O que jogamos em 2021

As histórias que ficam quando olhamos para trás

Lucas Oliveira
Game Clube
9 min readDec 30, 2021

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Há um ano, quando estávamos prestes a sair do terrível 2020, a chegada de 2021 era uma grande incógnita. Em um contexto de ano novo em que não sabíamos quando veríamos vacinas em nossos braços, se teríamos festas juninas ou qual seria o próximo absurdo do governo federal, estávamos em um cenário onde ficar animado com um ano novo nunca havia sido tão difícil.

Corta para agora, final de dezembro de 2021 e, olhando para trás, é realmente difícil dizer que esse foi um baita ano. Sem dúvida alguma conseguimos ser minimamente mais otimistas do que estávamos 12 meses atrás, mas a luta continua. Ter que manter a cabeça e o coração no lugar é o que nos move, e é o que nos faz mais fortes.

Para nós, do Game Clube, pesquisar, falar e escrever sobre videogames são atividades diárias que fazem parte desta grande missão que foi sobreviver a 2021, e por isto escrevemos, à muitas mãos, notas sobre o que mais jogamos este ano. Ao mesmo tempo que os próximos parágrafos servem como indicações de títulos que você talvez possa se interessar, eles servem também como registro de mais um período fatídico, para o qual esperamos olhar um dia e relembrar dos bons momentos que esses jogos nos proporcionaram em meio a um verdadeiro caos global. O play continua.

Enquanto pesquisador de slow games, estou sempre procurando meu próximo “jogo calminho favorito”. Em 2021 esse título ficou com Cozy Grove, provavelmente o game que mais joguei esse ano. Foi muito bom passar horas e horas sendo um escoteiro espectral em uma ilha povoada por espíritos de ursos clamando por ajuda, algo que, quando dito em voz alta, parece remeter muito mais a um survivor horror do que a um cenário aconchegante (cozy). Na prática, é um dos jogos mais fofos do ano, e há muito o que fazer na ilha além de ajudar seus habitantes: desde personalizar sua personagem e sua tenda com centenas de itens desbloqueáveis até craftar objetos, plantar, cozinhar e resgatar memórias — tudo sempre acompanhado de uma excelente trilha relaxante. Uma sugestão: a experiência de jogo fica ainda mais incrível se você tiver uma xícara de chá ao seu lado. — por Lucas Oliveira(@oliveiration)

Como grande fã da franquia Final Fantasy sou suspeito para dizer, mas para mim o título de melhor jogo do ano vai para a expansão Endwalker de Final Fantasy XIV. Essa expansão fecha o arco da história iniciado lá em 2010, quando o jogo teve um início bem complicado e turbulento. Eu estava um pouco receoso com ela, admito, fiquei me perguntando se conseguiria fechar a história e amarrar tudo sem deixar buracos, mas conseguiria fazer isso com (quase) perfeição. A história possui diversos plot twists excelentes, uma trilha sonora incrível, cenários belíssimos e a jogabilidade foi atualizada de maneira que ficou fluida e agradável. O único problema são as diversas horas de conteúdo para chegar até ela, mas se você, assim como eu, adora uma aventura, seres místicos e um mundo riquíssimo, com certeza vai valer a pena! — por André Bottino (@megadeds)

Nos últimos tempos (e depois de muitos anos de vida que o League of Legends me tirou), eu concluí que de estressante já basta a vida e minha preferência por jogos mais calminhos tomou conta. Eu já era fã de Stardew Valley, então não foi surpresa para ninguém quando abracei completamente minha personalidade fazendeira de cidade pacata depois da última grande atualização em dezembro de 2020. O novo mundo, novos personagens, diálogos e minijogos que adicionaram à história só reacenderam meu amor. Antes dela, eu ficava satisfeita em crescer minha fazenda depois do fim das missões, passando horas e horas nas minas para conseguir itens bons, mas agora tudo recomeçou e é sempre um novo desafio. Esse jogo me traz sorrisos há anos e, nesses últimos meses, se tornou meu refúgio. Recomendo muito pra quem não quer se estressar e gosta de construir sua própria jornada nos jogos! — por Sarah Rebello (@sarirebello)

