Passagens nada (ou pouco) saudosas: Steven Pienaar

Lucas Colenghi
Galo de Kalsa
Published in
3 min readJul 18, 2019

Por vezes, sou acometido pela vontade mórbida de relembrar desgraças relacionadas ao Tottenham.

Gomes;

Hutton, Dawson, Bassong, Assou-Ekotto;

Lennon, Modric, Sandro, Pienaar;

Van der Vaart;

Defoe.

Foi desta maneira que Harry Redknapp alinhou o Tottenham para enfrentar o Fulham, em Craven Cottage, no dia 30 de janeiro de 2011. Uma expulsão infantil de Dawson fez com que tudo se degringolasse e acabasse em sonoros 4 a 0 para os rivais de bairro do Chelsea.

A escalação era forte, mas a equipe não entrou concentrada o suficiente para o jogo e foi eliminada categoricamente da FA Cup daquela temporada.

Este contexto, certamente, foi o aviso de que a passagem de Steven Pienaar pelo Tottenham não deixaria saudades. A estreia individualmente apagada do camisa 40 em uma atuação sofrível do coletivo: uma combinação poderosíssima para o fracasso.

O jogador havia sido recém-contratado do Everton por empréstimo, mas com opção de compra avaliada em 3,6M de libras. Valor bem modesto para alguém que viria para ser uma boa opção no elenco.

18 jogos, 1 gol e 2 assistências depois, Redknapp o liberou para que voltasse ao clube azul de Liverpool. Incrivelmente, ele foi revendido por 5,75M da mesma moeda.

A passagem foi tão sem brilho, que muitas pessoas nem lembram sequer quem foi Pienaar. O que é uma injustiça pelo bom jogador que ele foi e pela respeitável carreira que construiu no futebol europeu.

Steven Pienaar surgiu para o futebol em 1999, aos 17 anos, no Ajax Cape Town, equipe sul-africana que é parceira do AFC Ajax da Holanda. Aos 19, os holandeses enxergaram seu potencial e o contrataram em definitivo.

Rápido, voluntarioso e com certa qualidade técnica, ele não demorou a chamar a atenção de outras ligas e se transferiu para o Borussia Dortmund em 2006. No entanto, a passagem pela equipe alemã não foi boa.

O Dortmund vivia um momento muito complicado em sua história. Não tinha condições financeiras de montar grandes times e logo perdeu sua grande referência, Rosicky, para o futebol inglês.

Isso, contudo, não impediu que Pienaar atuasse da melhor forma possível dentro de um contexto caótico. O Everton resolveu apostar no jogador e o contratou em 2008 em definitivo, após vínculo inicial por empréstimo. Ali, o meia-atacante viveu seu melhor momento desde o Ajax e acabou enchendo os olhos de Harry Redknapp, que resolveu contrata-lo.

Foto: The Independent

Ir para o Tottenham representou a queda em seu futebol. Como já dito, ele logo voltou ao Everton, onde era querido, e por lá ficou até em 2016, quando David Moyes resolveu leva-lo para o Sunderland, mas ele nunca chegou a atuar como na sua primeira passagem pelos Toffees.

Steven Pienaar construiu um currículo respeitável na Europa, mas a passagem ao vestir a camisa lilywhite não foi nada inspiradora.

Pienaar se aposentou em 2018, aos 36 anos, tendo atuado pela última vez no Bidvest Wits, equipe de seu país natal.

Mais uma vez, os questionamentos são vários. Falta de chances? Falta de empenho do jogador em entender o seu momento naquela equipe do Tottenham? Decisões precipitadas foram tomadas? Tudo isso entra no pacote.

É até difícil abordar o que foi Steven Pienaar no Tottenham. Não há momentos marcantes que gerassem alguma expectativa, ao que tudo indica não houve sacanagem de parte do jogador. Também não há muito o que escrever nesses casos… infelizmente.

Certamente, ele não foi a maior decepção que passou pelo clube, mas fez ou melhor dizendo, não fez o suficiente para que entrasse nesta mequetrefe série de textos que por mim foi proposta.

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Lucas Colenghi
Galo de Kalsa

Professor em aprendizado. Escritor frustrado. Torcedor corneteiro.