Passagens nada (ou pouco) saudosas: Lewis Holtby

Lucas Colenghi
Galo de Kalsa
Published in
4 min readJul 7, 2019

A frente fria que chegou no Brasil é uma ótima deixa para trazer à tona a chamada Pauta Fria. A ideia deste texto (que pode se transformar em uma sequência temática de publicações) é relembrar (e passar raiva) com passagens de jogadores que não deixaram muitas saudades no Tottenham.

Dito isto, o nome perfeito que surgiu à minha mente foi o de Lewis Holtby e vocês entenderão o motivo conforme esta redação for se desenrolando.

Foto: Bleacher Report

Após surgir no Alemania Achen, um jovem alemão de 18 anos chamou a atenção do Schalke 04, numa época em que os azuis reais ainda eram capazes de desafiar o Bayern de Munique pelo título da Bundesliga. Lewis Holtby demonstrava um grande potencial em uma posição carente em certames germânicos: a do famigerado meia armador.

Contudo, não foi com a camisa azul que ele se destacou inicialmente na elite do futebol de seu país e, sim, no Mainz 05 durante a temporada 2010/11, quando ele e Andre Schürrle eram os grandes nomes da equipe, então, comandada por Thomas Tüchel.

Depois disso, Holtby passou uma temporada e meia no Schalke até que André Villas-Boas pediu sua contratação no Tottenham. Como seu vínculo com a equipe de Gelsenkirchen estava chegando ao fim, Daniel Levy planejava assinar um pré-contrato com jogador, para que ele defendesse a camisa Lillywhite em 2013/2014. Entretanto, o presidente dos Spurs aceitou pagar uma compensação para que o jogador fosse liberado ainda em janeiro de 2013.

No restante daquela temporada, ele disputou 17 partidas pelo Tottenham e colaborou, apenas, com duas assistências. Apesar do número baixo, acreditava-se que aqueles 6 meses seriam de adaptação e que, naturalmente, o jogador começaria a render como nas últimas temporadas de futebol alemão.

Em 2013/14, foram 22 jogos: 3 gols e 6 assistências. Chances conquistadas com AVB no banco de reservas principalmente. Com a demissão do treinador português e a chegada de Tim Sherwood, Holtby foi emprestado ao Fulham, clube pelo qual terminou a temporada na zona de rebaixamento.

Em 2014/15, Mauricio Pochettino chegou ao clube e o utilizou em 3 oportunidades apenas. Seu destino acabou sendo uma volta à Alemanha na segunda metade da temporada. O Hamburgo pagou 2,5M de euros por seu empréstimo, com valor fixado de compra em 6,5M da mesma moeda.

O jogador também não brilhou no Hamburgo. Inclusive, participou, em 2017/18, do único rebaixamento da equipe que, até então, havia disputado todas as temporadas da existência da Bundesliga.

Holtby havia chegado ao Tottenham gerando muita expectativa nos torcedores. Muitos acreditavam que sua aquisição havia sido uma barganha tremenda. Infelizmente, essa expectativa foi diminuindo, conforme via-se que ela era nutrida com base naquilo que ele havia apresentado em sua terra natal e o quão longe aquele momento ia ficando a cada partida que ele disputava pelo Tottenham.

Vocês se lembram do tanto de giros completos que Scott Parker começou a dar em campo depois de uma primeira temporada brilhante pelo clube? Pois é. Holtby só teve os giros e nada de brilhantismo.

Em março de 2019, ele deu uma entrevista ao jornal britânico, Independent. Lá, o jogador entende que poderia ter tido mais chances, mas também faz uma importante autocrítica quanto à maneira como se comportou enquanto teve contrato com o clube:

“Eu amei o tempo que passei na Inglaterra”, Holtby disse sem hesitação. “Você não pode comparar o Fulham, ou mesmo o Schalke dá época, ao Tottenham. Embora tenha sido, definitivamente frustrante, porque eu tive boas atuações, em que achei que merecia mais tempo de jogo. Contudo, eu mesmo esperava mais de mim, eu tinha mais expectativas do que ainda viriam a se suceder.”

“Eu pensei que tinha a qualidade, mas talvez eu fosse um pouco inocente. Tomei decisões precipitadas em excesso. Não fui o profissional que sou jogo em vários quesitos. Há muitas coisas que conquistei ao longo dos anos e penso que, se estivesse lá agora, eu agiria diferente, penso que tenho uma bagagem maior.”

Talvez, Lewis tenha sentido o peso de utilizar a camisa 14 logo que Luka Modric a deixou disponível com sua saída. Quiçá, poderiam ter tido a mesma paciência com ele em relação à que Pochettino tem com jogadores como Erik Lamela. De fato, sua atitude intempestiva, ao se ver fora do cenário ideal que sua mente havia planejado, contribuiu para os altos e baixos que teve de viver.

A passagem de Holtby pelo Tottenham não nos deixou muitas saudades. No entanto, certamente, o clube deixou saudades no jogador.

--

--

Lucas Colenghi
Galo de Kalsa

Professor em aprendizado. Escritor frustrado. Torcedor corneteiro.