Mesmo não sendo muito fã de idle games, jogos de gerenciamento e jogos de carta, devo dizer que Loop Hero superou todas as minhas expectativas juntando todos esses gêneros. Como um simples guerreiro em um mundo totalmente mutável, e onde a memória se torna tão valiosa quanto deveria ser, seu personagem sai em uma expedição, luta contra monstros terríveis e fica mais forte, tudo para derrotar deidades poderosas e relembrar, pouco a pouco, do mundo que lhe foi tomado e, agora, totalmente esquecido. A ideia de criar um jogo onde seu personagem anda e batalha sozinho, enquanto seu dever, como jogador, consiste em “construir” o mundo perdido colocando (em forma de cartas) florestas, montanhas, covis de aranhas, mansões vampíricas e bosques vis, gerou uma gameplay inovadora e interessante para 2021. E não posso deixar de comentar a trilha sonora maravilhosa, que combina bem com o mistério do universo mergulhado no oblívio e o prazer de batalhar as poderosas entidades que apagaram o seu mundo, para tudo ser repetido no dia seguinte. — por Thiago Weber (@webergamota)

No geral, 2021 foi um ano atípico no que diz respeito aos meus hábitos de jogar videogame. Não comprei nenhum grande jogo lançado esse ano, além de ter jogado menos. Porém é aí que entra a mágica de It Takes Two. Desde quando foi lançado no início do ano, eu e um amigo observamos essa obra da Hazelight Studios de longe, apenas comentando timidamente sobre. Recentemente, com o The Game Awards 2021, o jogo venceu o maior prêmio do evento, sendo consagrado como “Jogo do Ano”. Com uma cópia do mesmo e o Passe de Amigo (funcionalidade que possibilita um dos jogadores entrar na sessão do outro sem ter uma cópia do jogo) em mãos, nós mergulhamos no mundo de It Takes Two. Além da nostalgia de jogar algo cuja progressão depende totalmente do trabalho em equipe (como era mais frequente quando criança), a trilha sonora, história e cenários nos encantaram o suficiente para ter certeza de que essa experiência será marcante quando terminarmos a nossa jornada. — por Gabriel Tomé (@gabrielddit)

Nesse ano foquei na minha jornada de completar todas as conquistas de 100 jogos na Steam até 31/12. Terminei no começo de dezembro e entre os 100 jogos casuais que joguei, alguns de qualidade duvidosa, o que mais me chamou atenção foi o de terror psicológico Milk inside a bag of milk inside a bag of milk. É uma visual novel que você precisa ajudar uma garota a ir comprar leite. Parece uma tarefa simples para você? Se sim, entre no mundo dela e tente ajudá-la. Uma continuação do jogo foi lançada recentemente e como uma pessoa que já enfrentou dificuldades em ir comprar leite, estou ansioso para poder jogá-la em 2022. — por Jun Watanabe (@ki_spring)

Em 2021 League of Legends: Wild Rift foi lançado, depois de muito tempo querendo jogar LoL pude experimentar no celular. Apesar do estresse de querer melhorar cada vez mais e subir de elo, o jogo me rendeu longas horas de risadas e memes, sozinha ou com amigos. Também tive a oportunidade de jogar no cenário competitivo com time INTZ A2E. — por Lu Alves (@98.luizy_senju)

2021 foi meu momento de voltar à jogatina! Desde junho tive a oportunidade de novamente ter um Xbox One em mãos depois de dois anos, o que me incentivou a voltar às atividades. Eu poderia ter escolhido jogar títulos mais recentes, mas para mim não há nada mais reconfortante do que um bom e velho RPG de inspiração medieval. Então comecei a jogar The Witcher 3: Wild Hunt!

Eu particularmente gosto não só a franquia de jogos, como dos livros, da série, cuja segunda temporada estreou no dia 17 de dezembro deste ano, e da animação The Witcher: A Lenda do Lobo, que conta a história de Vasemir. Jogar um jogo cuja história e universo eu já tenho intimidade e carinho, ainda mais um jogo premiadíssimo, tem sido uma oportunidade de rememorar antes de seguir com os próximos episódios do seriado, e também um gostinho enquanto espero pela série Blood Origins. Isso é algo que eu recomendo a todos. Gostou da série, do filme, ou do videogame? Conheça outras mídias e narrativas do universo!

