Hexcrawl: os desafios da jornada

Quatro aventureiros vagam pela floresta nevada na alvorada do inverno. A frente se deparam com quatro corpos rígidos e pálidos. Não há sinal de fogo, nem borralhos. “Pobres coitados que derrotam dragões, mas caem pelo despreparo”.

Mapas hexagonais, encontros aleatórios, controle de recursos e a exploração dos ermos num mundo aberto. Hexcrawl é um estilo de jogo de RPG que prioriza a jornada.

Não é sobre o fim, é sobre o meio. Hexcrawl não é um sistema de jogo, é uma forma de jogar RPGs. A palavra de origem na língua inglesa refere-se à ideia de “exploração de hexágonos”, que, por si só, pode não dizer muita coisa inicialmente. Porém, a ideia desse estilo é dividir o mapa em hexágonos e, a partir disso, explorar o mundo ao redor. Uma pergunta que pode, eventualmente, acontecer é: por que hexágonos?
Usar uma malha de hexágonos sobre o mapa torna-se um grande facilitador na medida das distâncias na hora de pensar nas viagens pelo mundo a fora. Além disso, a forma hexagonal tem uma distância igual entre seu ponto central e suas seis arestas e um valor próximo entre o ponto central e seus vértices. Dessa forma, com um pequeno arredondamento, as escolhas tornam-se bastante amplas, com os jogadores podendo seguir distâncias equivalentes em praticamente todos os pontos cardeais.

Esse modelo de jogo valoriza um dos pilares clássicos dos jogos de RPG: a exploração. Inicialmente, define-se um ponto central de onde partirão os aventureiros em suas jornadas. Não é um jogo focado numa narrativa predeterminada e consistente digna de uma obra literária. Talvez possa até vir a ser, mas seu brilho está na jornada, no dia-a-dia dos aventureiros sobrevivendo em meio à hostilidade do ambiente e ao controle de recursos. Ruínas tomadas pela natureza, templos antigos abandonados, florestas com ecossistemas ricos em biodiversidade, regiões desérticas, tundras aterrorizantes e cavernas labirínticas.

Um jogo Hexcrawl está intimamente relacionado ao estilo sandbox, isto é, um mundo aberto e vivo onde o equilíbrio dos desafios com o nível do grupo não são relevantes. São as escolhas feitas pelos jogadores que os levarão até os desafios. Nada impede que um grupo queira invadir o covil de um dragão ancestral e tentar a sorte. O risco está por conta deles. Porém, é claro, desafios sempre que possível devem ser bem pautados pelos mestres de jogo, sob pena lesar a agência dos jogadores.

Enfim, uma viagem através dos hexágonos também tem como característica abraçar um pouco os elementos aleatórios. Costumeiramente, esses jogos têm tabelas e mais tabelas de eventos e encontros randômicos. Seja para determinar condições climáticas, a biodiversidade presente na região a até caravanas ou bandidos que vagam pela região.

Pegue um mapa hexagonal, junte seu grupo de aventureiros em um ponto de partida, use tabelas de eventos aleatórios partam numa longa jornada pelo mundo.