegou com elogios de Eriksen e estranhamento de Vertonghen. Pierre-Emile Höjbjerg já está no norte de Londres e irá vestir a camisa 5, do recém saído zagueiro belga. Dói um pouquinho, né?

Aos 25 anos, Højbjerg completou, há pouco, sua quarta temporada no Southampton. De promessa a capitão, sua ascensão passou por elementos de seu jogo que o transformaram em um dos melhores meio-campistas marcadores da Premier League.

Pera lá, melhores?

Sim, melhores. O radar produzido pelo The Athletic nos ajuda a entender isso: nos percentis defensivos, ele tem um notável destaque. É melhor dando botes que 90% da liga, melhor interceptando passes que 97% dela, e “atrapalha” os rivais, com botes ou faltas, 84% além da média.

Especialista em pressões, Højbjerg foi chave para a reviravolta da equipe de Hasenhüttl. É um time que recupera muitas bolas no campo rival, e a eficiência do dinamarquês nisso tirou a necessidade de usar um volante mais defensivo ao seu lado, como Romeu.

No time da costa sul da Inglaterra, Pierre teve seu melhor momento jogando ao lado de James Ward-Prouse. Não necessariamente como um primeiro volante, mas fazendo um double pivot com ele — mais ou menos quando a gente não consegue determinar quem é o primeiro e quem é o segundo homem no meio, sabe? Os dois avançam, não juntos, claro, e os dois voltam.

Ele é um roubador nato

Aliás, tê-lo como um primeiro volante, sem permitir que ele avance, pode tirar uma de suas grandes características, que é a pressão no meio-campo. Claro, ele vai poder ser o cão de guarda à frente da defesa, mas ter alguém que rouba bolas mais próximo do ataque é extremamente fundamental para pegar a defesa adversária desprevenida.

Quem é, hoje, o responsável por recuperar bolas no meio de campo na equipe de Mourinho? Seja quem for, ele não é um especialista. Os números não só comprovam isso, como demonstram a superioridade de Højbjerg no aspecto defensivo.

Comparativo entre os meio-campistas do Tottenham e o novo contratado

Sem dúvidas, o encaixe de Højbjerg na equipe seria parecido com o que vemos abaixo. O 4–3–3 foi o esquema mais utilizado por Mourinho na sequência de bons resultados antes do fim da temporada, o que indica a tendência de sua repetição e aprimoramento para o futuro.

E esse meio, será que dá?

Como disse antes, o dinamarquês se destacou em uma dupla de volantes, não numa trinca. Será necessário, portanto, estabelecer um modelo de marcação, quando a ideia não for apenas defender a própria área, que solte o jogador para morder do meio para a frente.

Achar uma função que potencialize Højbjerg será uma das grandes tarefas de Mourinho para 2020/21. E já podemos prever que, caso isso dê certo, finalmente encontraremos um volante defensivo à altura daquele Wanyama.

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