Sobre o jogo em si, ainda que a história principal já nos envolva de forma incrível, a quantidade de side quests em The Witcher 3 — algo que eu particularmente gosto muito em RPGs — e o fato de que todas elas podem ter impacto em um dos 36 finais possíveis, é um aspecto que me incentiva a seguir jogando. Além disso, para um jogo de 2015, The Witcher 3 também deve ser lembrado por sua beleza. Por diversas vezes eu e meu namorado (que tem jogado junto comigo) paramos e apreciamos os lindos e poéticos cenários do jogo. Mesmo após seis anos de existência, The Witcher 3 continua sendo uma experiência essencial para qualquer jogador que curta o gênero, e um título relevante para quem pretende estar por dentro de todo o universo de Wiedźmin. — por Dara Coema (@lixoeletr0nico)

A Nintendo vem lembrando que é uma das melhores desenvolvedoras de jogos que existe. Depois do flop do Wii U, o Switch vem sendo um dos melhores consoles da casa. Nele já tivemos The Legend of Zelda: Breath of the Wild (que é o único jogo de mundo aberto de verdade, mas isso é papo para outro momento), Super Mario Odyssey e agora temos Metroid Dread. Samus voltou com tudo nesse capítulo da franquia que começou lá nos anos 80 e trouxe a primeira protagonista mulher em um jogo. Samus segue a sua saga contra os Metroids, agora sendo levada para o planeta ZDR. O jogo mostra toda a evolução da franquia e mostra porque o gênero se chama Metroidvania. Se perder pelo planeta ZDR é um prazer ímpar e as doses de survival horror (Sim! Survival Horror em um jogo da Nintendo!) são mais do que bem vindas e geram tanta tensão que o jogador só quer saber de passar o mais longe possível dos Emmi. Supostamente esse é o último capítulo da saga de Samus contra os Metroids, mas já estamos aguardando Metroid Prime 4. Resta saber o que Samus enfrentará no futuro. E eu com certeza estarei com ela. — por Pedro Wajsfeld (@mrmister_wajsfeld)

Para quem gosta de jogos com um ritmo acelerado, Apex Legends é uma ótima pedida. Um Battle Royale com personagens únicos tanto em relação ao gameplay quanto às suas respectivas histórias e personalidades, que mistura técnica e precisão na pontaria, agilidade nos dedos para se movimentar e realizar manobras, raciocínio e estratégia para o posicionamento e rotações nos vários ambientes e cenários de combate espalhados pelo mapa, e por último, mas não menos importante, confiança e trabalho em equipe para superar alguma situação desvantajosa ou esmagar o esquadrão adversário naquele rush final quando não tem mais pra onde correr!

O jogo vai desafiar suas habilidades individuais, sua capacidade de tomar decisões e a sua comunicação com os companheiros de equipe, tudo isso no calor do combate, que dependendo da sua “sede de sangue”, pode durar a partida toda com você saindo de uma treta e já se jogando na próxima. E para aqueles que precisam de um tempo pra respirar entre os momentos de ação, o estilo de jogo mais estratégico também tem seu lugar ao sol, com o foco na movimentação pelo mapa e na escolha dos terrenos favoráveis para cada uma das lendas que compõem o time.

Seja você o “berserker” que se esconde atrás de uma caixinha pra se curar no meio do fogo cruzado, ou o camper que fica na segurança do high ground se aproveitando das oportunidades que aparecem, a diversão é garantida, e como todo bom battle royale, não tem esperas milenares na fila entre uma partida e outra: morreu, volta pro lobby, entra na fila e em poucos minutos você já está mergulhando de cabeça (literalmente) na próxima partida. — por André Luiz Brandão (@sirandreluiz)

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Lucas Oliveira
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Media Student; Video Game Researcher; Digital Product Professional.