Borderlands e Replayability

Gustavo Dames
Game Clube
Published in
4 min readJun 10, 2022

Estive pensando recentemente no que nos faz voltar para jogos antigos, e resolvi baixar um jogo no qual eu tinha uma memória muito agradável da minha primeira jogatina: Borderlands. Recentemente, o jogo ficou gratuito na Epic Store, e com isso, bastante gente jogou Borderlands 3, porém, o que aquele jogo de 2014 tem a oferecer hoje, quase 8 anos depois?

Lembro de chegar da escola quando adolescente e ficar horas numa party do Xbox 360 conversando com amigos enquanto jogava. Quando era menor, não ligava muito para a história dos jogos — tanto por não saber falar inglês, quanto por achar muito mais interessante sair por aí dando tiro em quem aparecesse pela frente. Dessa vez, resolvi prestar um pouco mais de atenção no quão bem o jogo envelheceu. E já adianto: não muito bem.

Quando voltamos a jogar algo do nosso passado, esperamos ter uma experiência similar, escavar a serotonina que aquele jogo já nos produziu em algum momento, mas confesso que estive um pouco distante disso com Borderlands. O jogo ainda é engraçadinho, os personagens são caricatos mas a progressão é bem tediosa. As missões são sempre baseadas em ir e falar ou ir e matar, uma ou outra boss fight são divertidas e o resto do jogo é só você dirigindo, looteando ou pegando fast travel.

Quando pensamos em Replayability (ou o que faz um jogo ser re-jogável), pensamos em “o que fazer de forma diferente em uma segunda jogatina”, e em Borderlands, isso não muda muito. Embora tenhamos um sistema de classes (que se baseia na melhoria de armas como snipers, SMGs, rifles e corpo-a-corpo), criar outra classe para jogar uma outra vez não tem um impacto muito importante na gameplay como em Skyrim, por exemplo. O que muda, basicamente, é se seu combate será de longa ou curta distância.

Em dado momento do jogo, embora eu estivesse usando um personagem que me incentivasse a usar Rifles, eu optei por continuar jogando apenas com meu revólver pois, por mais que eu avançasse no jogo, nenhuma arma era tão forte como ela. A grande maioria dos inimigos morria com dois tiros se um fosse headshot, e o dano que ela infligia em chefes também era surreal. Pra mim, isso é um ponto bastante negativo do jogo, pois não existia nenhum incentivo para que eu trocasse de arma. A variação de “buffs” nas armas era interessante. Algumas queimavam, outras corroíam os inimigos e espalhavam a corrosão caso ele morresse, outras eram mais fortes contra shield mas ainda assim, o desbalanceamento de algumas armas específicas era bastante desmotivador para mim, pois embora eu passasse por dezenas de armas por missão, raramente alguma dessas era melhor que as que eu já possuía. A tal pistola era inclusive mais forte que RPGs e Snipers.

Pense em um jogo como Portal. Quanto tempo você levou em cada sala para resolver um puzzle? Algumas foram rápidas, outras bem demoradas, imagino. Porém, quando você zera esse jogo, ele não te apetece tanto a jogar novamente. É um jogo feito para isso. E quanto a Borderlands que possui um vasto mundo e um co-op, eu senti falta disso.

No geral, é uma experiência agradável para uma jogatina única. Segundo o site How Long to Beat, Borderlands possui uma campanha com em média 22h horas de gameplay, podendo se estender até 33h dependendo da quantidade de DLCs que você jogue. Hoje, em 2022, eu diria que vale sim a pena jogar, caso nunca tenha jogado. Talvez, hoje, a melhor memória que eu possa ter de Borderlands 1 sejam as piadas idiotas do Claptrap, os personagens enfadonhos e ter me apresentado a banda Cage the Elephant.

Gustavo Dames é graduando do curso de Produção Cultural pela Universidade Federal Fluminense, contador de histórias e membro do Game

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